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Centro de São Paulo

Américo Brasílio de Campos

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atualizado em: 23 de janeiro de 2022

 

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Américo Brasílio de Campos, nasceu em Bragança Paulista/SP, em 12 de agosto de 1838, filho de Bernardino José de Campos (natural da Bahia e formado pela Academia de Direito de São Paulo, em 1834). Foi um dos editores do semanário humorístico Cabrião (1866 - 1867); na época em que circulou o periódico, Campos era, também, diretor e redator do Correio Paulistano - cargo que assumiu em 1865.

Formado pela Academia de Direito, em 1860, após a conclusão do curso, exerceu o cargo de promotor público em Itu, até o ano de 1863.

Segundo a descrição de Almeida Nogueira:

Com fortes traços de crítica social, aliados a inovações de linguagem e caricaturas, uma imprensa humorística enfrentou, no começo do século XX, o bom tom pretendido em publicações concorrentes, como a Cigarra e os jornais O Estado de S. Paulo, Correio Paulistano e Diário Popular. As redações ficavam no chamado Triângulo, a convergência das ruas Quinze de Novembro, São Bento e Direita. Era lá, num ambiente que preparava o terreno para o modernismo de 1922, que tudo acontecia. Ao lado das grandes confeitarias, das pensões alegres e das lojas requintadas, os jornalistas descreviam, em tom de paródia, o cotidiano de uma cidade caipira, que misturava o italiano, o alemão e o japonês ao erre interiorano."De estatura meã, cabelos crespos tirando para o louro e formando touceira no lato a cabeça; pouca barba, da mesma cor dos cabelos, olhos mortos, expressão melnacólica. De temperamento nada expansivo; excêntrico, humor vário e desigual; sem a jovialidade peculiar aos estudantes. Inteligência, porém, vivíssima, e alma de artista. Amava apaixonadamente a música e tocava violino, poucas vezes, é verdade, porém... mal.

Durante seu curso jurídico, estudou astronomia, história, literatura, filosofia, estética, música, etc. Tudo estudava com ardor, com avidez, tudo, menos - Direito.

Não trazia então o seu característico e inseparável cache-nez ou pala dobrada, sobre os ombros; em compensação, usava já então chepéu mole, a velocípede, embora envergando casaca. E desta não se podia dispensar, já porque era o traje da moda, muito ususal no traquejo diário, como também porque, de outro modo, alguns lentes, verbi gratia o Veiga Cabral, não deixariam de notar com desfavor a falta de compostura no vestuário.

(...)

Outra originalidade característica do Américo era a sua paixão pelo açúcar, a ponto de adubar com ele a comida. Não se limitava a apreciá-lo, como toda a gente, em dose discreta, na ervilha e nos pastéis de carne; deitava açúcar em todos os pratos, na sopa, no feijão (como nele se põe farinha, à brasileira, no peru e no roast-beef, como os alemães; e também no arroz, nos guizados, no leite, nas frutas, etc. etc. Estamos a postar que ele deitava açúcar até no melado e na cocada."

[NOGUEIRA, Almeida. Academia de São Paulo: tradições e reminiscências: volume 5. São Paulo: Saraiva, 1977, 98-100.]

"Boêmio incorrigível, culto e talentoso, manifestava incontido entusiasmo pela música e por certos estudos, não pelos seus resultados, mas por eles mesmos, ao contrário de seu irmão mais jovem, Bernardino de Campos, sempre dedicado às coisas chamadas úteis da vida.

Nos seus tempos de estudante andara em companhia de Fagundes Varela, do musicista Emílio do Lago, do clarinetista Henrique Levy, Huascar de Vergara e Ferreira de Menezes, em serenatas inesquecíveis.

Amigo de Carlos Gomes, do Maestro Elias Álvares Lobo, paulista de Itu, era Américo de Campos profundo conhecedor de música. Além de brilhante jornalista, teve grande influência no desenvolvimento da educação musical da Paulicéía."

[SANTOS, Délio Freire dos. Cabrião: seminário humorístico editado por Ãngelo Agostini, Américo de Campos e Antônio Manoel dos Reis, 1866 - 1867. São Paulo: Unesp, Imesp, 2001.]

 

As fotos deste livro foram encontrados em meados de 2000, durante uma reforma no Centro de Documentação e Informação do jornal O Estado de S. Paulo, quando um grande volume empacotado com papelão grosso e certamente fechados à décadas foi aberto, revelando seis álbuns encardenados com mais de setessentas fotos de São Paulo entre os anos de 1860 e 1930. justamente a fase de transição de uma acanhada cidade para a metrópole que hoje conhecemos.Após o Cabrião, de 1875 a 1884, fundou e dirigiu, com Francisco Rangel Pestana e José Maria Lisboa, o jornal A Província de São Paulo que, com a proclamação da República, foi rebatizada como O Estado de S. Paulo.

Em 1884, com José Maria Lisboa, fundou o Diário Popular, para o qual redigiu seus artigos até o ano de 1890. E, juntamente com Américo Brasiliense, Luiz Gama, Betholdi Jayme Serva, Amelung, entre outros, foi um dos fundadores da Loja América, "instituída sob roupagens maçônicas" (NOGUEIRA, 1977, p. 100), mas, na prática, um centro de propaganda abolicionista e republicana.

Foi casado com Dona Anna Amalia Peixoto de Campos, com quem teve seis filhos. Em março de 1890 foi nomeado cônsul do Brasil em Nápoles, onde faleceu, em 20 de janeiro de 1900.

 

Publique seu livro.

 

referências bibliográficas

AMARAL, Antonio Barreto do. Dicionário de história de São Paulo. Coleção Paulística. Volume XIX. São Paulo: Imesp, 2006.

NOGUEIRA, Almeida. Academia de São Paulo: tradições e reminiscências: volume 5. São Paulo: Saraiva, 1977.

SANTOS, Délio Freire dos. Cabrião: seminário humorístico editado por Ãngelo Agostini, Américo de Campos e Antônio Manoel dos Reis, 1866 - 1867. São Paulo: Unesp, Imesp, 2001.

 

 

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