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atualizado em: 25 de janeiro de 2021

 

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Instalada em 23 de agosto de 1890, na Rua do Rosário. A Bolsa Livre foi uma iniciativa de Emílio Rangel Pestana.

"Emílio fundou a Bolsa numa época em que reinava no país a euforia do período conhecido como Encilhamento. O termo 'encilhamento' até parece ter saído de algum manual de economia mas, na verdade, teve sua origem nas rodinhas que se formavam no Jockey Club, junto ao local onde eram encilhados os cavalos de corrida. Ali, o ritmo febril das apostas era o mesmo que se verificava na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, onde a especulação corria solta. O ministro da Fazenda, Roy Barbosa, promovia a emissão descontrolada da moeda - o real ou os réis - o que tornava o crédito fácil e abundante para todo o tipo de empreendimento. O país conheceu um boom econômico que, evidentemente, não durou muito tempo."

[CAVALCANTI, Pedro, DELION, Luciana. São Paulo, a juventude do centro. São Paulo: Conex, 2004, p. 138.]

 

O pregão, naquele período, começava às 14h e terminava às 14h30. As anotações que registravam a movimentação dos negócios eram realizadas em um quadro negro: "50 ações do Banco Provincial, 55 do Banco Ítalo-Brasileiro, 104 da Companhia Ferrocarril" [CAVALCANTI; DELION, 2004, P. 138]. A Bolsa Livre contava com 51 sócios-fundadores e as suas assinaturas mensais eram os recursos utilizados para o seu funcionamento.

A ilusão de enriquecimento fez com que a Bolsa Livre promovesse 207 novos empreendimentos entre 1890 e 1891: 45 permaneceram no papel e não foram sequer instaladas, 65 foram dissolvidas até o ano de 1895. Entre elas, a Companhia Melhoramentos - inicialmente editora, tornou-se grande fabricante de papel -, a Companhia Antarctica Paulista, a Companhia Matarazzo, Companhia da Fiação e Tecidos Anhaia Fabril, foram algumas das que prosperaram, porém, a maioria foi liquidada - Companhia Mecânica e Manufatora de Chapéus, Companhia Paulista de Cortumes e Fabricação de Calçados; os Bancos Melhoramentos, Hipotecário, Construtor Agrícola e do Estado.

Ao fechar o pregão em 31 de outubro de 1891, Emílio Rangel Pestana demonstrava desânimo:

" 'Peço desculpas a todos,' - escreveu ele na ata de reunião dos corretores. 'Fiz o que pude, se não fiz melhor não foi porque me faltasse boa vontade ou dedicação. Está fechada a Bolsa Livre."

[CAVALCANTI, Pedro, DELION, Luciana. São Paulo, a juventude do centro. São Paulo: Conex, 2004, p. 138.]

 

Entre os sócios-fundadores da Bolsa Livre estavam nomes importantes como Antonio Prado, Prudente de Moraes, Marquês de Itu (Antônio Aguiar de Barros), Antonio Proost Rodovalho, Victor Nothman e Marquês de Três Rios (Joaquim Egídio de Sousa Aranha), porém, isso não foi suficiente para salvar o empreendimento.

"Em pouco mais de um ano, houve a desvalorização dos títulos, o que levou à redução dos negócios e ao desinteresse de muitos sócios pela Bolsa Livre"

[PORTA, Paula (org.). História da Cidade de São Paulo: a cidade na primeira metade do século XX 1890-1954. Volume 3. São Paulo: Paz e Terra, 2004, p. 221.]

 

Emílio Rangel Pestana precisou penhorar até os móveis de sua residência para saldar as dívidas, pois, muitos dos contribuintes da Bolsa Livre não cumpriram com suas quotas e as despesas recaíram sobre sua responsabilidade, como presidente da instituição.

 

 

referências bibliográficas

CAVALCANTI, Pedro, DELION, Luciana. São Paulo, a juventude do centro. São Paulo: Conex, 2004.

PORTA, Paula (org.). História da Cidade de São Paulo: a cidade na primeira metade do século XX 1890-1954. Volume 3. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

 

 

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