Centro de São Paulo

bucha

dicionário online sobre o centro de são paulo

atualizado em: 27de janeiro de 2021

home > dicionário > bucha

Sociedade secreta formada por estudantes e professores do Curso Jurídico do Largo de São Francisco.

"Ao que tudo indica, a Bucha seria um tipo de maçonaria - secreto, liberal, filantrópico -, esposando ideias liberais e republicanas. Com uma estrutura bem estabelecida, a sociedade funcionava sob a liderança de uma 'chaveiro', apoiado por um Conselho de Apóstolos e um outro dos Invisíveis. Ela teve uam atuação ímpar na formação dos alunos da Academia, por muitos decênios, apesar do seu caráter secreto e não passar de dez por cento do corpo discente da escola."

[MOTOYAMA, Shozo (org.). USP 70 Anos: imagens de uma história vivida. São Paulo: Edusp, 2006, p. 75.]

Criada por Júlio Frank, em 1831, o nome "bucha" veio de "Burschenschaft":

"Havia na cidade muitos estudantes apupérrimos que acabavam por cometer pequenos furtos a fim de obter algum dinheiro para sobreviver. A vontade de auxiliá-los era grande, e Franck, percebendo as boas intenções dos estudantes, teve a ideia de explicar-lhes como funcionava, na Alemanha, a Burschenschaft, em que a assist~encia aos estudantes pobres era assegurada pelos próprios colegas mais abastados, numa sociedade secreta cuja finalidade era evitar a exposição de quem ajudava, e não vexar quem recebia o auxílio."

[SIRIANI, Silvia Cristina Lambert. Uma São Paulo Alemã: vida cotidiana dos imigrantes germânicos na Região da capital (1827-1889). São Paulo: Imesp, 2003, p.104-105.]

As reuniões da Bucha ocorriam na casa de Pimenta Bueno, estudante da Academia de Direito; Júlio Franck ficou encarregado da elaboração dos estatutos e códigos morais da instituição. Para arrecadar mais fundos, foi criada, paralelamente à Bucha, a Sociedade Filatrópica, um gabinete de leitura para a promoção de bailes e festas beneficentes, em 4 de julho de 1830. Essa sociedade, composta por membros da elite, professores e alunos, assistiam juricamente estudantes presos por pequenas infrações, direcionavam crianças carentes aos seminários existentes em São Paulo; a ideia era a contar com a participação tanto dos alunos, como dos ex-alunos já formados pela Academia.

Segundo Siriani (2003, p. 105), "a tradição bucheira era liberal, replubicana e abolicionista", seu ingresso não ocorria de forma espontânea, por interesse da parte do estudante; os membros da sociedade observavam os alunos, seus comportamentos e após aprovação, o futuro novo integrante era convidado para compor a sociedade.

Os membros, segundo Barreto do Amaral (2006, p. 126),

"eram escolhidos entre os acadêmicos que revelassem firmeza de caráter, espírito filantrópico, amor à liberdade e aos estudos."

[AMARAL, Antonio Barreto do. Dicionário de história de São Paulo. Coleção Paulística. Volume XIX. São Paulo: Imesp, 2006, p. 126.]

referências bibliográficas

AMARAL, Antonio Barreto do. Dicionário de história de São Paulo. Coleção Paulística. Volume XIX. São Paulo: Imesp, 2006.

MOTOYAMA, Shozo (org.). USP 70 Anos: imagens de uma história vivida. São Paulo: Edusp, 2006.

SIRIANI, Silvia Cristina Lambert. Uma São Paulo Alemã: vida cotidiana dos imigrantes germânicos na Região da capital (1827-1889). São Paulo: Imesp, 2003.