Em janeiro de 1875, Alexandre Planet anuncia a abertura de seu estabelecimento, na Travessa do Rosário, 10. O "bem sortido botequim", segundo anúncio publicado no Correio Paulistano, informa que haverá almoço às 9h da manhã e jantar às 3h da tarde (os horário podem ser estranhos se comparados com os dias atuais, porém, é importante lembrar que não havia iluminação elétrica na década de 1870, o que dificultava a circulação noturna pela cidade). Além das duas refeições, o estabelecimento oferece "café com leite, chocolate, chá" entre outros em qualquer horário do dia e da noite, além de "sala particular para pessoas que não quizerem (sic) ser vistas". No cardápio, "empadas de camarão" a partir das duas horas da tarde. No final do mês, além dos pastéis de camarão, o estabelecimento oferece "empadas de galinha, pasteis de carne, croquetes, comida a qualquer hora do dia".
Em fevereiro de 1875, além dos quitutes anunciados anteriormente, Alexandre Planet oferece "peixe de Santos" - lembrando que a ferrovia Santos-Jundiá foi inaugurada em 1867, facilitando o transporte entre a cidade de Santos e a capital paulista:
O anúncio acima também fornece uma informação interessante: a de que Alexandre Planet, proprietário do botequim é um cozinheiro conhecido na cidade.
No anúncio acima, além do cardápio já mencionado em publicações anteriores, o texto informa que os pratos de Alexandre Planet não são servidos apenas no estabelecimento, sendo possível comprar para o que nos dias de hoje, chamamos de "para viagem": "As familias que quizerem (sic) podem amandar procurar das duas horas em diante que as acharão promptas".
Em 1 de janeiro de 1876, o Botequim Paulistano anunciava seus serviços com detalhes no Correio Paulistano:
"Attenção
No Botequim paulistano, na travessa do Rosário, em frente ao telegrapho, comidas a qualquer hora do dia, haverá mesa redonda as 9 horas da manhã e as 3 horas da tarde chocolate e café: recebe-se qualquer encomenda que quizerem, por preço rasoável. Todos os domingos e dias santos haverá empadas e pastéis de camarão e outros petiscos que desejarem.
Hoje dia de Anno Bom, haverá empadas e pastéis de camarões; espera-se a concorrencia do Respeitavel Publico.
São Paulo, 1o. de janeiro de 1876."
[Correio Paulistano: 1 de janeiro de 1876.]
No Diário de S.Paulo, há uma nota sobre a filha "legítima" de Alexandre Planet e Catharina Planet, chamada Mathilde, que nasceu em 29 de fevereiro de 1876 e foi batizada no dia 13 de agosto de 1876, na Sé [Diário de S.Paulo, n.3233, 16 de setembro de 1876].
No "Indicador de São Paulo : Administrativo, Judicial, Industrial, Profissional e Comercial (SP) - 1878", está registrado na lista de "Lojas de molhados e generos do paiz": Alexandre Planet, Travessa do Rosário, 12 - anteriormente são mencionados Travessa do Rosário, números 1 e 10).
Em 1878, no obituário publicado no Correio Paulistano, há informação que no dia 23 de dezembro foi sepultada "Regenia, preta, 18 mezes, filha de Alexandre Planet", que faleceu de "catarro suffocante". É interessante observar que anteriormente, foi mencindada a filha Mathilde (1876), descrita no texto como "legítima", incluindo no texto sobre o batizado, o nome da mãe - Catharian -, nesse, Regenia é descrita como "preta". Não há detalhes sobre a origem de Alexandre Planet, porém, em 1876/1878, ainda existiam escravos, uma vez que a Lei Áurea foi assinada em 1888, a possibilidade de um escravo liberto ser proprietário de um estabelecimento é pequena, então, a indicação no jornal da cor da pele da criança que faleceu pode ser indicação de filha ilegítima, porém, tais informações são suposições [Correio Paulistano, n.6632, 27 de dezembro de 1878].
Seis meses depois, há informação sobre a venda do "botequim Paulistano", porém, o endereço mencionado é Rua do Carmo, 66. Apesar do nome do estabelecimento ser o mesmo, não há detalhes que possam confirmar que o mencionado é o mesmo da Travessa do Rosário - porém, o nome de Alexandre Planet e Botequim Paulistano não aparecem em anúncios posteriores. O texto menciona o motivo: o proprietário irá para Europa para tratar da saúde.
Em 1879, há um anúncio do "Botequim Paulistano", porém na Penha, talvez, Francisco Lopes Sertan tenha comprado o botequim de Alexandre Planet (ou de outro proprietário, pois, como no anúncio anterior, sobre a venda, não há nomes, não é possível afriamr que o proprietário que foi para Europa é Alexandre Planet).
Em 1893, uma nota no Correio Paulistano, informa que no dia 1 de junho de 1893, casaram-se na Igreja da Consolação Benedicto Garcia e Mathilde Catharina Planet - provavelmente, a filha de Alexandre Planet e Catharina Planet.