Alguns meses depois, em janeiro de 1830, o estabelecimento anunciava leilão de seus produtos:
Um segundo leilão é anunciado, para vender os materiais restantes:
Em maio de 1830, o nome Brodard não foi mencionado, assim sendo, não é possível afirmar que os anúncios abaixo eram do mesmo estabelecimento, porém, os endereços mencionados eram o mesmo do estabelecimento de Brodard:
Em junho de 1830, o anúncio mencionava Rua Direita, 2, porém, indicava que o local era de Guilherme Kraeuter - talvez Kraueter morasse no andar superior ou a casa era dividida em dois estabelecimentos, um de Kraeuter outro de Brodard; ou ainda, a casa tinha um novo prorprietário ou locatário e os anúncios acima não eram mais do estabelecimento de Brodard:
De todos os paradoxos de São Paulo, um dos maiores é o que oferece o cotejo de seu presente com o seu passado. A metrópole vertiginosa e trepidante de hoje nasceu distante, fora do alcance dos navios portugueses, escondida pela serra do Mar - uma barreira que foi obstáculo, mas também desafio a vencer, definindo a personalidade desta São Paulo. Numa narrativa envolvente e reveladora, o leitor é convidado a conhecer momentos cruciais da trajetória da cidade que, por mais de uma ocasião, esteve ameaçada de penosos retrocessos, senão de extinção, por motivo do abandono dos moradores, da precariedade de recursos e do que por vezes pareceu uma irremediável falta de futuro. O destino de São Paulo, ao longo dos três primeiros séculos de existência, foi de isolamento e de solidão. Em 1872, os primeiros sinais de prosperidade começavam a visitá-la, por conta da riqueza trazida pelo café, mais ainda assim a população de pouco mais de 30 mil habitantes a situava numa rabeira com relação às demais capitais brasileiras. Em 1890 já tinha dobrado de tamanho. O momento em que finalmente engrena é súbito como uma explosão - na passagem do século XIX para o XX, a cidade se transformou num aglomerado de gente vinda de diferentes partes do mundo e começou a virar a São Paulo que se conhece hoje...[+]
Joaquim Nabuco definiu a infância como “os últimos longes da vida”. Já Lima Barreto lembrou da primeira fase de sua vida a partir de um momento específico: quando sua professora entrou na classe e avisou que não existiam mais escravos no Brasil. Como eles, foram muitos aqueles que olharam encantados para suas meninices. Esses são, porém, relatos de personagens que nasceram livres ou que, no máximo, assistiram de longe o perverso espetáculo da escravidão. Já Marília Ariza nos leva para bem perto. Nesse livro, tão impecável em sua escrita sensível quanto academicamente irretocável, a historiadora seleciona novas questões para um material antigo ou, então, mais conhecido. De olho na “menoridade civil”, ela destrói (pre)conceitos arraigados, mas que ainda continuam ecoando no presente, como a tese que apresenta mães negras “desnaturadas”, com seus filhos abandonados, soltos na vagabundagem. Explorando documentos variados, a autora analisa as condições de vida de menores na capital paulistana oitocentista, chegando ao contexto da emancipação e do pós-abolição. O livro é devastador. Na primeira parte mostra a realidade dessas mães empobrecidas, e em geral solteiras, que, quando comparadas aos modelos de famílias estruturadas e burguesas, apareciam definidas como “inadaptadas” quando não “degeneradas”. Na segunda, apresenta seus rebentos, não raro entregues aos “cuidados” de terceiros, e submetidos a regimes de trabalho pesados. Lá estão as figuras das molecas, que aparecem nas fotos ao lado de seus patrões, com seus cabelos desgrenhados e as roupas sujas e rotas de tanta labuta. Lá estão também as imagens dos meninos de recado, ainda descalços a despeito do final da escravidão. Nessas horas, infância não é marcador social de geração, mas antes de classe: do mundo do trabalho que nessa época não tinha idade ou carteira de identidade. Mas Marília faz mais: devolve a seus leitores as grandes e pequenas agências de seus personagens e o tamanho das contradições que o mundo da escravidão nos legou. Esse é o passado do presente; são os fantasmas da nossa sociabilidade que se espelha na Europa, mas mantém os pés firmes na barbárie...[+]
O FAROL PAULISTANO, n.276, 24 Nov. 1829.
O FAROL PAULISTANO, n.291, 5 Jan. 1830.
O FAROL PAULISTANO, n.294, 12 Jan. 1830.
O FAROL PAULISTANO, n.347, 27 Mai. 1830.
O FAROL PAULISTANO, n.351, 8 Jun. 1830.
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