Em 'Arte Brasileira na Pinacoteca do Estado de São Paulo' alguns críticos e historiadores nacionais fazem uma análise sobre as obras do acervo da Pinacoteca. Em 240 páginas ilustradas, o livro traz também um resumo das leituras monográficas apresentadas por especialistas em um ciclo de 16 conferências realizadas em 2003 e um registro histórico da arte brasileira e da Pinacoteca, desde a sua fundação. O livro inclui análises de mestres como Carlos Lemos, José Roberto Teixeira Leite, Luciano Migliaccio, Aracy Amaral e Tadeu Chiarelli, que analisam obras e artistas da arte brasileira - Almeida Junior, Pedro Américo, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Lasar Segall, Cândido Portinari, Anita Malfatti e Victor Brecheret...[+]
A Pinacoteca do estado em São Paulo comemorou em 2005 o seu primeiro centenário de existência. Fundada em 1905, pelo governo do estado de São Paulo, a Pinacoteca é o museu de arte mais antigo em São Paulo...[+]
Esta obra visa comemorar centenário da Pinacoteca do Estado e oferecer uma visão histórica do museu de arte de São Paulo. O livro traz imagens do espaço e das obras do museu...[+]
Fotografias e informações sobre o projeto e aas esculturas a Pinacoteca do Estado expostas no Jardim da Luz...[+]
A escultura "Olímpico" de Raphael Galvez, foi concebida em 1954, em cimento tingido e passou a integrar o acervo da Pinacoteca do Estado através de uma transferência, via Departamento de Museus e Arquivos.
"Na rua em que ele morava foi aberta uma vala muito profunda para obras de saneamento. O barro que saiu formou, segundo um depoimento seu, 'uma montanha enorme, que, para mim, parecia um morro, uma cor de ocre, dourada'. Suas mãos foram parar no barro. Resultado: rosas e bonecos começaram a aparecer. O avô materno viu e perguntou ao neto se ele gostava de fazer aquilo. 'Acho uma coisa extraordinária', foi a resposta. A mãe acatou a vocação do filho, e daí para o entalhe em madeira, modelagem de barro, gesso, desenho de figura geométrica e estampa, práticas assimiladas na Escola de Aprendizes Artifíces, no Centro da cidade, o tempo foi curto. era o início dos anos 20, e Galvez, já órfão de pai, tinha 12 anos."
[MOURA, Diógenes. "A múltipla criação de um homem só". Suplemento da Revista BRAVO!. BRAVO! Apresenta Raphael Galvez na Pinacoteca do Estado.]
Quatro anos antes, aos 8 anos, após 20 dias em repouso, por causa de sarampo, Raphael Galvez, relata que ao abrir a janela, passou a enxergar o que via de forma diferente:
"Eu admirei aquelas árvores, naquela atmosfera fria, naqueles cinzas, e parecia que eu queria fazer algo daquela paisagem, mas não tinha com o que fazer, porque eu não conhecia uma processo de desenhar ou pintar."
[MOURA, Diógenes. "A múltipla criação de um homem só". Suplemento da Revista BRAVO!. BRAVO! Apresenta Raphael Galvez na Pinacoteca do Estado.]
O pintor, escultor e desenhista, dentro de Raphael Galvez surgiu antes mesmo dele saber o significado dessas palavras. Após as aulas na Escola de Aprendizes Artífices, o artista frequentou o Liceu de Artes e Ofícios e a Escola de Belas Artes.
Durante seu período no Liceu de Artes e Ofícios, se por um lado, estava satisfeito com os recursos materiais disponíveis, por outro, o fato de trabalhar com formas prontas, muitas das peças trazidas da Europa por Ramos de Azevedo, como a cópia da A Vênus de Milo, ou modelos de grandes vasos voltados para decoração de casas da elite paulista, o deixavam descontente, "ali estava a técnica, mas não bastava. Era preciso criar" [MOURA, Diógenes. "A múltipla criação de um homem só". Suplemento da Revista BRAVO!. BRAVO! Apresenta Raphael Galvez na Pinacoteca do Estado.].
Nesse período, conheceu o escultor Nicola Rollo e passou a frequentar o seu ateliê, onde, seu lado criativo ganhou novo impulso e "aprendeu" outras lições que moldariam sua relação com a arte:
"Rollo o vê esculpindo um pé de barro em tamanho natural. Irritado, empurra a peça para o chão repetindo que é preciso fazer "grande, grande'. Bastou para Galvez aprender duas lições, segundo outro testemunho seu: 'Uma era a dimensão, a outra era a humildade'. Logo depois reage, encomenda material, molda um pé de barro de dois metros cúbicos. Rollo considera a obra '... Uma tempestade, uma revolução'."
[MOURA, Diógenes. "A múltipla criação de um homem só". Suplemento da Revista BRAVO!. BRAVO! Apresenta Raphael Galvez na Pinacoteca do Estado.]
Na década de 1930, Galvez participou de vários salões, do Grupo Santa Helena, frequenta vários ateliês e participa frequentemente de encontros com artistas e intelectuais que se reuniam no Centro de São Paulo.
Segundo Diógenes Moura, Raphael Galvez trabalhava em um ateliê, desprovido de energia elétrica, das 7 horas da manhá até ás 6 horas da tarde, sempre sob a luz natural, uma hábito que manteve por quase toda sua vida. Outra característica do artista, pode ser descrita como a de "colecionador de sua própria obra", em várias ocasiões mostrando suas obras para um grupo pequenos de amigos e "guardando-as" logo em seguida. Não vivia com a venda de obras e sim, com o salário que recebia da Marmoaria Maia, onde modelou relevos e esculturas para túmulos, até se aposentar em 1976.
Sobre a decisão de não comercializar suas obras, em uma conversa com Momesso, ele perguntou se este seria capaz de "vender um filho". Mantendo a maior parte de suas obras em casa, então, como elas chegaram ao grande público, como foram parar em uma grande exposição na Pinacotecado do Estado? Em 1982, o colecionador Orandi Momesso, viu uma obra de Galvez no Museu de Arte Moderna e, como nunca ouvira falar dele, foi procurá-lo. Com o contato, e o desenvolvimento da amizade entre ambos, Galvez decidiu que Momesso deveria ficar com as suas obras, após a sua morte (com o consentimento dos irmãos), oficializando a decisão através de uma escritura pública.