Website de Mônica Yamagawa

HOTEL PALM

largo de são francisco

história do comércio do centro de
são paulo

atualizado em: 10 de setembro de 2017

 

home > centro de são paulo > história do comércio > HOTEL PALM

O Hotel Palm antes era chamado Hotel des Voyageurs, no Largo de São Francisco. Em 25 de julho de 1860, J.J. Von Tschudi chegou em São Paulo e se hospedou no Hotel Palm, em seu relato, ele descreveu o estabelecimento:

"Hospedei-me no Hotel Palm, que me fora recomendado por diversas pessoas. Os aposentos eram medíocres, mas a recepção, a atenção dispensada aos hóspedes e a boa mesa, compensavam a lacuna. O proprietário do hotel, um alemão, era antigo colono de Santa Francisca. Durante alguns anos, tivera um albergue na estrada de Santos, depois do que viera estabelecer-se com um hotel alemão na capital da Província."

[TSCHUDI, J.J. Von. Viagem às Províncias do Rio de Janeiro e S.Paulo. São Paulo: Martins Fontes, 1976, p.120.]

Em 1860, quando Charles Palm (ou Carlos Palm) comprou o Hotel Voyageurs, fez várias alterações na edificação, incluindo a colocação de um telhado (fotografia ao lado). Antes, o Voyageurs era uma edificação conhecida como "casa de sotéa", ao invés do telhado, possuía an sua parte superior um terraço, que foi alterado pelo novo proprietário pois, o terraço causava problemas de infiltrações que danificavam a construção.

Outras informações sobre o estabelecimento está no anúncio publicado no periódico Revista Commercial (da cidade de Santos), em 17 de julho de 1860, n.89, página 4:

"Annuncios.
Hotel Palm
N.22 Largo de S. Francisco N.22
na cidade de S.Paulo

O abaixo assinado tendo tomado conta deste estabelecimento, que até o presente continuava como o título de Hotel dos Viajantes, participa do respeitável público, que a toda e qualquer hora, se encontrará uma grande variedade de comidas estrangeiras e nacionais, as quaes se apromtão com a maior brevidade possível, vinhos, licores etc. de todas as qualidades, e por preços muito moderada.

N.B. Encarrega-se toda e qualquer encomenda."

Consta na pesquisa de Sandra Trabucco Valenzuela, que o hotel foi fechado em 1880, porém, em 1863 há uma nota sobre o seu "fechamento" em fevereiro de 1863. No Almanak da Província de S.Paulo de 1873, não encontramos nenhuma menção ao Hotel Palm.

[Correio Paulistano, Anno X, Número 2020: 2 de fevereiro de 1863.]

 

[+] Outros estabelecimentos comerciais que fizeram parte da História do Centro de São Paulo

Fotografia de Militão Augusto de Azevedo, 1862

[FONTE DA IMAGEM: BARBUY, Heloisa. A Cidade-Exposição: comércio e cosmopolitismo em São Paulo, 1860-1914. São Paulo: Edusp, 2006, p.94.]

CENTRO DE SÃO PAULO

BIBLIOGRAFIA


Imagens da hotelaria na cidade de São Paulo: panorama dos estabelecimentos até os anos 1980

Sandra Trabucco Valenzuela
Senac SP
2013

Da hospedagem doméstica à pensão e ao atual hotel, a cidade de São Paulo conheceu diferentes meios de receber seus visitantes, forasteiros nem sempre vistos com bons olhos, no passado. Em 'Imagens da hotelaria na cidade de São Paulo' a evolução dos serviços de hospedagem é estudada por meio de crônicas de viajantes, cartões-postais, reportagens, fotografias, etiquetas de bagagem e anúncios, acompanhados de necessária contextualização, o que permite ao leitor conhecer não apenas o processo de instalação e desenvolvimento dessas atividades, mas também as profundas mudanças que a própria cidade sofreu ao longo de mais de quatrocentos anos...[+]

 

Entre a casa e o armazém: relações sociais e experiência da urbanização
São Paulo, 1850 – 1900

Maria Luiza Ferreira de Oliveira
Alameda
2005

Este livro é um convite para o leitor voltar a um tempo no qual São Paulo combinava características de uma cidade moderna com traços fortemente rurais. Bastava uma rápida caminhada até a Igreja da Misericórdia para avistar, do alto de seu campanário, descampados, grotões, charnecas, beiras de rios e até animais silvestres e matas, que se estendiam muito além dos vales do Anhangabaú e Tamanduateí. Os personagens deste cenário? Aquela parte da população abstratamente designada como "classes médias" - na verdade, uma gente esquecida, os remediados da sociedade, uma multidão de figurantes mudos da cena paulistana - os quais atendiam pelos nomes de Dona Carolina, Seu Marcelino, Ana de Sorocaba e centenas de outros que aparecem nos registros dos quase mil inventários e testamentos que chegaram até nós. A maioria tinha pouco mais de quarenta anos no longínquo ano de 1872, quando surgiram na cidade os primeiros lampiões a gás. Pessoas que vivenciaram um tempo de incertezas e mudanças, abriram lojas e armazéns, compraram uma casinha, faliram, venderam tudo, tiveram dias bons ou ruins - enfim, sentiram na pele aquele diagnóstico certeiro de António de Alcântara Machado, quando dizia que 'em São Paulo não há nada acabado e nem definitivo, as casas vivem menos que os homens e se afastam, rápidas, para alargar as ruas'...[+]

 

home      moyarte      não-diário      contato