Antiga Casa de Banho/Casa de Saúde, conhecida como Hotel do Hilário, funcionava onde hoje está localizada a Casa da Imagem (Casa Número 1). Na década de 1862,
"dando hospedagem e anunciando trazer peixes de Santos e oferecer tainhas frescas, assadas, recheadas, camarões frescos, ostras em lata, além de “comidas usuais”. Atores da Companhia Dramática de São Paulo tinham ali o seu endereço"
["História de um lugar". Casa da Imagem. Prefeitura Municipal de São Paulo.]
Em 1865,
"o hotel passou às mãos de Domingos Henrique da Silva, foi todo reformado e ganhou o nome de Hotel da Boa Vista. Dizia um anúncio: “O proprietário não poupou esforços a fim de oferecer aos senhores viajantes e pensionistas todas as comodidades possíveis, tendo excelentes aposentos, e podendo gozar-se da linda vista da várzea” (referia-se às margens do rio Tamanduateí); “uma vista deliciosa, que daí se goza e que torna para os senhores passageiros a hospedagem amena e aprazível”. Um ano depois, porém, foram a leilão os móveis e utensílios do hotel."
["História de um lugar". Casa da Imagem. Prefeitura Municipal de São Paulo.]
Sobre Domingos Henrique da Silva, seu nome já aparecia como comerciante, em 1856, anunciando que estão à disposição dos clientes interessados, sortimentos variados de fazendas, chapéus, sedas etc. em sua "casa" (não fica claro se é a residência ou o estabelecimento) na Ladeira de Santo Antonio, 8. Para ver os anúncios, clique aqui.
Cidades são feitas de vidas humanas e de cimento armado. Evocar o centro de São Paulo nos anos de sua juventude significa trazer de volta não apenas o traçado esquecido de suas ruas e edifícios, como também a trajetória dos homens e mulheres que lá viveram, sonharam e trabalharam. Este livro trata de arquitetos e construtores, e também de revolucionários e administradores, banqueiros e industriais, jornalistas, pintores e poetas, célebres ou modestos, e das marcas materiais e imateriais que deixaram no corpo e na alma da cidade. O período coberto pelo livro, da Proclamação da República ao Quarto Centenário, foi escolhido por representar o que se poderia chamar de juventude do centro, época do apogeu de sua beleza e de seu prestígio...[+]
Este livro é um convite para o leitor voltar a um tempo no qual São Paulo combinava características de uma cidade moderna com traços fortemente rurais. Bastava uma rápida caminhada até a Igreja da Misericórdia para avistar, do alto de seu campanário, descampados, grotões, charnecas, beiras de rios e até animais silvestres e matas, que se estendiam muito além dos vales do Anhangabaú e Tamanduateí. Os personagens deste cenário? Aquela parte da população abstratamente designada como "classes médias" - na verdade, uma gente esquecida, os remediados da sociedade, uma multidão de figurantes mudos da cena paulistana - os quais atendiam pelos nomes de Dona Carolina, Seu Marcelino, Ana de Sorocaba e centenas de outros que aparecem nos registros dos quase mil inventários e testamentos que chegaram até nós. A maioria tinha pouco mais de quarenta anos no longínquo ano de 1872, quando surgiram na cidade os primeiros lampiões a gás. Pessoas que vivenciaram um tempo de incertezas e mudanças, abriram lojas e armazéns, compraram uma casinha, faliram, venderam tudo, tiveram dias bons ou ruins - enfim, sentiram na pele aquele diagnóstico certeiro de António de Alcântara Machado, quando dizia que 'em São Paulo não há nada acabado e nem definitivo, as casas vivem menos que os homens e se afastam, rápidas, para alargar as ruas'...[+]