O estilo neo-românico descreve a edificação do antigo Brasilianische Bank für Deutschland, na época, em moda na arquitetura da Alemanha. O prédio foi construída em 1897 e parte da sua fachada original sobrevive em meios aos acréscimos recebidos nos anos seguintes. A ala voltada para a Rua Três de Dezembro foi construída entre 1910 e 1914 (autoria de Augusto Fried), o terceiro andar foi implementado em 1963.
Segundo Juan Esteves e Antônio Carlos Abdalla (2013), o banco funcionava no térreo e os pavimentos superiores eram ocupados por residência particular (provavelmente, na época, pelo diretor da instituição).
A edificação, idealizada por Guilherme Krug & Filhos, foi uma das primeiras em São Paulo a utilizar blocos de granito lavrado em sua construção. Atualmente, a sua estrutura é feita de concreto e alvenaria de tijolos e o prédio possui quatro pavimentos.
Ao final do século XIX e início do século XX, foram elaborados planos de alinhamento para as ruas da cidade e muitos projetos arquitetônicos ou de reformas não foram autorizadas pela Comissão Técnica de Melhoramentos, pois, as propriedades estavam sujeitas ao recuo, para a ordenação do traçado urbano. No entanto, foram abertas exceções, entre elas, para a ampliação do Banco Alemão (década de 1910), como demonstram os arquivos da "Diretoria de Obras / Obras Particulares", disponíveis, no Arquivo Histórico Municipal Washington Luís:
"A fachada do novo Banco, que tem a altura aproximada da Casa Garraux, vem complementar a curva formada pelos prédios acima mencionados, curva esta que longe de ser prejudi cal à perspectiva da rua é um de seus elementos de beleza e de interesse - afastando-se da monotonia e banalidade dos Boulevards traçados a régua e esquadro"
[Arquivo Municipal Washington Luís, fundo "Diretoria de Obras", série "Obras Particulares", vol. 37, fls. 49-50. IN: BARBUY, Heloisa. A Cidade-Exposição: comércio e cosmopolitismo em São Paulo, 1860 – 1914. São Paulo: Edusp, 2006, p.45.]
No caso da Rua XV de Novembro, o "projeto" de alinhamento da rua começou em 1901, porém, não seguiu regras tão rígidas, pois, a medida em que novas construções surgiam, foram proprostos alinhamentos parciais, alternativos, com o objetivo de reduzir os gastos da prefeitura com as expropriações.
Por exemplo, no caso do Banco Alemão, para "retificar" a Rua XV de Novembro, a remoção de detalhes da fachada, não seriam suficientes para dar o recuo necessário para o alinhamento; aliás, nem mesmo a remodelação das fachadas de seus vizinhos, a Casa Garraux e o Edifício Progradior, alinhariam uniformemente a via pública. Diante desse impasse, a Diretoria de Obras Municipais optou por manter as fachadas e com relação à ampliação do Banco Alemão, a saída foi
"procurar uma solução de canto para o acréscimo a ser erguido pelo banco na esquina das Ruas Quinze e Boa Vista (hoje Três de Dezembro) que disfarçasse o avanço das três construções. A solução de concordância adotada (...) somente se tornou efetiva depois de o Prefeito Antônio Prado (1840-1929) ter ido ao local e verificado pessoalmente que a proposta era de fato a mais conveniente do ponto de vista estético."
[CAMPOS, Eudes (organizador). Arquivo Histórico de São Paulo: história pública da cidade. São Paulo: Divisão do Arquivo Histórico de São Paulo / Imesp, 2011, p.212.]
Durante a II Guerra Mundial, infelizmente, o edifício foi parcialmente destruído, alvo de vandalismo. Entre os anos de 1939 e 1945, aumentaram os números de bancos nacionais em detrimento dos bancos estrangeiros. Como descreve o próprio Deutsche Bank, em seu site:
"a declaração de guerra representou a paralisação de todos os negócios entre o Brasil e os países que compunham o Eixo, entre eles a Alemanha". Em 1942,"são nomeados interventores para encerrar suas atividades" e somente em 1955, o "Deutsche Ueberseeische Bank volta a operar no Brasil, com um escritório de representação em São Paulo".
[Website: Deutsche Bank]
Um livro que fala sobre as atividades "ilícitas" de alguns funcionários do banco, durante a guerra, a favor do partido nazista é "Caça às suásticas: o Partido Nazista em São Paulo sob a mira da polícia política", de Ana Maria Dietrich. Em sua pesquisa, a autora discorre sobre a relação entre o Banco Alemão Transatlântico e o Partido Nazista e, segundo a mesma, oito funcionários estavam diretamente ligados ao partido: Otto Braun, Martim Spremberg, Kurt Krahmer, Erwin Tietgen, Edgar Paulo Cramer, Bruno Hoppe, Roland Camil Braun e Kur Wendell e outros quatro, indiretamente ligados: Adolph Dobler, Hans Kedor, Werner Stein e Schafer:
Caça às suásticas:
o Partido Nazista em São Paulo sob a mira da polícia políticaEsta produção resulta do inventário do Fundo DEOPS/SP desenvolvido pela equipe de pesquisadores do PROIN - Projeto Integrado Arquivo do Estado/USP - , que, desde 1996, tem contribuído para a construção do conhecimento histórico acerca do exercício moderno do poder por meio das instituições públicas. Representa uma conquista que diz respeito ao direito à memória. Expressa o retorno ao Estado de Direito que restabelece as garantias individuais e as liberdades públicas, entre as quais o direito à informação e à livre circulação de idéias.... [+]
ABDALLA, Antônio Carlos, ESTEVES, Juan. Capital - São Paulo e Seu Patrimônio Arquitetônico. São Paulo: Imesp, 2013.
BARBUY, Heloisa. A Cidade-Exposição: comércio e cosmopolitismo em São Paulo, 1860-1914. São Paulo: Edusp, 2006.
BENS CULTURAIS ARQUITETÔNICOS NO MUNICÍPIO E NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO. São Paulo: SNM – Secretaria de Estado dos Negócios Metropolitanos, EMPLASA – Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo S/A e SEMPLA – Secretaria Municipal de Planejamento, 1984.
CAMPOS, Eudes (org.). Arquivo Histórico de São Paulo: história pública da cidade.São Paulo: Divisão do Arquivo Histórico de São Paulo / Imesp, 2011.
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