Texto e Fotografias de Mônica Yamagawa


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Livros e Artigos Sobre Maria Martins

MARIA

Charles Cosac
(organizador)
Cosac Naify
2010

Obra sobre a escultora brasileira Maria Martins (1894-1973), em volume organizado pelo editor Charles Cosac, que assina também uma cronologia ilustrada sobre a artista. Esta edição reúne seus principais trabalhos, especialmente registrados em ensaio fotográfico de Vicente de Mello, que viajou para diferentes lugares, inclusive no exterior, para fotografar suas obras. O livro também traz textos fundamentais para o entendimento da trajetória da artista. No ensaio de abertura, o historiador Francis M. Naumann percorre a biografia de Maria e revela sua vida dividida entre o trabalho com as esculturas e as recepções sociais na embaixada em Paris. Lá, relacionando-se com artistas do surrealismo e mais intensamente com Marcel Duchamp, produziu algumas das obras mais importantes e monumentais de sua carreira. A crítica britânica Dawn Ades, especialista em arte latinoamericana, compara sua obra com a de outros escultores como Brancusi, André Masson, Giacometti e Henry Moore...[+]

 


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OS CONTRATOS SOCIAIS DA MULHER E DA ARTISTA

Keyla Andrea Santiago Oliveira
UFG
2009

Como estudiosa do campo da Arte, tenho reunido alguns tópicos na formação de um interesse para a discussão da questão da mulher e da artista, tentando captar no discurso pedagógico e na dinâmica da estrutura social alguns desdobramentos: a mulher como sujeito marginal na produção artística, os contratos sociais destinados a ela...[+]

 


Maria Martins. Uma Biografia

Ana Arruda Callado
Gryphus
2004

Eu sei que minhas Deusas e sei que meus Monstros sempre te parecerão sensuais e bárbaros. Eu sei que você gostaria ver reinar em minhas mãos a medida imutável dos elos eternos. Assim se apresentava a escultora Maria Martins no catálogo da exposição Amazônia, na Valentine Gallery, em Nova Iorque, que encantou os maiores expoentes do movimento surrealista nos anos quarenta. Também pode ser uma mensagem a seu amante, Marcel Duchamp. Tudo é possível na trajetória da talentosa, misteriosa e famosa embaixatriz brasileira. Maria Martins- Uma biografia é o relato fiel da vida de uma mulher que foi amiga de Picasso, Léger, André Breton, Piet Mondrian, Nelson Rockefeller e muitos chefes de estado. Uma mulher que conviveu com o poder e teve poder. Escrito em uma ordem que entrelaça os acontecimentos históricos do Brasil e do mundo artístico do século XX, o livro de Ana Arruda Callado tenta desvendar a força artística , política e humana dessa musa que viveu várias vidas. Revelações há muitas ao longo das páginas deste livro que guia o leitor pelo fantástico mundo das muitas Marias Martins: a artista genial, a mecenas , a escritora, a embaixatriz, a mulher apaixonada, e a pessoa por trás do mito...[+]

 


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MARIA MARTINS UMA BRASILEIRA ALÉM DOS TRÓPICOS

Maria Silvia Eisele Farina
V ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ARTE – IFCH / UNICAMP
2009

Maria de Lourdes Faria Alves (1894-1973), nasceu em Campanha, Minas Gerais. Em 1915, casa-se pela primeira vez com Otavio Tarquínio de Souza (1889-1958),Seu segundo casamento foi em 1926, com Carlos Martins Pereira e Souza, diplomata brasileiro.Em 1934, Carlos Martins foi nomeado embaixador brasileiro no Japão,a família muda-se para Tókio. Dois anos mais tarde, Carlos Martins vai como embaixador para Bélgica,onde Maria aprende escultura com o escultor belga Oscar Jespers (1887 – 1970) Em 1939, Carlos Martins é nomeado embaixador dos Estados Unidos e a família muda-se para Washington Nesse período, Maria decidiu se dedicar à escultura, e transformou o andar superior do prédio da embaixada num estúdio...[+]

 


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La escultura de Maria Martins: una reflexión sobre el femenino
[texto em português]

Rebecca Corrêa Silva e Ursula Rosa da Silva
I Jornadas CINIG de Estudios de Género y Feminismos
2009

A pesquisa sobre Maria Martins surgiu em outubro de 2007, a partir de estudos iniciados para um dos subprojetos de um projeto maior intituladoCaixa de Pandora: Mulheres Artistas e Mulheres Filósofas no século XX, neste sentido, pretende delinear a importância de Maria Martins para a história da Arte, revelando suas obras que tratam de temáticas do feminino. O interesse por pesquisar Maria Martins adveio do fato de ela ter sido escultora, Arte até então mais comum entre homens. Como brasileira, e como mulher, manteve uma relação mágica e passional entre sua vida pessoal e sua produção escultórica. Sua obra é marcada por uma temática autobiográfica, intimista, existencialista, e nacionalista, onde a artista mostra a natureza tropical e sensual do Brasil. Sua linguagem biomórfica e surrealista apresenta-se através de sua técnica apurada no bronze...[+]

 


Maria Martins - Escultora dos Trópicos

Graca Ramos
Artviva
2009

O texto de Graça Ramos apresenta uma biografia de Maria Martins organizada com especial senso de detalhe. (...) O trabalho historiográfico apresentado é notável em sua busca de fontes em vários países. Além da contribuição representada pela própria pesquisa, este texto há de oferecer indicações e fundamentos para futuras interpretações da obra e trajetória biografada...[+]

 


Maria com Marcel Duchamp nos Trópicos

Raúl Antelo
UFMG
2010

Nesta obra, o autor parte da permanência de Duchamp em Buenos Aires para traçar um percurso labiríntico cujas marcas fundamentais são a relação amorosa do artista com Maria Martins, os avatares latino americanos entre o surrealismo bretoniano e o batailliano e a noção duchampiana de "infraleve" aplicada à experimentação ensaística...[+]

 


Metamorfoses - Maria Martins

Verônica Stigger
MAM-SP
2013

Livro sobre a exposição 'Metamorfoses', de Maria Martins, no MAM em 2013. Os temas brasileiros como Yaci, Iemanja e a Amazônia ganham um significado surrealista quando retratados por Martins em suas esculturas onde a forma humana se une às formas da natureza. Como disse Benjamin Péret - ecoando as palavras de André Breton sobre o trabalho de Martins - 'Nada evoca tanto as mensagens da natureza quanto a obra de Maria; não que entre uma e outra se possa impor uma filiação direta, mas, sobretudo, porque ela age sobre a matéria um pouco como a própria natureza. Maria (...) tende a provocar a natureza, a estimular nela novas metamorfoses, cruzando o cipó com o monstro lendário de onde ela provém, a pedra com o pássaro fóssil que dela se evade'....[+]

 

 

 

Outras Esculturas do
Acervo da Pinacoteca do Estado

PIETÁ

escultura de hugo bertazzon
pinacoteca do estado

"Pietá", escultura de Hugo Bertazzon, foi adquirida pela Pinacoteca do Estado em 1997, através de doação da Associação de Amigos da Pinacoteca....[+]

 


O PÃO

escultura de alfredo oliani
pinacoteca do estado

"O Pão" foi concebido em 1936 e adquirido pela Pinacoteca do Estado, des anos depois (1946), via transferência, do Conselho de Orientação Artística. A escultura em gesso, possui as dimensões de 46 X 71,5 X 28,5cm e estudo em carvão sobre papel, 42,8 X 63cm...[+]

 


NU MASCULINO SENTADO

escultura de gastão worms
pinacoteca do estado

Gastão Worms nasceu em São Paulo, 1905 e estudou na Academia Julien (França), na década de 1920. Expôs no Salon d’Automne, em 1929 e 1930 e no Salon des Tuilleries, em 1931 e 1932, segundo o "Oitocentos - Tomo III : Intercâmbios culturais entre Brasil e Portugal", pesquisa organizada por Arthur Valle, Camila Dazzi e Isabel Portella...[+]

 


TORSO DA SOMBRA

escultura de auguste rodin
pinacoteca do estado

A escultura "Torso da Sombra" foi doada para a Pinacoteca do Estado, em 1997, pela Associação dos Amigos da Pinacoteca. A obra de Auguste Rodin, em bronze, possui as dimensões de 99 X 68 X 34cm...[+]

 

 


TOALETE DE VÊNUS E ANDRÔMEDA

escultura de auguste rodin
pinacoteca do estado

"Toalete de Vênus e Andrômeda", de Auguste Rodin, foi adquirida pela Pinacoteca do Estado em 2001...[+]

 

 

 


RUBIÁCEA PAULISTA

escultura de giulio starace
pinacoteca do estado

A escultura "Rubiácea Paulista", de Giulio Starace, de 1935, foi doada à Pinacoteca do Estado por Carlos Julio de Bayeux Starace, em 1999. A obra, em bronze, possui as dimensões de 77 X 50 X 20cm...[+]

 

 


NU FEMININO DEITADO COM A MÃO NO QUEIXO

escultura de josé pedrosa
pinacoteca do estado

A escultura "Nu feminino deitado com a mão no queixo", criada em 1940 por José Pedrosa, foi doada por Jones Paulo Bergamin para a Pinacoteca do Estado, em 2006. José Pedrosa nasceu em 1915, no estado de Minas Gerais e na década de 1930, mudou-se para o Rio de Janeiro, para frequentar a Escola Nacional de Belas Artes. Entre os anos de 1946 e 1948, completou seus estudos na Europa, gráças a uma bolsa de estudos concedida pelo governo francês...[+]

 


NINFA ECHO

escultura de
mestre valentim
pinacoteca do estado

A escultura "Ninfa Echo", de Mestre Valentim foi criada em 1785 e a versão em bronze, doadas para a Pinacoteca do Estado em 1998...[+]

 


 

HISTÓRIA DA ARTE

A PROCURA DA LUZ

escultura de maria martins
centro de são paulo: pinacoteca do estado

atualizado em: 9 de março de 2017

 

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Alguns parágrafos sobre Maria Martins...

Maria Martins nasceu em Minas Gerais, no ano de 1894, no entanto, nas informações que enviava para a imprensa, sempre mencionava 1900 como o ano de nascimento. O motivo? Uma das hipóteses para essa decisão (ela nunca explicou o porquê) pode estar relacionada com a cidade de Campanha/MG, onde nasceu e para qual nunca retornou e com a mudança de sua família para Belo Horizonte/MG, em 1900. [KUMAGAI: 2006, p.11.]

Em 1903 a família mudou para o Rio de Janeiro (seu pai foi eleito deputado federal) e Maria, junto com suas duas irmãs foram matriculadas no Colégio Notre-Dame de Sion (Petrópolis/RJ), onde, provavelmente, receberam aulas de francês e piano.

Em 1915, casou-se com Octávio Tarquínio de Sousa, na época, diretor administrativo dos Correios. Desse relacionamento nasceram Lúcia Maria Alves de Sousa (1916) e Maise Alves de Sousa Amarantho (1922).

Na década de 1920, ainda casada com Octávio, durante as organizações para a recepção da Família Real Belga, conheceu Carlos Martins Pereira que, posteriormente, seria o seu segundo marido.

Em 1923, viajou com sua família para Itália, onde seu marido fez parte da Delegação Brasileira para a Conferência Internacional de Emigração e Imigração. No ano seguinte (1924), Octávio foi nomeado para o Supremo Tribunal Federal, mas, Maria rompeu seu casamento e partiu com as filhas para Europa (Paris), iniciando seu relacionamento com Carlos Martins Pereira. Em 1925, os pais da artista partiram para Paris, para o tratamento de tuberculose de João Luís (pai de Maria), assim como, para tentar convencer a filha a retornar para seu primeiro marido, que solicitava que as meninas fossem criadas pelos avós, no Brasil. No entanto, Maise, a filha mais nova, morreu de meningite, antes da chegada de seus avós à Europa e, posteriormente, seu pai, de parada cardíaca.

A Primeira Exposição de Pinturas Realistas (1925) foi aberta durante sua estadia em Paris e, provavelmente, este foi o seu primeiro contado com esse grupo.

Em 1926, Maria, com base nas leis francesas, casou-se com Carlos Martins e começou sua trajetória de escultora, trabalhando, inicialmente, com madeira. Mudou-se para o Equador, devido à missão diplomática de seu marido e, no mesmo ano, Maria engravidou de sua terceira filha (Teresa), que morreu durante o parto.

O casal retornou para Paris, em 1927, por causa do estado de saúde de Maria, na época, grávida de Nora Yolanda Henriqueta Maria Martins Pereira e Sousa. Nos anos seguintes ao nascimento de sua quarta filha, Carlos Martins foi nomeado cônsul-geral em Amsterdã, onde permaneceu por pouco tempo e retornou por alguns meses para o Brasil, porém, Maria e a filha permaneceram na França (em Antibes).

Em 1930, o casal retornou para Paris e Nora ganhou uma irmã, Anna Maria Pia Martins Pereira e Sousa. No ano seguinte, por causa das atividades diplomáticas de Carlos, a família mudou-se para Dinamarca; em 1934, para o Japão e em 1935, para Bélgica, onde sob a orientação de Oscar Jespers, Maria começou a trabalhar com terracota; mas, foi com a mudança, em 1938, para os Estados Unidos, que a sua carreira começou a ganhar força.

"Alternava a arte com o glamour das recepções da embaixada. Dedicava-se durante o dia à escultura e à noite às recepções como embaixatriz. Assinava apenas Maria, como artista, fazia extrema questão do seu nome artístico."

[FARINA, Maria Silvia Eisele. Maria Martisn uma brasileira além dos trópicos. V Encontro de História da Arte - IFCH/Unicamp, 2009, p.189.]

As mudanças frequentes retardaram o início da carreira de Maria, a permanência nos Estados Unidos, por cerca de nove anos, permitiram a manutenção de um ateliê no último andar da Embaixada do Brasil em Washington, criando condições para a artista 

testar diferentes suportes artísticos”, por exemplo, trabalhar com fundição, “que viria a ser sua técnica principal”.

[COSAC, Charles (organização). Maria. São Paulo: Cosac Naify, 2010, p.286-287.]

Em 1940, participou da mostra coletiva International Philadelphia, então, sua primeira exposição. Segundo Rebecca Corrêa Silva e Ursula Rosa da Silva, em seguida participou da Latin American Exhibhition of Fine Art, no Riverside Museum of Art, com quatro obras, entre elas “À procura da luz”, hoje, no Jardim da Luz.

No ano seguinte (1941), integrou a Arte latino-americana (Nova Iorque) e realizou, ainda em 1941, sua primeira mostra individual, em Washington – entre as obras exibidas estava “Christ”, elaborada em madeira, adquirida por Nelson Rockefeller e doada ao MOMA – Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. A capa do catálogo tinha o perfil de uma mulher, um desenho a bico de pena, criado por Cândido Portinari. [FARINA: 1989, p.189.]

Em 1942, Maria montou um ateliê em Nova Iorque; estudou com Jacques Lipchitz (1891 – 1973), escultor lituano, com quem aperfeiçoou suas técnicas de fundição em bronze. Segundo Farina, a durabilidade do material fascinou a artista e durante a década de 1940, "a maioria de suas esculturas foi confeccionada em argila passando para gesso ou fundição em bronze". [FARINA: 1989, p.190.]

Exibiu suas obras, em uma nova mostra individual, na Vallentine Galerie (Nova Iorque) e participou da coletiva “Hommage fait à Rodin”. As obras “St. Francis” e “Awakening” foram adquiridas, respectivamente, pelo Metropolitan Museum of Art e Brooklin Museum. Nessa época, começou amizades e contatos com vários artistas americanos e europeus: Callery, Tapié, Masson, Tanguy, Ozenfant, Ernst e Duchamp – “com quem viria a manter um longo e intenso affair”, segundo Calvin Tomkins que escreveu uma biografia sobre Marcel Duchamp. Durante as duas semanas em que visitou o Brasil, declarou seu apoio à AWVS – American Women’s Voluntary, uma associação formada por mulheres que cooperavam, durante a II Guerra, com trabalhos variados, como entregar mensagens, dirigir ambulâncias e caminhões, organizar cozinhas de emergências, entre outros. De sua parte, Maria organizou chás beneficentes e em parceria com a Bonwit Teller, em 1944, promoveu o primeiro desfile de modas em uma embaixada americana. [COSAC: 2010, p.291.]

Entre maio de 1943 e abril de 1944, organizou duas exposições individuais na Valentine Gallery (Nova Iorque): “Maria: New Sculptures” e “Mondrian: New Painting”.

Na noite de abertura de sua exposição, lançou o livro “Amazônia”, com a tiragem de 500 exemplares e apresentação de Jorge Zarur – “O Mito da Origem” -. Oito de suas esculturas foram reproduzidas na publicação: “Yara” (há duas versões de esculturas com esse mesmo nome, uma delas pertence ao Philadelphia Museum of Art e outra ao Cleveland Museum of Art), “Iacy”, “Boto”, “Boiuna” (essa, comprada por Rockefeller e doada para o Art Museum of the Americas), “Aioká”, “Cobra-grande”, “Iemanjá” (adquirida pelo Detroit Institute of Art) e “Amazônia”, obras elaboradas entre 1941 e 1943. Os textos, no catálogo, que acompanhavam as imagens, não possuíam assinaturas, tudo indica que eles foram escritos pela própria artista.

"Amazônia é uma criação, a partir do inesgotável imaginário de Maria. As figuras dessa série apresentam-se numa miríade de formas abstratas e figurativas, Flora e seres monstruosos dentro de um emaranhado de linhas espirais e contínuas, coexistem dentro de um espírito de sensualidade, erotismo, paixão e amor fatal – tônicas integrantes de uma temática expressiva, ao longo de sua obra artística.

Enquanto Maria estava em Washington, o grupo do Breton estava em Nova York e isso lhe proporcionou um contato maior com o surrealismo. A singularidade da Maria Martins como brasileira está em jogo quando apresenta a serie Amazônia na escolha dos temas folclóricos da região Amazônica, onde hibridismo constante entre animal, vegetal e humano é a tônica desta fase. . Breton nomeia Maria surrealista, quando entra em contato com estas obras na exposição."

[FARINA, Maria Silvia Eisele. Maria Martisn uma brasileira além dos trópicos. V Encontro de História da Arte - IFCH/Unicamp, 2009, p.189.]

Na Valentine Gallery, Maria adquiriu “Broadway Boogie Woogie”, de Mondrian, para doá-la ao MoMa, porém, tal doação foi inicialmente recusada, segundo relatos da família da artista; porém, com a intervenção de Rockfeller, a instituição optou por aceitar a tela. Outros relatos também informam que Maria doou uma tela de Mondrian, na década seguinte (1952), para o MAM-RJ, porém, por causa do incêndio ocorrido em 1976, grande partes do acervo e da documentação do museu foram destruídas e não há outros registros que comprovem a doação.

Ainda em 1943, suas obras foram incluídas em várias exposições nos Estados Unidos: “Arte latino-americana” (Riverside Museum); “Pintura e escultura de 12 artistas da América Central e do Sul” (Albright-Knox Art Gallery), “Aquisições Recentes” (Museum of Fine Arts); “The Room of Contemporary Art” (Albright-Knox Art Gallery); “Latin American Art Through 1000 Years” (Pasadena Museu of Art).

Ainda em 1943, Maria também auxiliou o governo brasileiro intermediando a aquisição da obra de Lipchitz: “Prometeu Desacorrentado”, também conhecido como “Prometeu em luta contra a águia”, para a sede do Ministério da Educação e Saúde (Rio de Janeiro).

No ano seguinte (1944), outra individual é realizada na mesma Valentine Gallery (Nova Iorque), intitulada “Maria: Sculptures & Sculpted Jewls” e apesar das críticas negativas de Clement Greeberg, o The San Francisco Museum of Modern Art adquiriu “Macumba” e o The Baltimore Museum of Art, o “Les Deux Sacres”. Também em 1944, participou de “Religious Art of Today” e “Art in Progress”, exposições coletivas em solo norte-americano.

Em 1945, ao acompanhar seu marido em uma viagem ao México, entrou em contato com a escritora brasileira Adalgisa Nery e com os artistas Frida Kahlo e Rufino Tamayio.   

Novamente na Valentine Gallery, em 1946, realizou sua terceira exposição individual: “Maria: New Sculptures”, 

“da tiragem total do catálogo (...), sessenta eram numeradas e assinadas, acompanhadas de cinco gravuras em água-forte e embaladas em uma caixa forrada de veludo.”

[COSAC, Charles (organização). Maria. São Paulo: Cosac Naify, 2010, p.296.]

Entre as esculturas expostas estavam:

E as joias, provavelmente, executadas entre 1943 e 1946:

No catálogo dessa exposição, é possível ver as duas versões, I e II, de “Lugar para o Implacável”, frequentemente mencionado apenas como “O Implacável” Ou “Implacável”: as peças diferem em tamanho, a maior, de 135x233x36cm, no ano da publicação da Cosac Naify (“Maria”, de 2010) pertencia (ou ainda pertence) à coleção Roberto Marinho, a menor, de 74x117,6x19,5cm, pertence ao MAC-USP Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.

Segundo a publicação da Cosac Naify, na verdade, existem outras versões de “O Implacável”. Duas, em bronze, pertencem ao  MoMa (Nova Iorque) e MAM-RJ (Rio de Janeiro), outra, em gesso,  encontra-se no MALBA (Buenos Aires). 

“Uma fundição serial post mortem da versão em gesso (...) foi realizada em fins dos anos 1990 e integra algumas coleções particulares no Brasil.”

[COSAC, Charles (organização). Maria. São Paulo: Cosac Naify, 2010, p.296.]

A obra, que hoje pertence ao MoMA, foi adquirida pelo museu, com fundos próprios, no mesmo ano da exposição (1946).

Ainda em 1946, Maria participou da “Origins of Modern Sculpture”, no museu City Arte (Indiana) e começou a estudar gravura com Stanley William Hayter, no Atelier 17, que em função da guerra, foi transferido, temporariamente, para Nova Iorque.

Em 1947, participou de “Exposition Internationale Du Srréalisme (Galerie Maeght) e, no final do ano, realizou uma mostra na Julien Levy Gallery (Nova Iorque) e o catálogo criado para a exposição tinha texto de apresentação de André Breton, com ilustrações de quatro e listagem de doze obras:

Há também duas versões idênticas da obra Le Chemin, l’ombre, trop longs, trop étroits. Uma teria permanecido nos Estados Unidos, na Julien Levy Gallery, e, em 1964, adquirida com fundos do Brasil para o acervo permanente do MOMA. A segunda versão foi exposta em diversas ocasiões, participando inclusive da última individual da artista em visa, no MAM-RJ, em 1956. Em 1968 essa obra foi destinada aos jardins do Palácio do Itamaraty, em Brasília, onde ainda se encontra, ao lado de outra escultura feita posteriormente,O Canto da Noite, instalada na mesma ocasião.”

[COSAC, Charles (organização). Maria. São Paulo: Cosac Naify, 2010, p.298.]

Maria mudou-se com a família para Paris (seu marido Carlos Martins assumiu a embaixada brasileira na França). Em seu novo endereço, a artista inicialmente, alugou um ateliê próximo ao de Brancusi, de quem se tornou amiga. Meses depois, mudou-se para outro, pertencente a Galerie René Drouin, onde realizou sua primeira individual parisiense, no mesmo ano de sua chegada à cidade (1948) e na qual foi exposta pela primeira vez “L’Huitième voile” ainda em gesso. E, para essa sua primeira exposição em solo francês, também lançou o livro “As estátuas mágicas de Maria”, com textos de André Breton e Michel Tapié:

“Dos 381 exemplares numerados, 21 são registrados em algarismos romanos de I a XXI e dez com as letras A a J. Esses 31 exemplares vêm acompanhados de uma gravura em metal, um pôster da exposição e são assinados pela artista e os dois autores. Os demais são somente numerados de 1 a 350.”

[COSAC, Charles (organização). Maria. São Paulo: Cosac Naify, 2010, p.299.]

No ano seguinte, 1949, Maria participou de “De Rodin à nos Jours” (França) e “A música e as artes plásticas” (Áustria). Com a aposentadoria de Carlos Martins da vida diplomática, a família retorna ao Brasil e, em 1950, passaram a residir no Rio de Janeiro, mas, é em São Paulo que a artista realizou sua primeira mostra individual no país, no MAM-SP, na época, localizado no centro da capital paulistana, na Rua 7 de Abril (1950).

O catálogo de “Maria: esculturas” (individual realizada no MAM-SP, em 1950) contou com textos e fragmentos de artigos de Duchamp, Tapié,  McBride, Breton, Ozenfant, Zervos e Santa Rosa: 

“A maior parte da crítica brasileira recebeu a exposição com ostensiva hostilidade, o que se pode ver nos artigos de Menotti Del Picchia, Geraldo Ferraz, Flávio de Aquino e Mário Pedrosa. Uma das únicas críticas positivas foi assinada por Walter Zanini.”

[COSAC, Charles (organização). Maria. São Paulo: Cosac Naify, 2010, p.301.]

No mesmo ano (1950), é organizada “Maria”, uma exposição individual realizada no Rio de Janeiro, na ABI – Associação Brasileira de Imprensa.

Na I Bienal de São Paulo, em 1951, Maria Martins não participou apenas com suas obras, sua amizade com o então presidente Getúlio Vargas, foi importante para a concretização do projeto, atuando também como “tutora” de Yolanda Penteado,  casada com Ciccillo Matarazzo, este, responsável pela organização do evento, além de fundador do MAM-SP. O contato que Maria tinha com os artistas fora do país, facilitou a participação de grandes nomes na exposição internacional.

Em 1952, o MAM-RJ, então, funcionando dentro do Palácio Capanema, recebeu como doação, um terreno no Aterro do Flamengo, onde foi construído o atual museu. Maria fez parte do grupo que fundou a instituição e indicou para sua presidência Niomar Moniz Sodré, casada com Paulo Bittencourt que era proprietário do Correio da Manhã, fato que contribuiu muito para os primeiros anos da instituição.

Maria também participou da II Bienal de São Paulo e escolheu para a exposição apenas as obras concebidas ou fundidas no país:

Durante os anos de 1952 e 1953, Maria, na função de representante cultural, viajou para vários países do continente americano, para estabelecer contatos com museus e secretarias culturais, com o objetivo de promover a III Bienal de São Paulo.

Em 1954, suas obras foram expostas na coletiva “Braziliana”, no Commercial Museum e na XXVII Bienal de Veneza.

Na III Bienal de São Paulo (1955), sua obra “A soma dos nossos dias (1954)” recebeu o Grande Prêmio de Escultura Nacional. No mesmo ano, suas obras fizeram parte da coletiva itinerante “Artistes brésiliens, Musée d’Art Moderne, Paris” (MAM-SP e MAM-RJ).

Em 1956, em visita oficial para a Conferência Geral da UNESCO, visitou vários países, em uma dessas ocasiões conheceu Dalai Lama. No MAM-RJ, é realizada “Maria”, uma exposição individual, uma retrospectiva de suas obras, que acabaria sendo a última individual em vida. No mesmo ano, inaugurou escultura pública no Rio de Janeiro:  “Galo Gaulês I” (na parte externa do edifício Maison de France) e participou das coletivas “Arts, Primitives ET modernes brésiliens” (Suíça) e “Artistes Brésiliens” (França).

Entre 1957 e 1958, Maria participou das coletivas “Arte Moderno em Brasil” (que aconteceu em vários países da América Latina); viajou para a índia (Conferência da UNESCO); lançou o livro “Ásia Maior – o planeta China”.

Em 1959, participou de coletivas nos Estados Unidos (“Surrealist Intrusion”); Alemanha e França (“Ausstellung Braziliannischer Kunstler”). No mesmo ano, terminou “rito do ritmo”, escultura encomendada para os jardins do Palácio da Alvorada (Brasília).

Entre 1960 e 1964, participou da II Bienal Interamericana do México, de coletivas no MAM-RJ e IBEU – Instituto Brasil-estados Unidos, publicou “Ásia Maior – Brama, Gandhi e Nehru”, legalizou seu casamento com Carlos Martins (seu primeiro marido faleceu em 1959) e o MOMA adquiriu “Le Chemin, l’ombre, trop longs, trop étroits”.

Carlos Martins Pereira e Sousa, faleceu em 1965 e Maria dedicou-se a trilogia “Deuses Malditos: Friedrich Nietzsche, Arthur Rimbaud e Van Gogh”, porém, concluiu a penas o primeiro sobre Nietzsche.

Em 1966 visitou os Estados Unidos; em 1967 participou de “Mão mágica e o andrógino primordial”, na FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado; em 1969, recebeu a comenda da Ordem do Rio Branco, grau Grande Oficial e esteve presente na inauguração de suas obras no Palácio do Itamaraty (Brasília).

Maria Martins faleceu em 26 de março de 1973, aos 78 anos, no Rio de Janeiro. Seu velório realizado no MAM-RJ, contou com seis de suas esculturas ao redor do caixão.

 

Referências Bibliográficas

COSAC, Charles (organização). Maria. São Paulo: Cosac Naify, 2010.

FARINA, Maria Silvia Eisele. Maria Martins uma brasileira além dos trópicos. V Encontro de História da Arte - IFCH/Unicamp, 2009.

SILVA, Rebecca Corrêa, SILVA, Ursula Rosa da. La escultura de Maria Martins: una reflexión sobre el femenino. I Jornadas CINIG de Estudios de Género y Feminismos, 2009 [texto em português].

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