Texto e Fotografias de Mônica Yamagawa


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LIVROS SOBRE VICTOR BRECHERET

ESCRITOS SOBRE ARTE E MODERNISMO BRASILEIRO

Marta Rossetti Batista
Editora 34
2012

Este volume traz 25 textos da pesquisadora Marta Rossetti Batista, que antes estavam dispersos em periódicos, catálogos e outras publicações, sobre Mário de Andrade, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Sérgio Milliet, Lasar Segall, Brecheret e muitos outros personagens do modernismo brasileiro. A edição inclui ainda depoimentos sobre Marta Rossetti assinados por Aracy Amaral, Yone Soares de Lima e Ana Paula de Camargo Lima... [+]

 


EM CADA CANTO DE SAO PAULO UM ENCANTO DE BRECHERET

Sandra Brecheret Pellegrini
Noovha. 2004

Brecheret trabalhou em toda a sua vida com a arte de esculpir produzindo diferentes obras em diferentes tamanhos. Ao iniciar a idealização de uma escultura, esse artista estudava suas dimensões...[+]

 


ESCULTURAS NO ESPAÇO PÚBLICO EM SÃO PAULO

Miriam Escobar
CPA – Consultoria de Projetos e Artes
1998

São Paulo vista através de seus caminhos e os lugares por onde eles passam. Foi assim que a arquiteta Miriam Escobar organizou este seu trabalho em que as...[+]

 


BRECHERET - DESENHOS/DRAWS

Sandra Brecheret Pellegrini
Letras do Pensamento
2000

Este livro revela o lado delicado da escultura de Brecheret, retratando aquilo que podemos chamar de 'laboratório' ou seja o início da criação de uma obra, que pode ao mesmo tempo ser tão grande quanto um monumento, e tão pequeno que caberia na palma da mão do artista...[+]

 


CONTANDO A ARTE DE BRECHERET

Sandra Brecheret Pellegrini
Noovha América
2009

A Educação em arte só pode propor um caminho: o da convivência com as obras de arte. A Arte nos une, servindo de lugar de...[+]

 


BRECHERET A LINGUAGEM DAS FORMAS

Daisy Peccinini
Imesp
2011

Este livro visa representar o resultado de uma pesquisa sobre a vida e a obra de Victor Brecheret, no tempo e no espaço vivenciados pelo artista. Pretende-se debruçar sobre a História e a Crítica da Arte de modo sistemático sobre a sua obra, buscando oferecer uma perspectiva de conjunto de sua produção, em diálogo com as vozes do tempo...[+]

 


BRECHERET E A ESCOLA DE PARIS

Daisy Peccinini
FM Editorial
2011

Esta obra busca resgatar um período considerado importante na vida do artista, sua chegada à capital da França para incrementar o talento que lhe fora destinado. Nos anos que passou na Europa, Victor Brecheret chamou a atenção de nomes como Pablo Picasso e Émile-Antoine Bourdelle...[+]

 

 

 

OUTRAS OBRAS DO ACERVO DA
PINACOTECA DO ESTADO

 

TORSO DA SOMBRA

escultura de auguste rodin
pinacoteca do estado

A escultura "Torso da Sombra" foi doada para a Pinacoteca do Estado, em 1997, pela Associação dos Amigos da Pinacoteca. A obra de Auguste Rodin, em bronze, possui as dimensões de 99 X 68 X 34cm...[+]

 

 


TOALETE DE VÊNUS E ANDRÔMEDA

escultura de auguste rodin
pinacoteca do estado

"Toalete de Vênus e Andrômeda", de Auguste Rodin, foi adquirida pela Pinacoteca do Estado em 2001...[+]

 

 

 


RUBIÁCEA PAULISTA

escultura de giulio starace
pinacoteca do estado

A escultura "Rubiácea Paulista", de Giulio Starace, de 1935, foi doada à Pinacoteca do Estado por Carlos Julio de Bayeux Starace, em 1999. A obra, em bronze, possui as dimensões de 77 X 50 X 20cm...[+]

 

 

 

LIVROS SOBRE A HISTÓRIA E O ACERVO
DA PINACOTECA DO ESTADO

Livro: Arte Brasileira na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Disponível na Livraria Cultura

Arte Brasileira Na Pinacoteca do Estado de São Paulo

Taisa Helena Pascale Palares (organizadora)
Imesp
2010

Em 'Arte Brasileira na Pinacoteca do Estado de São Paulo' alguns críticos e historiadores nacionais fazem uma análise sobre as obras do acervo da Pinacoteca. Em 240 páginas ilustradas, o livro traz também um resumo das leituras monográficas apresentadas por especialistas em um ciclo de 16 conferências realizadas em 2003 e um registro histórico da arte brasileira e da Pinacoteca, desde a sua fundação. O livro inclui análises de mestres como Carlos Lemos, José Roberto Teixeira Leite, Luciano Migliaccio, Aracy Amaral e Tadeu Chiarelli, que analisam obras e artistas da arte brasileira - Almeida Junior, Pedro Américo, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Lasar Segall, Cândido Portinari, Anita Malfatti e Victor Brecheret...[+]

 


Pinacoteca 100 Anos destaque do acervo

Marcelo Matos Araújo
(organizador)
Pinacoteca do Estado
2005

A Pinacoteca do estado em São Paulo comemorou em 2005 o seu primeiro centenário de existência. Fundada em 1905, pelo governo do estado de São Paulo, a Pinacoteca é o museu de arte mais antigo em São Paulo...[+]

Edição usada disponível nos sebos da Estante Virtual

 


Pinacoteca do Estado: a história de um museu

Márcia Camargos
Marcelo Mattos Araújo
Pinacoteca do Estado
2007

Esta obra visa comemorar centenário da Pinacoteca do Estado e oferecer uma visão histórica do museu de arte de São Paulo. O livro traz imagens do espaço e das obras do museu...[+]

Edição usada disponível nos sebos da Estante Virtual

 

HISTÓRIA DA ARTE

BARCA

TEMPLO DA MINHA RAÇA

escultura de victor brecheret
centro de são paulo: pinacoteca do estado

atualizado em: 16 de março de 2017

 

home > centro de são paulo > BARCA - TEMPLO DA MINHA RAÇA

"Numa carta dirigida de Paris a Mário de Andrade a 29 de setembro de 1921 e hoje conservada no Arquivo Mário de Andrade do Instituto de Estudos Brasileiros da universidade de São Paulo, dizia Brecheret, em seu saboroso estilo macarrônico, estar 'trabalhando em um Fraghmento de um templo que penso construir alguns pedaços'. Concluído em menos de três meses, o original em gesso do fragmento - Os Vencedores (ou Os Conquistadores) - foi exposto com alguma repercussão no Salon d'Automne daquele mesmo ano mas, não se sabe por que, Brecheret logo em seguida abandonaria o projeto.

Do ponto de vista estilístico-formal, Fragmento do Templo de Minha Raça retoma a grosso modo um partido já desenvolvido na primeira maqueta do Monumento das Bandeiras, que lhe é anterior de um ano, e dá sequência à série daquelas obras de 'musculaturas ressaltadas', 'gestos retorcidos' e 'Macistes de biceps embolados' de que falou Mário de Andrade ao evocar em artigo de 1930 os inícios do escultor. Em que pesem suas evidentes qualidades artísticas e a mestria de que dão prova mais do que suficiente, todos esses titãs e esses bois de músculos retesados que puxam ou empurram um barco encalhado parecem-nos heróicos demais, grandiloquentes demais, atados à tradição demais; para o Brasil dos anos 20, porém, tanto o Fragmento quanto sobretudoa Mulher Reclinada ainda podiam representar certa novidade, acostumados como estávamos aos monumentos tipo bolo-de-noiva ou dó-de-peito e às estátuas regidas pelos rigores da correção anatômica e das proporções harmoniosas."

[LEITE, José Roberto Teixeira. "Notícias sobre Rodolfo Bernardelli, Ricardo Cipicchia e Victor Brecheret & dos sete bronzes ora incorporados à Pinacoteca do Estado". In: Fundições em bronze. Escultura Brasileira. Jornal do Acervo Permanente. Pinacoteca do Estado: Jun. / Jul. 1998, p.18.]

A escultura "Barca - Templo de Minha Raça", criada por Brecheret, por volta de 1921, foi doada pelo Banco Safra para o Acervo da Pinacoteca do Estado. O exemplar em bronze patinado foi executado pela Fundiart - Fundições Artísticas Ltda (Piracicaba/SP). A obra possui as seguintes dimensões: 44 x 24 x 180cm.

 

De Mário de Andrade para Anita Malfatti:
sobre Brecheret

Em 1926, Mário de Andrade escreve para Anita Malfatti sobre o “processo” de criação de Brecheret:

“Brecheret é um fatalizado. Não tem intenções. Não devaneia em críticas e preceitos estéticos: cria e nada mais. Pega o mármore e trabalha. Imagino que na cabeça dele quando ele principia trabalhando só passa uma ideia muito vaga: Vou fazer um cavalo, vou fazer uma Vênus e outras coisas assim. E faz. Não sai Vênus não sai cavalo nem nada, sai uma pedra estupenda com uma ideia muito vaga de figura de cavalo ou de mulher. Porém a pedra que ele inventou é u’a maravilha de força e comoção, uma coisa admiravelmente pedra, exprimindo pedra.... Depois de egípcios nunca vi um escultor compreender tão materialmente tão sensualmente a matéria da escultura... Ando entusiasmado, palavra.”

[BATISTA, Marta Rossetti. Escritos sobre arte e modernismo brasileiro. São Paulo: Prata Design, 2012, p.121-122.]

 

Alguns parágrafos sobre Victor Brecheret

Considerado o primeiro escultor moderno do país, Victor Brecheret nasce em Farnese de Castro, Itália, em 1894 e emigra para o Brasil, em 1904. Como descreve Marta Rossetti Batista:

“Brecheret tornou-se um paulistano típico daquele período da imigração em massa, e sempre se considerou e foi considerado pelos modernistas e pela família como brasileiro nato.”

[BATISTA, Marta Rossetti. Escritos sobre arte e modernismo brasileiro. São Paulo: Prata Design, 2012, p.118.]

Entre os anos de 1912 e 1913, inicia seus estudos na capital paulista, dedicando-se ao desenho, modelagem e entalhe de madeira, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

Ainda em 1913, muda-se para a Itália, onde permanece até o ano de 1919. Durante esse período, torna-se discípulo de Arturo Dazzi, interessando-se pelos trabalhos de Ivan Mestrovic, Rodin, entre outros.

Em 1916, com a obra “Despertar”, obtém o primeiro lugar na Exposição Internacional de Belas-Artes em Roma. A crítica da época destaca a influência de escultores como Rodin, Bourdelle e Mestrovic, nos seus trabalhos.

Em 1919, retorna para São Paulo, instalando seu ateliê em uma das salas do Palácio das Indústrias (espaço cedido por Ramos de Azevedo). Porém, antes, ainda na Europa, expõe suas obras na Mostra Degli Stranieri Allá Casina Del Pincio e, uma das peças, a “Medalha Comemorativa da Independência do Brasil”, é adquirida pelo Museu de Haya (Holanda).

Na capital paulista, seus trabalhos chamam a atenção dos escritores e intelectuais modernistas: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia e dos, então, caricaturistas, Di Cavalcanti e Helios Seelinger: 

“O encontro se deu em ocasião muito propícia, pois, pela primeira vez na cidade, discutia-se apaixonadamente a arte da escultura, discussão motivada pelos concursos para monumentos a serem erguidos em comemoração ao Centenário da Independência. Em oposição às propostas tradicionais, a obra expressiva e dramática de Brecheret, ainda que apresentando pequeno grau de inovação, impressionou os modernistas. E logo ‘começou a luta por Brecheret, nosso estandarte’, escreveria Mário de Andrade (1924). Os escritores, sobretudo Menotti Del Picchia, secundado por Oswald de Andrade, divulgavam o artista e suas obras e inspiravam-se nele na criação de seus romances.”

[BATISTA, Marta Rossetti. Escritos sobre arte e modernismo brasileiro. São Paulo: Prata Design, 2012, p.118-119.]

Influenciado pelo grupo modernista, projeta a maquete do Monumento às Bandeiras, em julho de 1920.

No ano seguinte (1921), “Eva” uma de suas esculturas expostas na Casa Byington é adquirida pela Prefeitura Municipal de São Paulo – a obra, atualmente, encontra-se exposta no Centro Cultural São Paulo. Como muitas das esculturas públicas na cidade de São Paulo, antes de “residir” no centro cultural, a obra de Brecheret foi instalada no Vale do Anhangabaú, onde permaneceu até 1976: 

“O aspecto sério da Eva contribui para dar a esta mulher uma certa expressão de mistério. Em que ela estaria pensando? Por que contorce o corpo dessa maneira? A estas perguntas o escritor Monteiro Lobato (1882 – 1948) respondeu à sua maneira: ‘A Eva de Brecheret possui essa alma, esse algo indizível, indefinível, imponderável, inclassificável, possui essa força misteriosa que, no observador, se traduz pela sensação augusta da obra-prima’.”

[PELLEGRINNI, Sandra Brecheret. Em cada canto de São Paulo um encanto de Brecheret. São Paulo: Noovha América, 2004, p.8.]

Ainda em 1921, recebe uma bolsa do Governo do Estado de São Paulo, viajando para Paris no mesmo ano, porém, deixando algumas esculturas para a Semana de Arte Moderna de 1922. Durante esta estadia, de cerca de dez anos, entra em contato com as obras de Brancusi e Bourdelle e, após essa segunda temporada europeia, segundo Sandra Brecheret Pellegrinni, suas obras passam a “ter superfícies mais uniformes e seus volumes ganharam expressão.[Pellegrinni, 2004, p.5]

Ainda em 1921, na França, expõe o “Templo da Minha Raça”, no Salão de Outono, sendo premiado um dos premiados entre os quatro mil concorrentes.

Em 1923, participa, novamente, do Salão de Outono e é premiado com a escultura “Sepultamento”. A obra é adquirida por Olívia Guedes Penteado e instalada no Cemitério da Consolação, quatro anos mais tarde.

Ainda na década de 1920, cria a “Musa Impassível”, para o túmulo de Francisca Júlia da Silva (poetisa paulista), no Cemitério do Araçá, encomendada pelo então senador Freitas Valle, pelo Governo do Estado de São Paulo. Em 2006, a escultura é transferida para o acervo da Pinacoteca do Estado, em seu lugar, é instalada uma réplica em bronze.

No ano seguinte (1924), novamente no Salão de Outono, apresenta “A Portadora de Perfume” –esta última, atualmente encontra-se no Jardim da Luz/Pinacoteca do Estado. Segundo conta Sandra Brecheret Pellegrini, Paris, no início do século XX, era um “mundo de despreocupação e luxo” onde até alimentos como pão-doce “eram servidos com agradáveis fragrâncias” – por isso, a obra ficou conhecida como “Madaleine au Parfum” – madalaine era um tipo de pão-doce local. [Pellegrinni, 2004, p.9]Escultura: A Portadora de Perfume, de Victor Brecheret, Pinacoteca do Estado, Jardim da Luz. Fotografia de Mônica Yamagawa

Apesar de visitas esporádicas ao Brasil, durante essa temporada parisiense, Brecheret, através de cartas, mantém Mário de Andrade informado sobre suas atividades, enviando para o poeta-escritor, fotos de suas obras, desenhos e críticas publicadas sobre seus trabalhos.

Em 1925, recebe uma menção honrosa por sua participação no Salão da Sociedade dos Artistas Franceses (Paris); expõe no Salão de Outono a escultura “Dançarina” e também participa da Exposição Internacional de Roma. 

Antes de retornar para São Paulo, onde permanece por cerca de um ano, expõe, novamente, no Salão de Outono (Paris). Durante o período, na capital paulista, é organizada a sua primeira exposição individual, em dezembro de 1926. Em carta para Anita Malfatti, Mário de Andrade conta que o resultado da exposição fora positivo: “vendeu tudo o felizardo”, escreve o escritor, ao mesmo tempo em que se lamenta por não conseguir comprar nenhuma obra, pois estava sem fundos financeiros para a aquisição, naquele momento: 

ando com saudades de uma Banhista gorduchinha e gostosa que tinha lá e não posso mais ver ela! Paciência” (1927).

[BATISTA, Marta Rossetti. Escritos sobre arte e modernismo brasileiro. São Paulo: Prata Design, 2012, p.122.]

Porém, anos antes, Mário de Andrade adquiriu a“Cabeça de Cristo”, e que, nas palavras do próprio autor de “Macunaíma”, serviu de inspiração para uma de suas mais famosas publicações: 

“Foi quando Brecheret me concedeu passar em bronze um gesso dele que eu gostava, uma Cabeça de Cristo, mas com que roupa!... fiz mais conchavos financeiros com o mano, e afinal pude desembrulhar em casa minha Cabeça de Cristo, sensualissimamente feliz. Isso a notícia correu num átimo, e parentada que morava pegado, invadiu a casa para ver. E pra brigar. Berravam, berravam. Aquilo era até pecado mortal!... Onde se viu Cristo de trancinha! Era feio! Era medonho! Maria Luisa, vosso filho é um ‘perdido’ mesmo.

Fiquei alucinado, palavra de honra... Depois subi para o meu quarto, era noitinha... Não sei o que me deu. Fui até a escrivaninha, abri um caderno, escrevi o título em que jamais pensara, Pauliceia desvairada. O estouro chegara afinal, depois de quase um ano de angústias interrogativas... em pouco mais de uma semana estava jogado no papel um canto bárbaro, duas vezes maior talvez que isso que o trabalho de arte deu um livro. (1942)”

[BATISTA, Marta Rossetti. Escritos sobre arte e modernismo brasileiro. São Paulo: Prata Design, 2012, p.120.]

Em 1927, cria “Diana Caçadora”, adquirida por Olívia Guedes Penteado e doada para o Teatro Municipal de São Paulo.

Expõe “Depois do Banho” e “Fuga Para o Egito”, no Salão dos Independentes, em 1929.

Em 1930, uma nova mostra individual de seus trabalhos é realizada em São Paulo.

Torna-se sócio-fundador da SPAM – Sociedade Pró-Arte Moderna, em 1932, participando, no ano seguinte, da primeira exposição organizada pelo grupo.

Em 1934, além de uma nova exposição individual, agora, no Rio de Janeiro, recebe a Cruz da Legião de Honra, título de Belas-Artes no Grau cavalheiro e uma de suas obras “Grupo”, é adquirida pelo governo francês para o Musée Du Jeu de Pomme.

Entanto isso, em São Paulo, Armando Salles de Oliveira, assume o compromisso de construir o “Monumento às Bandeiras”:

“Objetivando-se o andamento do processo, foi escolhido o local em que seria instalado o monumento. A região do Ibirapuera se apresentou como um sítio legítimo, pois a região fora propriedade dos bandeirantes: as terras do Virapoeira que se estendiam desde a região da Aldeia de Santo Amaro até as várzeas contíguas a Invernada dos Bombeiros... próximo ao caminho de Santo Amaro, atual área vizinha à confluência da Av. Brigadeiro Luis Antonio com Avenida Brasil.”

[ESCOBAR, Miriam. Esculturas no Espaço Público em São Paulo. São Paulo: CPA – Consultoria de Projetos e Artes, 1998, p.45.]

Uma nova exposição individual, em 1935, é organizada em São Paulo.

A partir de 1936, dedica-se ao projeto do Monumento às Bandeiras, que tem sua construção iniciada em 1946 e concluída em 1953. 

“Não há quem desconheça a concepção de Brecheret:  é uma arrancada de bandeirantes para a conquista da Terra Virgem. É um instantâneo da vida de uma Bandeira, apanhado com impressionante felicidade. Tudo ali é força, movimento e ação. Os homens, surpreendidos numa subida, caminham para o alto: é o idealismo paulista em ação. Alguns homens, ajudando com o braço a puxar o batelão, com o outro sustêm companheiros desfalecidos de fadiga ou de febre: é a solidariedade, indispensável para o triunfo. Dois bandeirantes, os chefes, vão na frente a cavalo: é o princípio da autoridade, o mais forte esteio da civilização que o comunismo tenta destruir. As figuras decrescem em tamanho: é a hierarquia, inseparável da disciplina, e um dos mais belos princípios da organização social, porque permite ao que está no ponto mais baixo ascender por si mesmo à posição mais alta. Na frente do grupo a grande figura da mulher que representa a terra virgem, em cuja conquista os bandeirantes partem, mostra que eles sabem o que querem e para onde vão: é o pensamento dominando a ação. Pela avenida Brasil, que dá acesso a todos os grandes caminhos de penetração ao Tietê e às estradas que levam ao Sul, ao Mato Grosso, a Minas e a Goiás saíram como sairão, grandes grupos de bandeirantes, que iniciarão uma nova etapa de sua obra, a serviço da Pátria"(No livro “São Paulo – Artes e Etnias” de Percival Tirapeli e Manoel Nunes da Silva, este trecho é mencionado como de autoria de Menotti Del Picchia, já no artigo “Luzes e Sombras Na Cidade – São Paulo na obra de Mário de Andrade”, de Monica Raisa Schpun, o trecho é descrito como parte da Mensagem do governador Armando de Salles Oliveira apresentada à Assembleia Legislativa de São Paulo a 9 de julho de 1936) [Schpun, 2003, p. 15-16] [Tirapelli, Silva, 2007, p.68]

[SCHPUN, Monica Raisa. "Luzes e Sombras Na Cidade – São Paulo na obra de Mário de Andrade". Revista Brasileira de História, vol. 23, nº 46, Dez. 2003, p.15-16. e TIRAPELLI, Percial, SILVA, Manoel Nunes da. São Paulo - Artes e Etnias. São Paulo: Unesp, 2007.]

Participa, em 1937, 1938 e 1939, do Salão de Maio.

Na década de 1940, durante a administração de Prestes Maia, várias obras são instaladas nos espaços públicos de São Paulo. Em 1942, Brecheret cria a escultura “Fauno” – atualmente no Parque Siqueira Campos, popularmente conhecido como Parque Trianon, na Avenida Paulista (São Paulo). Em 1943, é autorizada a execução do “Monumento a Duque de Caxias”, resultante de um concurso internacional realizado pela cidade – inicialmente, esta obra seria instalada no Largo do Paissandú, ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no entanto, uma década depois (1953), o governo percebe que as dimensões da obra são incompatíveis com o espaço e, no local, é instalada outra escultura: “Mãe Preta”, de Júlio Guerra. Em 1959, é autorizada a construção da obra de Brecheret, na Praça Princesa Isabel, cuja inauguração ocorre em 1960. [Escobar, 1998, p.37-39]

Em 1950, participa da XXV Bienal de Veneza.

Ganha o 1º. Prêmio Nacional de Escultura, na I Bienal de São Paulo, com “O Índio e a Suassuapara”.
Participa da XXVI Bienal de Veneza, do Salão do Museu de Arte Contemporânea da Universidade do Chile e do Salão de Maio (Paris), em 1952.

Em 1953, realiza a fachada e o interior do Jockey Club de São Paulo e, no ano seguinte, o“Monumento às Bandeiras”, finalmente,é inaugurado no dia 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo: 

“O monumento foi posicionado de maneira que as figuras escultóricas mantivessem o olhar em direção ao Pico do Jaraguá, no sentido do caminho de entrada dos bandeirantes pelo sertão. A escolha do lugar, coincidentemente, estava de acordo com as diretrizes do Plano de Avenidas de Prestes Maia. O plano contemplava a criação do Parque do Ibirapuera e o prolongamento da Avenida Brasil. O conceito estava definido: o conjunto escultórico seria o marco e o portal do Parque, sua entrada principal.”

[ESCOBAR, Miriam. Esculturas no Espaço Público em São Paulo. São Paulo: CPA – Consultoria de Projetos e Artes, 1998, p.45.]

Em 1954, realiza afrescos para a cidade de Osasco, “Três Graças” e “São Francisco”, e para a Capela Pararanga, em Atibaia.

Em 1955, participa da II Bienal de São Paulo, do Artistes Brésiliens (Paris).

Na década de 1950, reside em Osasco e trabalha em várias obras de inspiração “marajoara-indígena”, fase que marca o final de sua vida artística.

Victor Brecheret falece no dia 17 de dezembro de 1955.

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