Segundo Washington Luís (1980, p. 152), ao registrar as informações sobre os conflitos com os índios no século XVI, menciona Afonso Sardinha (velho ou pai) e publica alguns dados sobre o filho (também conhecido como "Afonso Sardinha, o moço"):
"Quando foi nomeado capitão para entrar ao sertão, em 1592, Afonso Sardinha, o velho, fez o seu extenso testamento, lavrado por tabelião, a 2 de Novembro desse ano, e nele declara que do seu casamento com Maria Gonçalves (...) não houve filhos, não tendo ele herdeiros forçados, pois que Afonso Sardinha, o moço, seu filho, foi havido na constância do matrimônio. Era portanto adulterino, sem direito a herdar.
Casado com Maria Gonçalves, deixou-a herdeira de todas a sua fazenda 'a porta fechadas' e, de combinação com ela, todos os bens do casal, após a morte de ambos, ficariam aos jesuítas. Nomeou-a testamenteira juntamente com o irmão Baltasar Gonçalves, seu cunhado, morador de S.Paulo.
Não morreu nessa entrada, durou até proximamente 1616.
Conhecidas a escassez feminina européia e a facilidade dos costumes indígenas. Afonso Sardinha, o moço, deveria ter sido mameluco. "
[LUIS, Washington. Na Capitania de São Vicente. Belo Horizonte: Itatiaia / São Paulo: Edusp, 1980, p. 152.]
De acordo com Washington Luís (1980, p. 153), o fato de pai e filho terem o mesmo nome, gera confusão e pelos manuscritos disponíveis para pesquisa, nem sempre é possível afirmar se os "feitos" realizados registrados como Afonso Sardinha, estão relacionados com o pai ou com o filho. A descoberta e exploração de minas de ouro paulista, ora é designada por antigos pesquisadores, como realizações do "velho", em outras como de "ambos" (para maiores detalhes, sugiro a leitura de: LUIS, Washington. Na Capitania de São Vicente. Belo Horizonte: Itatiaia / São Paulo: Edusp, 1980; a publicação informa maiores detalhes dos dados publicados pelos antigos pesquisadores, Az. Marques e Pedro Taques).
As pesquisas de Washington Luís (1980, p. 155) registram o envolvimento de pai e filho na extração de minas:
"A 19 de Julho de 1601 no regimento dado a Diogo Gonçalves Lasso determinou-lhe 'que não consentisse que pessoa alguma possa por ora ir às minas descobertas nem tratem de descobrir outras, salvo Afonso Sardinha, o velho, e Afonso Sardinha, o moço, aos quais deixo ordemdo que neste particular poderão fazer, que vos mostrarão, por serem os ditos descobridores pessoas que bem o entendem' (reg. Geral, Vol. 1o., fls. 123 a 125).
Em 1601 o representante do rei absoluto - Governador Geral do Brasil - proibiu a ida de qualquer pessoa às minas descobertas e as por descobrir. E, se permitiu a ida aos dois Sardinhas, deve-se concluir que também a eles podia proibir. Permitiu a ida dos Sardinhas às minas, não porque fossem eles delas proprietários, as porque eram descobridores e entendiam de minas."
[LUIS, Washington. Na Capitania de São Vicente. Belo Horizonte: Itatiaia / São Paulo: Edusp, 1980, p. 155.]
Ainda sobre o testamento de Afonso Sardinha, Washignton Luís destaca que no documento de 1592, ele declara que para
"(...) seu filho natural, Afonso Sardinha, o moço, já havia feito o que devia, dando-lhe 500 cruzados nos quais entravam 'as terras em que ele estava, em Amboaçava, as quais se estenderá da ribeira da aguada dos índios do forte até outra ribeira, que vem para Amboaçava, entrando pela mata adentro ali onde fiz minha demarcação'.
As terras doadas a Afonso Sardinha, o moço, estavam, pois, em Amboaçava e confrontavam com as do doador seu pai."
[LUIS, Washington. Na Capitania de São Vicente. Belo Horizonte: Itatiaia / São Paulo: Edusp, 1980, p. 156.]
Registrado nos rodapés da publicação de Washington Luís (1980, p. 157), há informações que Afonso Sadinha Filho (O Moço), tinha uma filha, Tereza que foi casada com Pero da Silva e um filho, chamado de Pero Sardinha (em outras parte do texto, nome aparece como Pedro Sardinha); em outros parágrafos do texto, há também a menção de outra filha: Luiza.
Afonso Sardinha, o moço, fez seu testamento em 1604, documento este reedigido pelo Padre João Alvres, no qual declarava possuir "80.000 cruzados em ouro em pó, que o tinha enterrado em botelhas de barro" (LUÍS, 1980, p. 160). Porém, Washington Luís questiona a veracidade da "fortuna" mencionada:
"Se Sardinha, o moço, fez testamento no sertão em 1604, parece que lá não morreu. Não consta que tivesse feito lá inventário dos bens de pessoa declarada tão rica. Segundo se pode deduzir do testamento de seu filho, Pero Sardinha, em 1615, ele provavelmente ainda vivia, já tendo, porém, morrido em 1616, quando foi feito inventário desse filho em S. Paulo, porque é ao avô que o juiz do inventário manda perguntar se quer nele herdar.
A extrema miséria em que morreu Pero Sardinha, mostra que ele nada herdou de seu pai Afonso Sardinha, o moço. Este, como todos os moradores de S. Paulo, nessa época, era pobríssimo. Nada teria ele deixado a sseus filhos; se tivesse deixado, Pero Sardinha no testamento não iria implorar ao avô a compra do filho da escrava Esperança. Ao contrário, declara ele que nada possui e, na falta de seu avô, é à sua irmã que implora a libertação da criança que ele tinha por seu filho, do mesmo nome, que seu pai e seu avô."
[LUIS, Washington. Na Capitania de São Vicente. Belo Horizonte: Itatiaia / São Paulo: Edusp, 1980, p. 161.]
Resumindo:
LUIS, Washington. Na Capitania de São Vicente. Belo Horizonte: Itatiaia / São Paulo: Edusp, 1980.
AMARAL, Antonio Barreto do. Dicionário de história de São Paulo. Coleção Paulística. Volume XIX. São Paulo: Imesp, 2006.
CAMPOS, Alzira Lobo de Arruda. Casamento e família em São Paulo colonial. Coleção São Paulo: volume 6. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Da taipa ao concreto: crônicas e ensaios sobre a memória da arquitetura e do urbanismo. São Paulo: Três Estrelas, 2013.
PORTA, Paula (org.). História da Cidade de São Paulo: a cidade colonial 1554-1822. Volume 1. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
RIBEIRO, Maria da Conceição Martins. A vida urbana paulistana vista pela administração municipal - 1562-1822. Barueri, SP: Minha Editora, 2011.
RODRIGUES, José Wasth. Documentário arquitetônico relativo à antiga construção civil no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia / São Paulo: Edusp,1979.
TAUNAY, Afonso de Escragnolle. São Paulo nos primeiros anos - 1554-1601. São Paulo no século XVI. Coleção São Paulo: volume 3. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
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