Moyarte. Mônica Yamagawa.
Mônica Yamagawa
Home: página inicialMoyarte: perfil no FacebookMoyarte: perfil no InstagramMoyarte: perfil no Twitter
contato@moyarte.com.br

Centro de São Paulo

Antônio Gonçalvez da Silva Batuíra

dicionário online sobre o centro de são paulo

atualizado em: 16 de setembro de 2020

 

home > dicionário > Antônio Gonçalvez da Silva Batuíra

 

Antônio Gonçalves da Silva nasceu em 26 de dezembro de 1838, em Portugal (Vila Meã, freguesia de São Tomé do Castelo, de Vila Real). Mudou-se para o Brasil, com 12 anos de idade, chegando no Rio de Janeiro no dia 3 de janeiro de 1850. Já no site Espiritualidade e Sociedade, a informação é de que ele nasceu em 19 de março de 1839, na Freguesia das Águas Santas (Portugal).

Segundo as informações do site da Federação Espírita Brasileira,

"Seu nome de origem era Antônio Gonçalves da Silva, entretanto, devido a ser um moço muito ativo, correndo daqui para acolá, a gente da rua o apelidara 'o batuíra', o nome que se dava à narceja, ave pernalta, muito ligeira, de voo rápido, que frequentava os charcos na várzea formada, no atual Parque D. Pedro II, em S. Paulo, pelos transbordamentos do rio Tamanduateí. Desde então o cognome Batuíra foi incorporado ao seu nome."

[ANTÔNIO GONÇALVEZ DA SILVA (BATUÍRA). Federação Espírita Brasileira, S.D.]

 

Segundo o site Espiritualidade e Sociedade, morou no Rio de Janeiro por três anos e mudou-se para Campinas/SP, onde trabalhou, por anos, nas lavouras da região.

"Convivendo com os acadêmicos de Direito do Largo de São Francisco passou a dedicar-se à arte teatral: montou pequeno teatro à rua Cruz Preta (depois denominada rua Senador Quintino Bocaiúva). Quando aparecia em cena, BATUÍRA era aplaudido e os estudantes lhe dedicavam versos como estes: "Salve grande Batuíra/Com seus dentes de traíra/Com seus olhos de safira/Com tua arte que me inspira/Nas cordas de minha lira/Estes versos de mentira.

Àquela altura da sua vida passou a fabricar charutos, o que fez prosperar as suas finanças. Adquiriu diversos lotes de terrenos no Lavapés, onde construiu sua residência e, ao lado, uma rua particular de casas que alugava aos humildes e que hoje se chama Rua Espírita."

[OLIVA FILHO, Apolo. A Vida Surpreendente de Batuíra. Espiritualidade e Sociedade. Disponível em: < http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/O_autores/ OLIVA_FILHO_Apolo_tit_Vida_surpreendente_de_Batuira-A.htm >. Acesso em: 16 Set. 2020.]

 

Sobre o teatro, Antonio Barreto do Amaral (2006) fornece informações adicionais: o "teatrinho" funcionaou entre 1860 e 1870, na Rua da Cruz Preta, número 10 (hoje, Rua Quintino Bocaíuva), no trecho entre a Rua do Jogo da Bola (Rua Benjamin Constant) e Rua da Freira (Rua Senador Feijó).

"Sua pequena platéia e uma única ordem de tribunas não comportavam mais do que duzentos espectadores, quase sempre estudantes da Academia de Direito, entre os quais assiduamente eram vistos Martinho Prado Júnior, Domingos Marcondes e Souza Lima, e, por vezes, o futuro Barão do Rio Branco."
(...)
No teatro, ao levantar-se o pano, era recebido com palmas calorosas, e gritos que enchiam a sala, enquanto os estudantes declamavam esta sextilha, provavelmente de Bernardo Guimarães

Salve! Grande Batuíra!
Com teus dentes de traíra,
Com teus olhos de safira
Com tua arte que me inspira,
Nas cordas da minha lira,
Estes versos de mentira!

[AMARAL, Antônio Barreto do. História dos velhor teatros de São Paulo. São Paulo: Imesp, 2006, p. 111-112.]

 

Batuíra foi um dos pioneiros do Espiritismo no Brasil. Fundou o "Grupo Espírita Verdade e Luz", onde, em 6 de abril de 1890, dava início a uma série de palestras explicativas sobre "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Adquiriu uma pequena tipografia, batizada de "Tipografia Espírita", lançando em 20 de maio de 1890, uma publicação quinzenal com quatro páginas: a "Verdade e Luz", posteriormente transformada em revista, ocupando o cargo de diretor responsável até sua morte. A tiragem do periódico era inicialmente de 2 ou 3 mil exemplares, chegando a 15 mil, um volume significante naquela época, quando nem os jornais diários ultrapassavam a casa dos 3 mil exemplares.

Anúncio da revista espírita fundada por Batuíra: Verdade e Luz

[Correio Paulistano, n. 10.116, 29 Mai. 1890.]

 

"Nessa tarefa gloriosa e ingente Batuíra despendeu sua velhice. Era de vê-lo, trôpego, de grandes óculos, debruçado nos cavaletes da pequena tipografia, catando, com os dedos trêmulos, letras no fundo dos caixotins."

[ANTÔNIO GONÇALVEZ DA SILVA (BATUÍRA). Federação Espírita Brasileira, S.D.]

 

Batuíra casou-se com Dona Brandina Maria de Jesus e com ela teve seu filho Joaquim Gonçalves Batuíra. Após sua morte, casou-se com Dona Maria das Dores Coutinho e Silva (do segundo casamento teve um filho, que morreu aos 12 anos de idade). Adotou uma criança paralítica e com deficiências mentais em 1888. Defendeu a abolição da escravatura, abrigando e alforriando vários escravos em sua residência.

"Na sua casa a caridade se manifestava em tudo: jamais o socorro foi negado a alguém, jamais uma pessoa saiu dali sem ser devidamente amparada, havendo mesmo muitas afirmativas de que 'um bando de aleijados vivia com ele'. Quem ali chegasse, tinha cama, mesa e um cobertor. Certa vez, um desses homens que vivia sob o seu amparo, furtou-lhe um relógio de ouro e corrente do mesmo metal. Houve uma denúncia e ameaças de prisão. A esposa de Batuíra 1amentou-se, dizendo: É o único objeto bom que lhe resta. Batuíra, porém,impediu que se tomasse qualquer medida, afirmando: Deixai-o, quem sabe precisa mais do que eu."

[ANTÔNIO GONÇALVEZ DA SILVA (BATUÍRA). Federação Espírita Brasileira, S.D.]

 

As informações sobre a biografia de Batuíra foram obtidas no site da Federação Espírita do Brasil, esta, por sua vez, utilzou como fonte a publicação: "Grandes vultos do Espiritismo - A vida surpreendente de Batuíra", de Apolo Oliva Filho e Boletim SEI n. 2149, ed. Lar Fabiano de Cristo.

Em sua obra "Ruas e tradições de São Paulo" (1966), Gabriel Marques, dedicou um capítulo "O diabo e a rua espírita" sobre a "lenda" do Doutor Batuíra, o Espírita". Descrevendo o sincretismo religioso, o atendimento na "tenda", as pessoas que procuravam por soluções para seus problemas, incluindo "gente da alta política, das altas finanças e do alto comércio" e as "senhoras e senhorinhas de destaque na sociedade que sempre conseguiam uma jeitinho manhoso para uma consulta sobre seus líricos romances" (Marques, 1966, p. 198)

 

 

referências bibliográficas

AMARAL, Antônio Barreto do. História dos velhor teatros de São Paulo. São Paulo: Imesp, 2006

ANTÔNIO GONÇALVEZ DA SILVA (BATUÍRA). Federação Espírita Brasileira, S.D.

MARQUES, Gabriel. Ruas e tradições de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1966.

OLIVA FILHO, Apolo. Grandes vultos do Espiritismo - A vida surpreendente de Batuíra. Boletim SEI, nr. 2149. Editora Lar Fabiano de Cristo.

OLIVA FILHO, Apolo. A Vida Surpreendente de Batuíra. Espiritualidade e Sociedade. Disponível em: < http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/O_autores/ OLIVA_FILHO_Apolo_tit_Vida_surpreendente_de_Batuira-A.htm >. Acesso em: 16 Set. 2020.

 

verbetes individuais

[clique nas letras para acessar a listagem de verbetes disponíveis]

 

 

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

K

L

M

N

O

P

Q

R

S

T

U

V

W

X

Y

Z

 

 


 

 



história do centro de são paulo: cronologia

Informações sobre a história do Centro de São Paulo organizadas por séculos e divididas por décadas para facilitar a pesquisa.

[+] leia mais

história do comércio do centro de são paulo

Informações sobre estabelecimentos comerciais, bancários, educacionais e outros relacionados ao setor terciário, que existiram no Centro de São Paulo, assim como, estabelecimentos históricos que ainda funcionam na região.

[+] leia mais

dicionário online sobre o centro de são paulo

Verbetes sobre o Centro de São Paulo: moradores, estabelecimentos comerciais, edificações, entre outros.

[+] leia mais

história dos logradouros do centro de são paulo

Informações sobre os logradouros localizados no Centro de São Paulo, incluindo os que desapareceram com as alterações urbanas realizadas desde a fundação da cidade.

[+] leia mais

biblioteca online sobre o centro de são paulo

Indicações de livros, artigos, sites, vídeos sobre o Centro de São Paulo.

[+] leia mais

patrimônio cultural do centro de são paulo

Informações sobre bens tombados, legislação, tombamento do Iphan, Condephaat e Conpresp. Notícias sobre os bens tombados. Projetos de requalificação urbana e preservação do patrimônio cultural tombado.

[+] leia mais

home            sobre o moyarte            contato