"CURSO ELEMENTAR
DE
BELLAS LETRASFUNDAEO COM AUTORISAÇÃO EXPRESSA
DA
INSPECTORIA GERAL DOS ESTUDOS
E DIRIGIDO PELOBacharel formado em Direito
Antonio Maria Chaves e Mello.O ANNO LECTIVO COMEÇOU N'ESTA INSTITUIÇÃO NO DIA 7 DO CORRENTE CONFORME AO SEGUINTE
PROGRAMAI. Objecto e fim da fundação
Art. 1o. A fundação do Curso de Bellas Letras tem por objecto especial formar a mocidade nos estudos classicos elementares, para percorrer depois intrepida e com passo firme a vasta e espinhosa carreira, que se patentêa aos que aspiram á acquisição de conhecimentos superiores.
II. Materias d'ensino
Art. 2o. As materias d'ensino são:
$ 1o. Grammatica de lingua portugueza
$ 2o. Grammatica comparada das linguas franceza e portugueza
$ 3o. Grammatica comparada das linguas ingleza e pportugueza
$ 4o. Grammatica comparada das linguas latim (?) e pportugueza - Latinidade
$ 5o. Historia, Chronologia, Geographia
$ 6o. Oratoria, Poetica, Litteratura clássica
$ 7o. Mathematicas elementares
$ 8o. Philosophia racional e moral
$ 9o. Direito natural
III. Alumnos e Retribuições
Art. 3o. Os alumnos do Curso de Bellas Letras repartem-se em duas classes principaes: - Internos e Externos.
Art. 4o. A classe de INternos limita-se a 12 alumnos somente.
Art. 5o. A edade determinada para entrar como Interno é de 9 a 13 annos completos.
Art. 6o. Tanto os INternos como os Externos devem provar que foram vaccinados, e que não padecem molestia contagiosa.
Art. 7o. Os Internos têem, alêm da casa, mêsa e serviço, a educação litteraria e moral. Por isso pagam uma retribuição calculada a razão de 30$000 réis por mez.
$ Unico. Esta retribuição é paga por trimestres adiantados. - O trimestre pôde começar em qualquer dia: e uma vez começado é considerado desde logo devido, sem desconto de férias.
Art. 8o. A classe de Externos subdivide-se em duas categorias.
$ 1o. Os Externos de 1a. categoria passam os dias lectivos no Collegio: alli estudam, alli jantam em commum com os INternos, e alli frequentam as aulas que lhes convem. - Pagam por tudo isto a retribuição de 16$000 réis por mez.
$ 2o. Os Externos de 2a. categoria frequentam somente as aulas. - Os que aprendem ao mesmo tempo mais de uma das diversas discipplinas designadas no Art. 2o., pagam uma retribuição de 8$ réis mensaes. - Os que aprendem uma só das sobreditas discipplinas, pagam 5$000 réis.
$ 3o. As retribuições dos Externos de uma e outra categoria são pagas por mezadas adiantadas. - O mez póde começar em qualquer dia; e uma vez começado considera-se devido, sem desconto de férias.
IV. Do tempo lectivo e feriado
Art. 8o. O Curso de Bellas Letras abre-se tosos os annos no meado de janeiro, e encerra-se no fim de novembro.
$ 1o. As aulas que compoem a Secção das linguas, ficam abertas até á vespera do Natal.
$ 2o. Os alumnos Internos podem ficar no Estabelecimento durante as férias.
Art. 9o. São feriados:
1o. Todos os domingos e dias santos.
2o. As quintas feiras de cada semana, em que não houver outro feriado.
3o. A segunda, terça e quarta feira depois do domingo da quinquagesima.
4o. A semana santa.
V. Disposições geraes
Art. 10. O alumno que houver de frequentar a 1a. aula do Curso de Bellas Letras, deve possuir já os primeiros elementos de leitura e escripta, e as quatro especies arithmeticas.
Art. 11. O conhecimento dos principios geraes da grammatica portugueza é habilitação necessaria e indispensavl para frequentar qualquer das aulas do Curso.
Art. 12. Nenhum alumno será admittido a cursar as aulas de rhetorica e philosophia, antes de haver aprendido regurlamente o francez e o latim.
Art. 13. As materias designadas em os oito primeiros $$ do Art. 2o. são preparatorio e habilitação necessaria para cursar a aula de Direito natural.
O Curso de Bellas Letras acha-se actualmente estabelecido na rua Direita n. 31.
O Director - Antonio Maria Chaves e Mello."
Na década de 1920, algumas instituições organizaram-se com o intuito de legitimar a atuação de seus associados no campo educacional que estava se estruturando, como ocorreu com a Sociedade de Educação de São Paulo, que foi fundada com a finalidade de congregar membros do magistério em seus vários níveis, dos setores público e privado, com ideias e interesses comuns, tendo uma intensa atuação no cenário educacional do período. A obra pretende recuperar aspectos da criação e do funcionamento da Sociedade de Educação, seu papel e posição na estruturação do campo educacional. A partir deste estudo, veremos quais são as principais questões discutidas no âmbito da entidade e ainda quem eram seus membros...[+]
Pelas avaliações internacionais (UNESCO e PISA), o Brasil vem sendo colocado nas últimas posições em educação, mesmo dentre nações bem mais pobres. As explicações para essa triste situação devem ser buscadas particularmente na História do país, em sua longa duração. Foi esse o trabalho realizado pela autora, em pesquisas que efetuou em arquivos e bibliotecas do Brasil e do exterior, somadas a testemunhos orais e a variada iconografia. O esforço foi de resgatar a escola em seu cotidiano, com os autores que a compuseram ao longo dos cinco séculos, desde quando os jesuítas aqui fincaram os primeiros alicerces dos colégios, no inicio da colonização portuguesa. Expulsos os padres da Companhia de Jesus, foi criada a escola pública. Sua evolução foi acompanhada com seus alunos, seus professores, os métodos de ensino, o material escolar introduzido de forma precária e lenta. Só com a República, e ao longo do século XX, é que de fato, o Brasil conheceu o sistema escolar montado dentro do modelo do Ocidente, articulado desde a pré-escola até o curso ginasial e depois médio, com seus avanços e recuos e a partir de São Paulo de onde se difundiu por todo o país. O Brasil chega ao final do milênio com praticamente todas suas crianças na escola, mas ainda não conseguiu ultrapassar o desafio da péssima qualidade do ensino, em todos seus níveis. Esta obra procura dar reconstruir a evolução da escola de base em toda a História do Brasil. O objetivo inscreve-se, igualmente, na busca de explicação do atraso da qualidade da educação nacional...[+]