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Centro de São Paulo

capomastri

dicionário online sobre o centro de são paulo

atualizado em: 16 de fevereiro de 2021

 

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De acordo com Ceni (2003), por volta de 1875 começaram a aparecer solicitações de licenças à prefeitura, de imigrantes italianos, inicilamente para construir casas simples, de modestas dimensões e barracões para a instalação de oficinas - serralherias e carpintarias.

"Mas nos anos seguintes o número desses italianos se multiplica, pois, ao lado dos modestos operários que desejavam construir apenas sua moradia ou lugar de trabalho, foram surgindo pequenos empreiteiros e os famosos capomastri, mestre-de-obras que na maioria dos casos não passavam de simples pedreiros com tendências a autopromoções, já que, com o correr dos anos, as mesmas pessoas aparecem assinando pedidos de licenças de construções, inicialmente como mestre-de-obras e depois na qualidade de construtores e até de arquitetos."

[CENNI, Franco. Italianos no Brasil: “Andiamo in’Mérica”. São Paulo: Edusp, 2003, p.398.]

 

Durante esse período - fim do século XIX - os italianos chegaram a representar cerca de 75% dos pedreiros no Brasil e perto dos 100% no que se refere aos mestres-de-obras, e essa presença era vista nas características arquitetônicas de diversas residências na cidade de São Paulo:

"Ruas inteiras eram povoadas de casas térreas que obedeciam rigorosamente a um mesmo esquema: entrada lateral, uma carreira de quartos enfileirados. com a cozinha no fim e depois o quintal."

[CENNI, Franco. Italianos no Brasil: “Andiamo in’Mérica”. São Paulo: Edusp, 2003, p.399.]

 

Um dos capomastri, responsável por várias edificações no bairro nas Ruas da Barra Funda e Adolfo Gordo, foi Domenico Sordini. Outros logradouros com grande presença das obras dos capomastri eram: Alameda Barão de Limeira, Rua Marquês de Itu, Rua dos Italianos, Rua dos Alpes, Rua Lombardi.

"No Bexiga, os 'capomastri' deixaram incontáveis obras. Contam antigos moradores daaquele populoso bairro que esses mestres dispensavam planta. Riscavam diretamente no chã, com a ponta do guarda-chuva, o alinhamento das paredes. A fachada posteriormente recebia uam composição de estuques, cartelas, colunelos, arrematados superiormente por ânforas de gosto neoclássico. Estas últimas responsáveis pela denominação 'estilo compoteira' por que passou a ser conhecido esse tipo de trabalho.

Essas residências colocadas em lotes de oito, cinco metros e até menos de frente por cinquenta ou sessenta de fundo, têm, na verdade, plantas muito semelhantes. Nunca ficavam prontas: a casa ia, aos poucos, sendo acrescida de 'cômodo e cozinha' que se repetiam até o fundo do lote. Cada cômodo e cozinha recebia uma família de imigrantes. Resultado, o Bexiga ficou colocado, certa época, entre os bairros mais densamente povoados do mundo."

[DANON, Diana Dorothèa, TOLEDO, Benedito de Lima. São Paulo: "Belle Époque". São Paulo: Editora Nacional / EDUSP, 1974, p. 14.]

 

Como destacam Athayde Jorge (1988) e Pires (2006), nas novas casas, as taipas de pilão começam a ser substituídas pelos tijolos. E fora delas, Ceni (2003) relata que até a década de 1880, poucas eram as pontes existentes na cidade de São Paulo e em quase sua totalidade, com características da cosntrução portuguesa, feitas de pedras, como as localizadas sobre o Rio Tamanduateí e sobre o Córrego das Almas.

"Conta-se que naquela época vivia na cidade o empreiteiro italinao José Possetti, que por ocasião da construção de uma nova ponte apresentou-se à concorrência com um projeto original, prevendo o emprego de materiais ainda não conhecidos em São Paulo. Não foi levado à sério. Tratava-se, decerto, de construção em concreto armado - escreveu o engenheiro Agenor Guerra Correa - estando Possetti possivelmente ao par de experiências, então recentes, realizadas na Alemanha, na França e na Itália."

[CENNI, Franco. Italianos no Brasil: “Andiamo in’Mérica”. São Paulo: Edusp, 2003, p.399.]

 

Utilizando como guia o "Cinque Ordini di Architettura", de Giacomo Barozzi Da Vignola, os cappomastri ignoravam

"as soluções construtivas da utilização do espaço, preocupavam-se essencialmente em reproduzir elementos decorativos que poderiam dar uma aparência de estilo aos seus elementares caixotes (...). Quando começaram a surgir em maior número os sobrados, o mesmo processo arquitetônico não deixou de ser fatalmente transferido para o andar superior, com a única variante de um balcão com balaústre de alvenaria ou em ferro batido, comuns nas construções de gosto português, enquadrados em elementos decorativos da Renascença. A moda alastrou-se (...) entre os empreiteiros locais, e ainda hoje inúmeras são, em São Paulo, as construções de estilho neoclássico."

[CENNI, Franco. Italianos no Brasil: “Andiamo in’Mérica”. São Paulo: Edusp, 2003, p.399-400.]

 

Danon e Toledo (1974) destaca a presença dessas características das obras dos capomastri nas "ruas de comércio" do final do século XIX: muitos dos comerciantes optavam por residir no estabelecimento, assim, era comum reservar o pavimento térreo para o estabelecimento comercial e o andar superior para a residência do proprietário - a Casa da Bóia, na Rua Florêncio de Abreu é um exemplo desse tipo de construção -,

"o térreo recebia um tratamento sumário, alguns até com colunas metálicas destinadas a aumentar os vãos livres, num comércio onde a vista das mercadorias é de grande importância.

Já no pavimento superior, o tratamento é mais elaborado, atestando tanto a prosperidade do comerciante como sua maior preocupação com o setor da casa reservado à família.

Para responder a essas preocupações exibicionistas, os 'capomastri' não se fizeramd e rogados e o resultado foi uma sucessão de sobrados com fachadas contanto com elementos de arquitetura de todas as épocas: cartelas de rococó, balcões recurvados, arcos de todos os tipos - pleno, abatido, lanceolado, otomano, etc. - platibandas e frontões do neo-clássico e até bow-windows."

[DANON, Diana Dorothèa, TOLEDO, Benedito de Lima. São Paulo: "Belle Époque". São Paulo: Editora Nacional / EDUSP, 1974, p. 13-14.]

 

 

referências bibliográficas

CENNI, Franco. Italianos no Brasil: “Andiamo in’Mérica”. São Paulo: Edusp, 2003.

DANON, Diana Dorothèa, TOLEDO, Benedito de Lima. São Paulo: "Belle Époque". São Paulo: Editora Nacional / EDUSP, 1974.

JORGE, Clóvis de Athayde. Luz: notícias e reflexões. Histórias dos bairros de São Paulo. São Paulo: DPH - Departamento do Patrimônio Histórico, 1988.

PIRES, Mario Jorge. Sobrados e barões da velha São Paulo. Barueri, SP: Manole, 2006.

 

 

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