"A botica da rua do Imperador n.4.
Joaquim Pires Garcia acaba de receber um grande sortimento de boticas e gotas anti-cholericas do Exm. Sr. Dr. Paula Candido presidente da junta de hygiene publica do Rio de Janeiro.
Estes medicamentos approvados pela referida junta, e applicados com tanta efficacia durante a epidemia na Côrte, são de primeira necessidade aos Srs. fazendeiros que nelles encontraram, sem duvida, a salvação de toda a sua escravatura, se por desgraça, suas fazendas forem visitadas por este horriroso mal.
Cada botica, contém todos os remedios mais empregados quando o mal graçava com mais intensidade, e leva uma folha que explica o tratamento que deve seguir o affectado, bem como os pacotes das gottas anti-cholericas que contém cada um dois vidrinhos, sendo o n.1 para os casos benignos e o n. 2 para os de estado algido, acompanhado a forma porque deve ser aplicado. O annunciante tem o prazer de possuir os mencionados medicamentos, pois está certo que serão de grande utilidade a quem for affectado do mal."
[Correio Paulistano, Ano II, Número 354: 11 de janeiro de 1856.]
Seu nome e profissão também foram registrados no Almanak Paulistano de 1857.
Antonio Egydio Martins foi responsável pela organização do Arquivo do Estado de São Paulo por 30 anos, ao longo dos quais percorreu a documentação em busca dos pormenores da história paulistana. São Paulo Antigo era o título das crônicas que passou a publicar nas páginas do Diário Popular e que caíram no gosto do público, dando origem ao livro, publicado em dois volumes em 1911 e 1912. O livro permaneceu como fonte privilegiada para se conhecer o cotidiano da cidade, tratando de seus personagens, das festas, dos costumes, dos hábitos alimentares, dos governantes, dos jornais, das lojas... São Paulo Antigo é como um baú da história paulistana, ao qual se recorre em busca da informação miúda, do detalhe, da data, dos tipos da cidade, dos pormenores perdidos no rolar do tempo...[+]
A esta altura da história brasileira. que ninguém duvide: a Cidade de São Paulo é. sob qualquer ponto de vista. um fenômeno. Em 1872. quando o Brasil comemorava seu primeiro meio século como país independente. São Paulo era a 11ª cidade brasileira. Menor que Recife. Salvador e Rio de Janeiro. e também que Teresina. Em 1920. quando o Brasil já era República. São Paulo havia se transformado na segunda maior cidade do país. com seu meio milhão de habitantes. Maior só mesmo o Rio de Janeiro. capital federal. Mas a incipiente indústria estava concentrada em São Paulo. que oferecia aos olhos pasmos de seus visitantes e moradores os primeiros edifícios que subiam de maneira terrivelmente ousada rumo ao infinito. e mereciam. por isso mesmo. o nome de arranha-céu. Para tentar compreender - e explicar - essa história desta grande metrópole. esta obra está sendo editada em três volumes. Uma obra de longo fôlego e conteúdo profundo.