"LIVRARIA
DE
RICARDO MATTHES43 -- RUA DA IMPERATRIZ -- 43
S.Paulo
Livros de direito, educação, litteratura, sciencias, artes, religião, etc.
Agencias de todos os jornaes brasileiros e estrangeiros.
Loja de papel e musicas.
Deposito de pianos Pleyel, Herz e Elcké.
Charutos de Havana, Hamburgo e Bahia.
Fumo e cigarros Daniel, Pomba e Goyano.
Machinas de costura.
Brinquedos, perfumarias e muitos outros artigos.
Casa de commissões"
[Almanach Litterario de São Paulo para o anno de 1877. Publicado por Maria José Lisboa. 2o. anno.]
Sobre Ricardo Matthes, com base nos registros de passageiros (de Santos para o Rio de Janeiro), publicado no Correio Paulistano (de 13 de dezembro de 1876), sabemos que era casado e com filhos. No mesmo, ano, dessa vez, através de uma nota no Diário de S.Paulo (18 de julho de 1876), é informado que Ricardo Matthes é o "agente" (creio, similar a representante/revendedor autorizado, era responsável pelo registro de assinaturas dos interessados) do periódico ilustrado publicado no Rio de Janeiro, chamado "Illustração Brasileira".
Em 1877, através do Correio Paulistano (de 11 de julho de 1877), Ricardo Matthes passa passa a ser um dos acionistas da Companhia Cantareira de Esgotos, com a aquisição de ações da companhia (uma quantidade pequena: 5 ações).
No Indicador de São Paulo : Administrativo, Judicial, Industrial, Profissional e Comercial para o anno de 1878 (geralmente elaborado no ano anterior 1877), Ricardo Matthes aparece nos seguintes setores:
A partir de abril de 1879, com base nos anúncios publicados em periódicos, consta a mudança do endereço de Rua da Imperatriz 43 para Rua da Imperatriz 60 (sem bases em pesquisas adicionais, não sabemos informar se ocorreu uma mudança física da livraria ou se foi uma alteração urbana, com a remuneração das casas da rua).
Nas edições pesquisadas do Jornal da Tarde (1979-1881), os últimos anúncios encontrados datam de 21 de julho de 1879 (Jornal da Tarde, Anno I, Número 257).
No site "Tipografia Paulistana", projeto da FAU-USP, consta como:
"Empresa: Ricardo Matthes Livraria Brazileira e Allemã
Início: 1878
Fim: 1878Personagens: Ricardo Matthes: Proprietário
Endereços: Rua da Imperatriz, 43 (1878 a 1878)"
O site amenciona o ano de 1878, porém, no Correio Paulistano de 1875, já encontramos anúncios da Livraria de Ricardo Matthes, assim como outros anúncios em 1879:
No Correio Paulistano, além dos anúncios tradicionais, há uma nota do Dr. Theodoro Peckott, sobre a qualidade do produto oferecido pelo Sr. Matthes. (Observação: não é possíve saber se a declaração e análise do Dr. Peckott foi paga ou não por Ricardo Matthes - revendedor - ou até pelo produtor, Daniel da Rocha Ferreira & C.):
Antonio Egydio Martins foi responsável pela organização do Arquivo do Estado de São Paulo por 30 anos, ao longo dos quais percorreu a documentação em busca dos pormenores da história paulistana. São Paulo Antigo era o título das crônicas que passou a publicar nas páginas do Diário Popular e que caíram no gosto do público, dando origem ao livro, publicado em dois volumes em 1911 e 1912. O livro permaneceu como fonte privilegiada para se conhecer o cotidiano da cidade, tratando de seus personagens, das festas, dos costumes, dos hábitos alimentares, dos governantes, dos jornais, das lojas... São Paulo Antigo é como um baú da história paulistana, ao qual se recorre em busca da informação miúda, do detalhe, da data, dos tipos da cidade, dos pormenores perdidos no rolar do tempo...[+]
Este livro é um convite para o leitor voltar a um tempo no qual São Paulo combinava características de uma cidade moderna com traços fortemente rurais. Bastava uma rápida caminhada até a Igreja da Misericórdia para avistar, do alto de seu campanário, descampados, grotões, charnecas, beiras de rios e até animais silvestres e matas, que se estendiam muito além dos vales do Anhangabaú e Tamanduateí. Os personagens deste cenário? Aquela parte da população abstratamente designada como "classes médias" - na verdade, uma gente esquecida, os remediados da sociedade, uma multidão de figurantes mudos da cena paulistana - os quais atendiam pelos nomes de Dona Carolina, Seu Marcelino, Ana de Sorocaba e centenas de outros que aparecem nos registros dos quase mil inventários e testamentos que chegaram até nós. A maioria tinha pouco mais de quarenta anos no longínquo ano de 1872, quando surgiram na cidade os primeiros lampiões a gás. Pessoas que vivenciaram um tempo de incertezas e mudanças, abriram lojas e armazéns, compraram uma casinha, faliram, venderam tudo, tiveram dias bons ou ruins - enfim, sentiram na pele aquele diagnóstico certeiro de António de Alcântara Machado, quando dizia que 'em São Paulo não há nada acabado e nem definitivo, as casas vivem menos que os homens e se afastam, rápidas, para alargar as ruas'...[+]