Em 1856, no Correio Paulistano, a Casa de José Marques da Cruz publicou o seguinte anúncio:
"Ver e Crer.
Rua do Comércio no. 35 Casa de José de Marques da Cruz participão ao respeitável publico e em particular aos seus freguezes, que chegou-lhe um completo sortimento de molhados, e frutas secas e em calda de todas as qualidades bem assim muito superiores vinhos de Lisboa, Porto & hnm lindo sortimento de porcelanas cristaes, vidros: tudo do (?) uilho gosto e tudo por preços comodos, e afinaça as qualidades dos seus generos."
[Correio Paulistano, Anno II, Número 351: 2 de janeiro de 1856.]
No mesmo dia e periódico, José Marques da Cruz, anunciou a abertura de seu novo estabelecimento: Padaria Anno Bom (clique para acessar o anúncio).
Além dos produtos alimentícios, bebidas e utensílios domésticos, um outro anúncio do mesmo ano, informa que produtos homeopáticos também estão disponíveis em seu estabelecimento:
"Homeopathia.
Vende-se na rua do Commércio casa n. 35 de Jozé Marques da Cruz, boticas com os principaes medicamentos homeopathicos para preservativo e curativo da colerina e cholera morbus, segundo descreveu e muito insigne medico homeopatha o Sr. Dr. Ignacio Manoel de Lemos, na Revista Commercial de 29 de Outubro do anno proximo passado, e avulsos que forão distribuidos n'esta Provincia."
[Correio Paulistano, Anno II, suplemento do número 355: 16 de janeiro de 1856.]
Os escritos selecionados para este livro apresentam a cidade de São Paulo no momento de transição entre a pequena vila dedicada à subsistência e a prosperidade decorrente do cultivo do café. São escritos diversos, como memórias, depoimentos, evocações, peças de teatro, que procuram reconstituir os contornos da cidade e de sua província. Os variados depoimentos oferecem um quadro da vida paulista, observada a partir de diversos ângulos e interesses, e deles emerge uma visão abrangente do cotidiano na cidade e no campo, observado por contemporâneos que o vivenciaram. A coletânea conta com textos de Aluísio de Almeida, D. Maria Paes de Barros, o Diário da Princesa Isabel, duas peças de teatro de autores paulistas, acompanhados de comentários de especialistas, e de um levantamento iconográfico de autoria do organizador, composto de desenhos e aquarelas de viajantes que aqui estiveram na primeira metade do século XIX...[+]
O leitor é convidado, capítulo a capítulo, a conhecer momentos cruciais da trajetória de São Paulo. O destino da cidade, ao longo dos três primeiros séculos de existência, foi de isolamento e de solidão. Em 1872, quando os primeiros sinais de prosperidade começavam a visitá-la, por obra da riqueza trazida pelo café, ainda assim a população de pouco mais de 30 mil habitantes a situava numa rabeira com relação às demais capitais brasileiras. Em 1890, já tinha dobrado de tamanho. O momento em que finalmente engrena e começa a virar a São Paulo que se conhece é súbito como uma explosão - na passagem do século XIX para o XX, quando se transformou num aglomerado de gente vinda de diferentes partes do mundo...[+]