No dia 25 de março de 1907, ocorreu uma reunião no Largo do Riachuelo, n.19, para discutir a criação da Academia Paulista de Letras [Correio Paulistano, n. 15.663, 26 Mar. 1907]. Agendada para a 1 hora da tarde, na hora marcada, compareceram:
Dr. Basilio Machado foi escolhido para presidir as reuniões preparatórias, tendo como secretários Dr. Alfredo de Toledo e Álvaro Guerra. Dr. Joaquim José de Carvalho discorreu sobre a necessidade da criação da instituição. Dr. Wenceslau de Queiroz, propôs
"que tambem se elegessem algumas das nossas poetisas de reconhecido merito, pois a literatura não exclue sexo, - ideia que foi logo aceita."
[Correio Paulistano, n. 15.663, 26 Mar. 1907.]
Na reunião ficou decidido:
"I - O nome ou titulo da futura associação será Academia Paulista de Letras.
II - O numero de socios será primeiro de 30, que elegerão os 10 restantes, fazendo-se em cada anno a eleição de 2, até completar o numero dos 40.
III - Todo socio deve ser brasileiro, residente no Estado (sem exclusão de sexo).
IV - Os titulares ou patronos das diversas cadeiras serão escolhidos de preferencia entre os paulistas (sem exclusão de outros brasileiros que hajam residido no Estado de S. Paulo e conquistado um nome notavel nas nossas letras."[Correio Paulistano, n. 15.663, 26 Mar. 1907.]
A reunião seguinte foi marcada para 7 de abril de 1905, no salão do Instituto Histórico; para organizar os estatutos foram escolhidos: Dr. Joaquim José de Carvalho, Dr. Couto de Magalhães Sobrinho e Dr. Alfredo de Toledo. A reunião durou cerca de 3 horas, sendo concluída por volta de 4 horas da tarde. Assim como na primeira reunião, os integrantes proseguiram com as escolhas dos patronos para suas cadeiras, com as discussões sobre a elaboração dos estatutos para a futura associação. Foi marcada uma nova reunião para 6 de junho de 1907, porém, a mesma foi cancelada por causa dos problemas de saúde do Dr. Brasílio Machado.
Segundo o Dicionário de História de São Paulo, de Antonio Barreto do Amaral, a Academia Paulista de Letras foi finalmente fundada em 5 de outubro de 1909. A sessão solene de inauguração foi realizada no salão nobre do Conservatório Dramático e Musical, no dia 27 de novembro do mesmo ano.
Os quarenta sócios-fundadores e seus respectivos patronos eram:
Basílio Machado > Brigadeiro J.J. Machado de Oliveira
Dino Bueno > Visconde de São Leopoldo
Luís Pereira Barreto > Benjamin Constant
Joaquim José de Carvalho > A.C.Miranda Azevedo
Ulisses Paranhos > Eduardo Prado
João Vampré > José Vieira Couto de Magalhães
José de Freitas Guimarães > José Bonifácio (O Moço)
Presciliana Duarte de Almeida > Bárbara Eliodora
Wenceslau de Queirós > Alvares de Azevedo
Eduardo A.C. Guimarães > Cesário Mota Júnior
Monsenhor Francisco de Paula Rodrigues > Bartolomeu de Gusmão
Alberto Seabra > Paulo Egídio de Oliveira Carvalho
Erasmo Braga > Alexandre de Gusmão
Martim Francisco Filho > Coronel Martim Francisco
Alberto Faria > Luís Gama
Carlos de Campos > Américo de Campos
Sílvio de Almeida > Júlio Ribeiro
Benedito Otávio > Antônio Toledo Piza
Cláudio de Souza > Barão de Piratininga
Reinaldo Porchat > Ezequiel Freire
Luís de Almeida Nogueira > Antônio Carlos Ribeiro de Andrada
Estevão de Almeida > João Monteiro
Cônego Manfredo Leite > Manuel Vicente
Carlos Ferreira > Quirino dos Santos
Antônio de Oliveira > Francisco Adolfo Varnhagen
Pedro Gomes Cardim > Artur Azevedo
Luís Barbosa da Gama Cerqueira > Barão de Ramalho
Rubião Meira > Caetano de Campos
Valdomiro Silveira > Paulo Eiró
Eugênio Egas > Diogo Antônio Feijó
Hipólito da Silva > Francisco Rangel Pestana
Ezequiel Ramos Júnior > Ezequiel Ramos
Amadeu Amaral > Teófilo Dias
Basílio de Magalhães > Pedro Taques
José Vicente Sobrinho > Antônio de Godoi
Raul Soares > Euclides da Cunha
Rafael Correia da Silva Sobrinho > João Mendes de Almeida
Adolfo A.Pinto > Clemente Falcão Filho
Pedro de Toledo > Gabriel Rodrigues dos Santos
José Feliciano > José Bonifácio de Andrada e Silva.
Na publicação "Academia Paulista de Letras: 90 anos" (1999), Myriam Ellis reproduz a descrição do evento publicada no Correio Paulistano, no dia seguinte à inaguração:
"Já é uma realidade a Academia Paulista de Letras. O Estado de São Paulo, que tanto se salienta sob muitos pontos de vista, pode dizer que conta, de hoje em diante, com um núcleo coeso, vivo e fecundo de intelectuais aparelhados a movimentar o nosso meio literário, que tem sido acanhado e restrito devido à centralização que, desde muito, existe no tocante às letras. Não podia ser mais brilhante nem mais significativa a instalação oficial da nossa Academia de Letras, tal a solenidade de que se revestiu, podendo dizer-se mesmo que nunca se viu em São Paulo uma sessão literária tão importante como a de ontem..."
[VÁRIOS Autores. Academia Paulista de Letras: 90 anos. São Paulo: Academia Paulista de Letras / Imesp, 1999, p. 14.]
Sem uma sede própria, durante anos os integrantes da Academia Paulista de Letras utilizaram espaços como o Instituto Histórico, o Conservatório Dramático, até mesmo o antigo restaurante do Mappin para suas reuniões.
De acordo com as pesquisas de Célio Debes (Vários Autores, 2009), Alcântara Machado interessou-se pela edificação onde funcionava o "Dispensário Álvaro Guião", pertencente ao Governo do Estado. Com a morte de Machado, René Thiollier seguiu com a ideia, na tentativa de conseguir a doação tanto do prédio de um pavimento, como do terreno, localizado no Largo do Arouche - com cerca de 28 mestros de frente e 40 metros de comprimento.
Com a indicação e posse de Guilherme de Almeida no cargo de Secretário do Conselho Estadual de Bibliotecas e Museus, surgiu a oportunidade de concretização da doação. O pedido foi realizado na própria solenidade de posse de Guilherme de Almeida e autorizado por Fernando Costa, então Interventor Federal. No dia 11 de outubro de 1944, oficializou-se a doação, com a assinatura da "Escritura de Doação que faz a fazenda do Estado à Academia Paulista de Letras".
Com a escritura do terreno em mãos, restava a obtenção dos recursos para a construção da edificação. Somente em 11 de dezembro de 1947, a Caixa Econômica Federal outorgou a "Escritura de mútuo, a título de financiamento, com garantia hipotecária".
Em 25 de janeiro de 1948, foi lançada a pedra fundamental do edifício, projeto do arquiteto Jacques Pillon. Enquanto aguardavam pela concretização e finalização da obra, a secretaria e redaçãod a revista da Academia Paulista de Letras funcionava no escritório de René Thiollier, localizado na Rua XV de Novembro.
Com as obras ainda inacabadas, deu-se a primeira reunião na nova sede, em 24 de abril de 1952. O prédio só seria concluído em 1955.
NALINI, José Renato. Academia Paulista De Letras: 100 Anos. São Paulo: Imprensa Oficial, 2009.
VÁRIOS Autores. Academia Paulista de Letras: 90 anos. São Paulo: Academia Paulista de Letras / Imesp, 1999.
"A Academia Paulista de Letras, criada em 1909, veio configurar um espaço de convivência cultural, em uma São Paulo efervescente economicamente, porém carente de pontos de encontro de intelectuais. A oportunidade para concretização de uma sede própria acontece apenas em 1944, em pleno regime de exceção, quando o Estado era presidido pelo Interventor Federal Fernando Costa, que então oferece em doação o prédio de um pavimento no largo do Arouche. A cerimônia de início simbólico das obras se dá em 25 de janeiro de 1948, com projeto do arquiteto Jacques Pilon. Também autor do projeto da Biblioteca Municipal Mario de Andrade e do viaduto do Pacaembu, o edifício viria a configurar uma renovação da arquitetura na época, expressando novos tratamentos plásticos na paisagem urbana. A instituição figura como referência marcante da vida cultural paulista, refletindo em sua existência diversas etapas da nossa trajetória literária."
Localização: Largo do Arouche nºs 312 a 324
Número do Processo: 59.127/09
Resolução de Tombamento: Resolução SC-13, de 22.03.2010
Publicação do Diário Oficial: Poder Executivo, 12/05/10, pg. 35.
Livro do Tombo Histórico: inscrição nº 370, pg. 101.
Correio Paulistano, n. 15.663, 26 Mar. 1907.
Correio Paulistano, n. 15.674, 8 Abr. 1907.
Correio Paulistano, n. 15.733, 4 Jun. 1907.
Correio Paulistano, n. 15.736, 7 Jun. 1907.
Correio Paulistano, n. 23.805, 7 Mar. 1930.
AMARAL, Antonio Barreto do. Dicionário de história de São Paulo. Coleção Paulística. Volume XIX. São Paulo: Imesp, 2006.
VÁRIOS Autores. Academia Paulista de Letras: 90 anos. São Paulo: Academia Paulista de Letras / Imesp, 1999.
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