Diferentemente das obras que apresentam a história da arte moderna, os textos do escritor e crítico Affonso Romano de Sant'Anna olham a arte dos últimos 150 anos não com o olhar saudoso e complacente, mas como um esforço para afastar o entulho e descortinar outros caminhos.... [+]
In Clement Greenberg and Marcel Duchamp we have two of the pivotal figures in the twentieth century arts. Yet they seem to stand in complete opposition, so that the reputation of Duchamp rises as that of Greenberg falls, and vice versa. Greenberg is viewed as the champion of formalism, of artworks sealed off from their socio-political surroundings and even from the private intentions of the artist. Greenberg held that Duchamp was simply “not a good artist,” and that his devotees (including the highly regarded Joseph Beuys) were “also not especially good artists.”1 From the late 1940s through the early 1960s, Greenberg’s critical views marched step-by-step with the progressive advance of the artistic avant-garde, in the eclipse of Paris by New York, and the triumph of Jackson Pollock and the so-called “postpainterly abstraction” of Kenneth Noland and Jules Olitski. Since that time, Greenberg and his preferred styles have fallen into disfavour, while in the words of one observer “the reputation and work of Marcel Duchamp... [+]
This revised edition of Calvin Tomkins’s Duchamp: A Biography arrives fifty-five years after the author’s first meeting with Marcel Duchamp. The encounter took place in October 1959 at the King Cole Bar in New York’s St. Regis Hotel. Tomkins, a thirtythree-year-old writer and editor of international news at Newsweek, had been assigned to interview the eminent seventy-two-year-old artist despite the fact that the former knew little about art and the latter was known to be exceedingly reticent. Newsweek’s pages rarely featured art topics, yet in this case the magazine’s timing was impeccable: Duchamp’s career, largely unnoticed or dismissed for decades, was just being discovered by a new generation of artists who would make his work a touchstone for the art of their time. Chance tossed Tomkins into this exciting arena, and as has been true for his artist peers, the cardinal importance of Duchamp to his work has not faded since... [+]
Este livro procura constituir uma contribuição que preenche uma rarefação biográfica sentida por estudiosos e professores, na medida em que desejam analisar e conhecer a criação e a personalidade de Marcel Duchamp, cuja obra - segundo críticos - constitui um desafio aos padrões clássicos de estética e não apenas uma atitude para chocar o gosto conservador de provincianos ou burgueses...[+]
A pesquisa intitulada Fragmentos instantâneos, um estudo do mecanismo cinematográfico bergsoniano na pintura Nu descendo uma escada de Marcel Duchamp, trata-se de uma pesquisa em fundamentos e reflexões em artes, no qual são realizados estudos da pintura Nu descendo uma escada, de Marcel Duchamp, e do conceito de mecanismo cinematográfico, do filósofo Henri Bergson. A pesquisa inicia-se a partir dos questionamentos sobre a possibilidade de haver um ponto de intersecção entre um... [+]
Este trabalho consiste em um estudo básico sobre a obra de Marcel Duchamp, ressaltando sua inserção no panorama artístico da modernidade, e a herança disseminada para o pensamento contemporâneo em arte. São destacadas as obras Nu descendo uma escada n°2 (1911-1912), A noiva despida por seus celibatários, mesmo, ou Grande vidro (1915-1923) e a Caixa verde (1934), assim como há considerações sobre a realização dos Ready-made e os desdobramentos da arte conceitual. Palavras-chave: Duchamp, pintura, arte conceitual ... [+]
«A obra humorística da época de juventude de Duchamp não faz parte da sua obra mais conhecida. José Gil analisa-a com os instrumentos de uma análise imanente, de modo a mostrar os modos de produção e os regimes do humor (as oscilações entre o cómico, o ridículo e o patético), incidindo sobretudo na articulação entre a “cena visual” e a linguagem, as legendas que acompanham os desenhos. O ensaio de Ana Godinho, por sua vez, tem como horizonte — ambicioso e vastíssimo, diga-se de passagem — uma interpretação geral dos objectos a que Duchamp chamou ready-mades.» António Guerreiro, Atual...[+]
Em 'Maria com Marcel - Duchamp nos trópicos', Antelo parte da permanência de Marcel Duchamp em Buenos Aires, por alguns meses em 1919, para traçar um percurso labiríntico cujas marcas fundamentais são a relação amorosa do artista com Maria Martins, os avatares latino americanos entre o surrealismo bretoniano e o batailliano e a noção duchampiana de 'infraleve' aplicada à experimentação ensaística...[+]
Nos inventários da arte do século XX, o trabalho de Marcel Duchamp é com freqüência compreendido apenas em sua dimensão conceitual, ignorando-se uma possível presença do sensível em sua obra. Partindo do conceito da obra de arte como “um ser de sensação” criado por Gilles Deleuze e Félix Guattari, proponho, nesse trabalho problematizar tanto o lugar reservado a Duchamp pela história da arte, quanto os limites da definição de arte formulada por aqueles filósofos. Para explorar a possibilidade de se pensar uma poética duchampiana este texto se vale estrategicamente de duas referências: as teses de Rosalind Krauss a respeito da materialidade e do erotismo na obra do artista e os conceitos de duração, memória hábito e reconhecimento atento formulados pelo filósofo Henri Bergson. Palavras-chave: Duchamp – Deleuze – Guattari – Bergson... [+]
Descrever Le grand verre ("O Grande Vidro") - ou, como reza, seu complemento operacional, a boîte verte ("Caixa Verde"), de 1934. La mariée mise à nu par ses celibataires, même ("A Noiva Desnudada Por Seus Solteiros, Mesmo") - para muitos, a opus magna de Marcel Duchamp (1887 - 1968), é algo relativamente simples... [+]
«Não quis ser chamado artista, sabe. Eu quis desfrutar da minha possibilidade de ser um indivíduo, e suponho tê-lo conseguido, não?»1 Esta declaração de Marcel Duchamp, parecendo menosprezar a importância de ser artista, acaba por nos sugerir exactamente o contrário. Mais do que a manutenção de uma ideia de arte à qual não se questiona o sentido é revelada a arte como manifestação da possibilidade de se ser um indivíduo. Para se ser um indivíduo não é preciso fazer nada, basta sê-lo. Mas ser um artista que prefere apresentar-se como alguém que terá querido desfrutar da sua possibilidade de ser um indivíduo, é completamente diferente. Por questionar o facto de o ter conseguido considera que para ser um indivíduo não basta existir. É como artista, querendo ou não chamar-se assim, que ele procura os caminhos para desfrutar plenamente da possibilidade de ser um indivíduo... [+]
Jean Clair, diretor do Museu Picasso em Paris, e em tempos recentes, crítico feroz da art contemporain, foi durante os anos setenta um importante intérprete da obra de Marcel Duchamp. Ele organizou a grande retrospectiva de Duchamp em 1975 – a exposição inaugural no Centre Pompidou – e escreveu o catalogue raisonné da sua obra. Mas surpreendentemente, a despeito desse envolvimento inicial, ele passou a considerar esse artista, em larga medida, responsável pelo que considera “a condição deplorável da arte contemporânea”. Recentemente, reuniu seus escritos sobre Duchamp sob o título Marcel Duchamp et la fin de l’art1 e fica claro no ensaio denunciatório “The Muses Decomposed”2 que ele identifica intimamente la fin del’art com o que aí descreve como a arte fin de siècle do século vinte... [+]
Esta comunicação visa fazer uma discussão acerca da vida e obra de Marcel Duchamp, artista francês que começou sua carreira como artista plástico ligado ao movimento de vanguarda histórica denominado Cubismo e revolucionou a concepção de arte no início do século XX. Dentre as principais contribuições de Duchamp para a reflexão sobre arte, será discutida a idéia de ready made, procedimento artístico introduzido pelo artista que opera a transposição de elementos do universo cotidiano para o universo artístico, apagando as fronteiras entre ambos. Esta comunicação irá centrar-se, principalmente, numa das mais polêmicas obras produzidas por esse artista, intitulada “O Urinol” ou “A Fonte”, sendo considerada uma das obras mais representativas do conceito de ready made e também a responsável pela repercussão do nome de Marcel Duchamp; essa obra representa um marco na problematização do conceito tradicional de arte, trazendo à tona a discussão do que seria e do que não seria arte. Esse trabalho foi inicialmente construído, discutido e apresentado na disciplina Poéticas Interartes, no sexto período, no ano de 2009, no curso de Letras da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e está baseado, entre outros textos teóricos da história da arte, num estudo de Affonso Romano de Sant’Anna acerca de Duchamp. O principal objetivo desta comunicação é promover debate a respeito do tema proposto, divulgando o grande legado desse artista, a fim de fomentar as discussões acerca das variadas definições de arte que passam a coexistir a partir das vanguardas históricas do início do século XX. Palavras-chave: Marcel Duchamp. Arte. ready made... [+]
Dois artistas consagrados: um brasileiro, Arthur Bispo do Rosário, e um francês, Marcel Duchamp. Ambos são considerados expoentes da chamada “arte de vanguarda” e suas respectivas obras apresentam curiosas semelhanças, especialmente por seus trabalhos a partir de objetos comuns, do cotidiano, que, retirados do contexto de sua utilidade, foram reconhecidos como obras de arte. No entanto, suas vidas não poderiam ser mais diversas... [+]
Este livro vem a público por ocasião da mostra Marcel Duchamp, apresentada nas salas do MAM e na fundación Proa, de Buenos Aires. Trata-se de uma seleção de textos fundamentais e históricos que permite conhecer Marcel Duchamp e entender sua importância no contexto da história da arte, acrescentando ao debate internacional novas pesquisas e perspectivas sobre os diferentes aspectos de sua produção...[+]
Nosso trabalho visa compreender a leitura que o historiador e antropólogo Michel De Certeau faz do projeto artístico mais ambicioso de Marcel Duchamp – O Grande Vidro. Na realização da pesquisa, buscamos entender como o pensador localizou a obra dentro de suas discussões teóricas e, mais, qual a relação de O Grande Vidro com os conceitos de arte predominantes em seus escritos... [+]
Alguma outra pessoa pode ter inventado a roda, mas Marcel Duchamp (1887-1968) inventou o ready-made. Um secador do frasco pode ser um secador do frasco, mas assinado por Duchamp que seja também um dos trabalhos principais da arte do século 20....[+]
Este ensaio explora ressonâncias entre a produção artística e psicanalítica no século XX, buscando trazer elementos para uma reflexão sobre o sujeito na contemporaneidade. Colocando o conceito lacaniano de ato analítico em paralelo com a noção de ato criador proposta por Marcel Duchamp e encarnada em seus ready-mades, ele propõe uma concepção de gesto, ligado à escrita, como central tanto à arte quanto à psicanálise... [+]
Esta biografia relata os amores, amizades e as oscilações do prestígio de Marcel Duchamp, artista que muitos consideram o mais instigante - e enigmático - do século XX. Seu modo de encarar as coisas o manteve a uma certa distância dos diversos 'ismos' que caracterizaram a arte moderna, embora seja considerado precursor do dadaísmo, surrealismo e da arte conceitual. Na definição do pintor americano Willem de Kooning, ele foi um 'movimento de um homem só'. Iconoclasta dos ready-mades, suas obras máximas até hoje desafiam os intérpretes, que fazem elucubrações sucessivas, em leituras esotéricas e alquímicas, e até mesmo neoplatonistas de seus trabalhos. O livro enumera fatos curiosos de sua trajetória como artista - a recusa da obra 'Nu descendo uma escada' no Salão dos Independentes de 1912, em Paris; sua estadia em Munique, que representou uma verdadeira virada em sua vida; o choque provocado em 1917 pela obra 'Fonte', na mostra da Sociedade dos Artistas Independentes, em Nova York. Entre os Estados Unidos e a França, sobreviveu como dublê de professor de francês e de marchand e dialogou com movimentos como o cubismo, o dadaísmo, o surrealismo e o expressionismo abstrato americano...[+]
Este trabalho se propõe a examinar uma obra de arte, especialmente o "Grande Vidro", de Marcel Duchamp, a partir de sua aproximação com o conceito de interface. O exame se faz através da ação do espectador sobre a obra de arte, o olhar não-retiniano, e das relações que a obra estabelece com o olhar para que este atualize de maneira transformadora, ao contrário da ação dos usuários sobre a maioria das interfaces utilitárias. São apresentadas três condições para que a obra de arte organize a ação criadora do espectador: 1) a concepção das tecnologias como integrantes dos processos de criação da obra; 2) a virtualização dos suportes representativos, em projeção, pelo espectador; 3) a especificidade dos processos de subjetivação que desencadeia. Estas condições podem ser transpostas para a reflexão sobre o estabelecimento de relações criadoras entre usuários e interfaces mecânicas ou eletrônicas...[+]
Perhaps no twentieth-century artist utilized puns and linguistic ambiguity with greater effect - and greater controversy--than Marcel Duchamp. Through a careful 'unpacking' of his major works, Dalia Judovitz finds that Duchamp may well have the last laugh. She examines how he interpreted notions of mechanical reproduction in order to redefine the meaning and value of the art object, the artist, and artistic production. Judovitz begins with Duchamp's supposed abandonment of painting and his subsequent return to material that mimics art without being readily classifiable as such. Her book questions his paradoxical renunciation of pictorial and artistic conventions while continuing to evoke and speculatively draw upon them ...[+]
Este breve paralelo que faço entre a obra e o pensamento do polonês Tadeusz Kantor e do francês Marcel Duchamp, tem como especificidade a relação que os dois artistas estabelecem em suas obras com os objetos ou ready-mades. Essa relação aponta caminhos para pensar o Teatro de Objetos, uma vertente do Teatro de Formas Animadas...[+]
Demonstrar como as obras do artista Marcel Duchamp se inserem na Arte Contemporânea e como a existência de vários dos seus fragmentos, esboços e estudos são pontos centrais para a construção de mundos de devaneios que trazem conceitos intercalados de forma labiríntica. Os estudos e obras de Duchamp são parte integrante de um labirinto que percorre o espaço-tempo e cujas marcas estão fortemente associadas ao modo de se pensar a Arte Contemporânea quando inclui o outro. O que perpassa pela abrangência do outro como co-artista carrega em si algo de subjetivo, o que tornou possível aproximarem-se várias correntes de pensamento, fazendo com que eles se encontrassem através desta pesquisa cujos conceitos foram sendo delineados durante a sua realização. Analisar e pesquisar faz parte do processo desenvolvido e traz consigo a proximidade entre as obras de Duchamp e o que tenho feito durante alguns anos através da Arte. Palavras-chave: Arte Contemporânea. Marcel Duchamp. Labirinto. Androgenia.... [+]
Among the most influential artists of the last hundred years, Marcel Duchamp holds great allure for many contemporary artists worldwide and is largely considered to be one of the founding fathers of modern art. Despite this popularity, books on Duchamp are often hyper- theoretical, rarely presenting the artist in an accessible way. This new book explores the artist's life and work through short, alphabetical dictionary entries that introduce his legacy in a clear and engaging way. From alchemy and anatomy to Warhol and windows, 'The Duchamp Dictionary' offers a pithy and readable text that draws on in-depth scholarship and the very latest research. Thomas Girst includes close to 200 entries on the most interesting and important artworks, relationships, people, and ideas in Duchamp's life from The Bicycle Wheel and Fountain to Walter and Louise Arensberg, Peggy Guggenheim, Katherine Dreier, and Arturo Schwarz. Delightful, newly commissioned illustrations introduce each letter of the alphabet and accompany select entries, capturing the irreverent spirit of the artist himself....[+]
Com base na tese de Walter Benjamin, Origens do drama barroco alemão e no texto Luto e Melancolia de Freud, o presente trabalho caracteriza a melancolia como o humor que permeia a modernidade. Para analisar formas de enfrentar o espírito melancólico próprio da modernidade, três personagens são caracterizados: o príncipe do drama do Barroco, sendo Hamlet o paradigma do príncipe barroco, o dândi analisado por Baudelaire e d’Aurevilly e Duchamp, o artista que inaugurou a arte moderna pósvanguardista. Enquanto o príncipe sucumbe ao estado melancólico, o dândi e Duchamp resistem ao tédio que paira sobre as sociedades modernas, mas de formas também diferentes. O dândi apela para seu narcisismo como forma de manter seu apego à vida, enquanto Duchamp usa o humor, a brincadeira e o jogo para lidar com as incongruências da existência humana. Palavras-chave: melancolia, príncipe, dândi, Duchamp, Freud, Walter Benjamin ...[+]
Este trabalho pretende constituir o aprofundamento da reflexão sobre algumas questões consideradas fundamentais que decorrem da produção artística contemporânea. Tem por objecto, assim sendo, o estudo das implicações que parte da produção artística de Marcel Duchamp, particularmente no que se refere ao objecto ready-made, pode ter tido na compreensão daquilo que a arte se tornou na contemporaneidade. O ready -made duchampiano surge como pré-texto e concretização de algumas relações que fazem a cena da arte na contemporaneidade, ou seja, reavalia o papel do artista e o modo como este se relaciona com o objecto artístico, com as instituições e com o próprio público especializado e não especializado. A relação estética e conceptual existente entre estes diferentes pólos do universo artístico relativamente à obra de arte, confirma a existência de uma identidade e de um valor ao objecto artístico que não poderá ser dissociado do contexto em que é pensado, a contemporaneidade... [+]
Neste volume, o autor associa a fortuna do readymade duchampiano a uma especial sorte de «rendez-vous». Primeiro como pura distracção» ou lógica do acaso, e logo depois enquanto estratégia de despersonalização do gesto criativo. Porém, para lá da experiência do «encontro», o readymade apresenta-se como obra de arte recorrendo apenas a uma tripla inscrição (título, data e assinatura) que abre esse poderoso processo de significação observado entre a imagem do objecto e o verbo que resulta do trabalho de inscrição. Seguindo de perto leituras tão decisivas para a compreensão do fenómeno readymade como as de Octavio Paz, Rosalind Krauss e Thierry de Duve, David Santos procura ainda acrescentar à filiação pictórica ou fotográfica desse gesto central para a arte contemporânea uma outra espécie de ligação, ao sublinhar a importância do universo produtivo mas também cultural da própria indústria. Partindo do «encontro» entre sujeito e objecto, o readymade propõe assim uma radical desvinculação da expressão individual do primeiro, para afirmar, na assunção directa do segundo, uma interdisciplinaridade pioneira que privilegia o jogo conceptual e linguístico, ampliando definitivamente as opções materiais e processuais da arte do século XX....[+]
Esta pesquisa tem como tema uma reflexão sobre cruzamento entre corpo e processo criativo nos percursos de Marcel Duchamp (1887-1968) e Pablo Picasso (1881-1973). Embora partilhem o mesmo período histórico, suas trajetórias de trabalho revelam distintas concepções de arte, bem como modos diversos de inserção nos domínios históricos e culturais. Como os procedimentos operatórios que estruturam os trabalhos artísticos se ligam a um conjunto de criações e de transferências de sentido que se constituem e se metamorfoseiam na ação de cada artista, este estudo encontra-se vinculado aos impasses e às possibilidades referentes aos processos civilizadores e de modernização. A metáfora do corpo em cada um dos artistas indica atitudes e reflexões quanto às noções de adesão ou distanciamento muito particulares e fecundas para a compreensão da situação da arte e da cultura hoje. Assim como a formação do simbólico também se refere ao modo como os homens se organizam material e economicamente, à análise das poéticas e estratégias diversificadas dos artistas em questão, uniremos o exame das condições do trabalho elaboradas quando do surgimento e desenvolvimento da modernidade, isto é, a lógica da emancipação da noção de trabalho e a separação entre ideação e execução.Tomamos por base o fato da obra de Pablo Picasso e sua noção de corpo fazer metáfora e constituir um espaço de reversibilidade. A partir da noção de metamorfose, da assimilação de princípios construtivos da arte primitiva e da releitura da história da arte, constatamos a elaboração de um conceito mais elástico de representação de corpo. A essa busca dramática de religar corpo e indivíduo fraturados a uma noção impossível de modernidade, Marcel Duchamp interpõe um corpo transformado em mercadoria e fragmento. À concepção de arte em Picasso, do indivíduo enredado à linguagem corporal, Duchamp contrapõe a manifestação do descolamento entre homem e linguagem como se esta fosse a própria condição da criação: a de um texto fraturado... [+]
Na relação, em arte, entre a reflexão e a prática considero importante referir que esta dissertação foi elaborada na crença de que poderá ser um investimento na minha capacidade científica para o ensino de desenho num curso de arquitectura. Já o meu trabalho de síntese nas Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica Desenho e artifício1, procurava, no exemplo das artes plásticas, produção de conhecimento sobre a essencialidade do desenho e a complexidade do processo de desenhar, não se limitando às concretizações dos desenhos. Nesta dissertação, encarando a instrumentalidade do desenho para além da pura manualidade, nas potencialidades que o desenho tem como extensão e pertença do pensamento, encontrei na obra de Duchamp o melhor ponto de partida para o entendimento da complexidade do pensamento criativo. Para além do estudo de publicações de vários autores sobre Marcel Duchamp (sendo a quantidade de livros sobre ele publicados, nos últimos anos, sintoma do crescente interesse por Duchamp), procurei antes de tudo as potencialidades comunicativas das suas criações para além das abordagens que delas foram feitas... [+]
'Thierry de Duve has sought, in this remarkable text, to 'understand why Marcel Duchamp was such a great artist.' A task that calls upon resources beyond those of art history, art criticism, and aesthetic analysis, of all which the author is master. . . . The tone is wry, urbane, informed, and urgent; and it is a tribute to his appreciation of the depth of his subject that he takes us further in our understanding than we have ever seen before, but leaves us with the sense that more remains to be said than anyone before had imagined.' -- Arthur C. Danto, Johnsonian Professor Emeritus of Philosophy, Columbia University; and art critic, The Nation Kant after Duchamp brings together eight essays around a central thesis with many implications for the history of the avant-gardes. Although Duchamps readymades broke with all previously known styles, Thierry de Duve observes that he made the logic of modernist art practice the subject matter of his work, a shift in aesthetic judgment that replaced the classical 'this is beautiful' with 'this is art.' De Duve employs this shift in a re-reading of Kant's Critique of Judgment that reveals the hidden links between the radical experiments of Duchamp and the Dadaists and mainstream pictorial modernism....[+]
Este trabalho se propõe a examinar a obra de arte, especificamente o Grande vidro de Marcel Duchamp, a partir de uma aproximação com o conceito de interface. O exame se faz através da ação do espectador sobre a obra, o olhar, que a atualiza de maneira transformadora. São apresentadas três questões, baseadas no Grande vidro, sobre que a organizacão da ação do espectador pela obra de arte: - A concepção de tecnologia como processo de criação - A virtualização dos suportes representativos, em projeção, pelo espectador - A especificidade dos processos de subjetivação que desencadeia. Estas questões podem ser transpostas para a reflexão sobre o estabelecimento de relações criadoras entre usuários e interfaces mecânicas ou eletrônicas.... [+]
Contrapondo-se às ideias futuristas de aceleração e do movimento como fluxo contínuo e dinâmico, ao pintar Nu descendo uma escada (1912), Marcel Duchamp estava interessado nas experiências de análise e decomposição do movimento por meio da desaceleração e, por isso, buscou nas experimentações cronofotográficas do francês Étienne-Jules Marey nas quais ele teve acesso através da publicação na revista francesa La Nature, de 1983 e do inglês Eadweard Muybridge, fontes para as suas análises... [+]
O artigo pretende problematizar a questão recorrente de que o ready-made de Marcel Duchamp define os limites de uma nova arte, agora antiestética, a partir da consideração de que sua operação conta com o desnorteamento do espectador; já que nada está onde se espera, e que essa subtração de 'algo da arte' - no caso, do conceito de arte - causa um estranhamento que, ao memso tempo, aponta os limites de 'juízo de gosto' kantiano e propõe outro tipo de experiência estética a partir do estranho-familiar, conforme definido por Freud... [+]
Marcel Duchamp afirmou que o artista não tem plena consciência do que realiza no momento da criação, que suas obras são finalizadas apenas quando o público as interpreta e que uma série de elementos subjetivos definem a diferença entre o que se quis realizar e o que foi de fato realizado. A proposta deste artigo é verificar a validade dessas informações, analisando o modo como a mente criativa do artista e a mente interpretativa do espectador se encontram na obra de arte. Em outras palavras, aqui é feita uma tentativa de compreender melhor a relação entre artista, obra e público, tal como proposto por Duchamp em 1957, por um ponto-de-vista psicológico. Para isso, foram utilizadas teorias da Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung que tratam principalmente de símbolos, inconsciente e intelecto, mostrando que toda criação humana está sempre sujeita às leis da psique. Portanto, a partir de correlações bibliográficas entre Jung e Duchamp, descobrimos que este tinha razão: através da obra, imagens inconscientes são compartilhadas, e artista e público se encontram no plano simbólico. Palavras-chave: Arte. Autoria. Duchamp. Jung. Psicologia analítica. Teoria da arte...[+]
Nous connaissons tous le nom de Marcel Duchamp, l'homme qui inventa l'art contemporain, le créateur du '(al)ready-made', de Rrose Scélavy, et d'une Joconde moustachue outrageusement rebaptisée LHOOQ, l'auteur, surtout, du plus grand scandale du XXe siècle, qui éleva (ou abaissa ?) un simple urinoir au rang d'oeuvre d'art. Et pourtant, que sait-on de lui ? Rien, ou si peu, et pour cause - il n'existait pas, à ce jour, de biographie en français de Marcel Duchamp. Duchamp meurt en 1968, à l'âge de 81 ans, encore méconnu dans son propre pays - son décès est annoncé dans Le Figaro à la rubrique 'échecs', quand il fait la une du New York Times. Sa vie - ses vies pourrait-on dire, à l'image de ce portrait dédoublé à l'infini qui fait la couverture du livre -, partagée entre les Etats-Unis et la France, fut longue d'activités diverses et non pas seulement artistiques, de rêveries et de projets, de rencontres et d'amitiés indéfectibles, avec Henri-Pierre Roché, l'auteur de Jules et Jim qu'il inspirera, avec Picabia, Man Ray, Alfred Stieglitz, Brancusi. Une vie d'amours nombreuses aussi - le premier pour la femme de son grand ami Picabia! -, car Duchamp courait les jupons, 'célibataire' avant tout épris de liberté, qui pourtant deux fois l'abdiqua - il épousera en secondes noces la fille du galeriste Pierre Matisse, petite-fille du peintre. Fils d'un notaire rouennais, il était le cadet d'une fratrie d'artistes, les peintres Jacques Villon, Suzanne Duchamp, et le sculpteur Raymond Duchamp-Villon, qui l'initièrent à la peinture. Héritier de Jarry, marqué par la lecture de Nietszche et de Raymond Roussel, il était fasciné par l'objet industriel et sa production en série, par les découvertes récentes sur le mouvement et la vitesse - le rayon X, la quatrième dimension, les chronophotographies d'Etienne Jules-Marey. A 26 ans, dès lors qu'il la maîtrise, il abandonne pour toujours la peinture, s'autoproclame 'anartiste', fait prévaloir l'idée sur son exécution, la 'beauté d'indifférence' sur le (bon) goût, et bouleverse radicalement le statut de l'artiste et de l'oeuvre d'art - un défi à l'avant-garde de son époque plus encore qu'à l'académisme. Sacré par Breton 'phare du surréalisme', ingénieur malheureux (on lui doit d'extraordinaires machines optiques, ancêtres de l'art cinétique, dont les brevets ne rencontreront pas le succès), joueur d'échecs passionné, il fut aussi l'incontournable courtier de l'avant-garde européenne aux Etats-Unis, le conseiller intime des grands philanthropes new-yorkais, comme les époux Arensberg ou Katherine Dreier, avec qui il fonda au début des années 20 La Société anonyme, ancêtre direct du Moma. En un dernier clin d'oeil facétieux et visionnaire, l'homme sans qui Andy Warhol n'aurait pas existé, fit graver sur sa tombe - 'Ce sont toujours les autres qui meurent'. On ne saurait le contredire...[+]
A lógica da prática artística modernista é o tema de "kant Depois de Duchamp". A partir de uma releitura de Crítica do Juízo, de Kant, em que o que 'isto é belo' do julgamento estético clássico é substituído por 'isso é arte', são analisadas as ligações ocultas entre o experimentalismo radical de Duchamp e doa Dadaístas e a corrente hegemônica da pintura modernista... [+]
In the twenties, Surrealists proclaimed that words had stopped playing around and had begun to make love. Nowhere is this more apparent than in the writings of Marcel Duchamp, who fashioned some of the more joyous and ingenious couplings and uncouplings in modern art. This collection beings together two essential interviews and two statements about his art that underscore the serious side of Duchamp. But most of the book is made up of his experimental writings, which he called 'Texticles', the long and extraordinary notes he wrote for The Bride Stripped Bare By Her Bachelors, Eben (also known as The Large Glass), and the outrageous puns and alter-ego he constructed for his female self, Rrose Sélavy ('Eros, c’est la vie' or 'arouser la vie' - 'drink it up'; 'celebrate life'). Wacky, perverse, deliberately frustrating, these entertaining notes are basic for understanding one of the twentieth century’s most provocative artists, a figure whose influence on the contemporary scene has never been stronger...[+]
Segundo o Rabino Nilton Bonder, Adão e Eva eram, antes de transgredir, apenas macacos 4 , sua transformação em Seres Humanos e o advento da consciência se dão quando desobedecem, pois existem duas formas de honrar naturezas, duas possibilidades na consciência humana que permitem a concepção da alma, identificando-a muito além dos interesses do corpo, que são as desobediências que respeitam e as obediências que desrespeitam. O que seria profanar o sagrado, ir além dos abismos que os separam, transgredir tradições, senão evoluir! Neste momento único o “artista mártir” realiza sua co-criação através de sua obra, retratando a vida que prossegue, expressando sua transgressividade de qualquer lei diante da moral de qualquer grupo, tempo ou lugar. A “Alma Imoral” de Marcel Duchamp5 ainda vive pulsátil em seu limitado legado de obras com incalculável legado para a História da Arte, insistindo em nos revelar uma liberdade que transcende formas de olhar, de entender, de interpretar, de conhecer, de criticar, de obedecer, de desobedecer... e mais profundamente, de exercitar o conhecimento, o pensar e notadamente: o intelecto... [+]
'Marcel Duchamp ou o Castelo da Pureza' pretende ser um encontro entre afinidades eletivas congeniais de um intérprete e um criador. Procura tratar-se de um texto em que o espírito da vanguarda, tanto em termos de discurso e concepção, como de invenção e descoberta de formas e linguagens artísticas, esteja presente...[+]
Este artigo pretende explorar questões relacionadas às operações de uso do ready made de Marcel Duchamp. A análise foca nos processos que envolvem a inclusão de objetos prontos, de espectadores e grupos. Palavras chaves: ready made, inclusão, espectadores... [+]
This expanded edition of the fall 1994 special issue of October includes new essays by Sarat Maharaj and by Molly Nesbit and Naomi Sawelson-Gorse. It also includes the transcript of an exchange between T. J. Clark and Benjamin Buchloh which presents new responses to the problems raised by this immediately popular (and now out of print) issue of the journal. The Duchamp Effect is an investigation of the historical reception of the work of Marcel Duchamp from the 1950s to the present, including interviews by Benjamin Buchloh (with Claes Oldenburg, Andy Warhol, and Robert Morris), Elizabeth Armstrong (with Ed Ruscha and Bruce Conner), and Martha Buskirk (with Louise Lawler, Sherrie Levine, and Fred Wilson) and a round-table discussion of the Duchamp effect on conceptual art. ContentsIntroduction · Benjamin H. D. BuchlohWhat's Neo about the Neo-Avant-Garde? · Hal FosterTypotranslating the Green Box · Sarat MaharajThree Conversations in 1985: Claes Oldenburg, Andy Warhol, Robert Morris · Benjamin H. D. BuchlohInterviews with Ed Ruscha and Bruce Conner · Elizabeth ArmstrongEchoes of the Readymade: Critique of Pure Modernism · Thierry de DuveConcept of Nothing: New Notes by Marcel Duchamp and Walter Arensberg · Molly Nesbit and Naomi Sawelson-GorseInterviews with Sherrie Levine, Louis Lawler, and Fred Wilson · Martha BuskirkThoroughly Modern Marcel ·, Martha BuskirkConceptual Art and the Reception of Duchamp · October Round TableAll the Things I Said about Duchamp: A Response to Benjamin Buchloh · T. J. ClarkResponse to T. J. Clark · Benjamin Buchloh...[+]
Este breve paralelo que faço entre a obra e o pensamento do polonês Tadeusz Kantor e do francês Marcel Duchamp, tem como especificidade a relação que os dois artistas estabelecem em suas obras com os objetos ou ready-mades. Essa relação aponta caminhos para pensar o Teatro de Objetos, uma vertente do Teatro de Formas Animadas...[+]