Notícia publicada no Correio Paulistano de 2 de janeiro de 1856:
"GAZETILHA
Caixa filial
No dia 1o. do corrente anno installou-se caixa filial do banco do Brasil nesta provincia. Os membros da directoria são o Exm. Sr. barão de Iguape presidente da mesma diretoria, o Exm. Sr. Francisco Antonio de Souza Queiroz, Sr. commendador Jobim (? Joaquim) José dos Santos Silva, Exm. Sr. Br. (?) do Tietê, e o Sr. Thomaz Luiz Alves.
Os empregados da caixa são os Srs. José Thomaz Romeiro, gurda livros, Francisco de Assis Pinheiro e Prado tesoureiro, Dr. José Luciano da Silva Barbosa fiel do thesoureiro e cobradis, Dr. João Carlos da Silva Telles 1o. escriptuario e Lourenço Josephino Cardim porteiro e continuo. Ainda não está preenchido o lugar de 2o. escripturario porque tendo-se apresentado tres pretendentes a elle, dependendo a escolha das habilitações que mostrarem, o que se fará por meio de concurso.
São membros da comissõ de emissão o Exm. Sr. presidente da directoria, o director Sr. Thomaz Luiz Alves e o thesoureiro da caixa.
para a comissão de descontos forão nomeados para a primeira quinzena os Srs. senador Queiroz e Santos Silva.
Foi também nomeada uma comissão composta dos Srs. presidente da directoria e senador Queiroz para elaborarem o regimento intrno da caixa.
A taxa para descontos será de 9 por cento."
[Correio Paulistano, Anno II, Número 351: 2 de janeiro de 1856.]
"NOTAS DO BANCO DO BRASIL - No Jornal do Commercio de 25 encontramos:
'Em resposta a uma correspondencia transcripta nesta folha acerca do desconto que soffrem as notas do banco do Brasil em S. Paulo, communicão-nos o seguinte:
As notas do banco do Brasil só são recebidas em pagamento, nas estações publicas da côrte, e provincia do Rio de Janeiro, e portanto só ahi podem pagar todas as funcções do papel do governo, o ter curso como moeda. Os estatutos da caixa filial de S. Paulo impõe porém a este estabelecimento o dever de trocar sem premio ou agio algum, as notas do banco e as notas da caixa filial, que devem ser recebidas nas estações publicas da provincia.
Assim logo que essa caixa fôr instalada, o que deverá ter lugar no 1o. de janeiro do anno proximo, constará (? cobrará) o desconto que soffrem em S. Paulo as notas do banco do Brasil, porque os portadores dellas terão um meio fácil de convertel-as em papel fiduciario, que lerá curso na mesma provincia, na forma da lei que autorisou a organisação do banco.' "
[Correio Paulistano, Anno II, Número 351: 2 de janeiro de 1856, p.3-4.]
Este trabalho busca reconstituir a história do segundo Banco do Brasil, o banco da Ordem fundado em 1853. O segundo Banco do Brasil foi idealizado e concretizado pelo então ministro da fazenda Joaquim José Rodrigues Torres, futuro visconde de I oraí, considerado hoje o pai do Banco do Brasil nos dias de hoje e se inseria como braço financeiro, no projeto conservador de centralização e consolidação do Estado imperial. Este trabalho sugere que o banco foi resultado desse projeto político mais amplo levado a cabo pelos saquaremas. Embora fosse uma instituição privada, suas relações com o governo eram estreitas. Como cabia ao imperador nomear o presidente da instituição, seus olhos se faziam presentes no coração da máquina monetária e, em menor medida, creditícia da economia mercantil escravista brasileira. Era o banco o responsável pelo controle da oferta monetária da economia e para isso contava formalmente com o monopólio da emissão de notas bancárias em todo o império. Ao controlar tal oferta, o banco poderia regular a liquidez do mercado e a taxa de desconto...[+]