Imigrante alemão, natural da Prússia, chegou ao Brasil em 1827. Na listas feitas por Dr. Justiniano de Mello Franco, diretor do núcleo de Santo Amaro-Itapecirica (área destinada aos imigrantes alemães), nas décadas de 1830 e 1840, Christ aparece nos dados da documentação como sendo proprietário de armazém na capital.
Segundo as pesquisas de Siriani (2003), André Christ conheceu Catharina Dorespach (ou Donsbach), também imigrante alemã, no Brasil, casaram-se e foram morar na Rua Direita (não na área central, mas, logradouro de mesmo nome na Vila de Santo Amaro). Catharina tinha uma filha com o mesmo nome do primeiro casamento, e Christ "apegado à sua pequena filha, criava-a com tosos os desvelos paternais" (SIRIANI, 2003, p. 73).
Catharina adoeceu e faleceu por volta de 1840, na época, sua filha tinha cerca de 14 anos. Christ, desconhecendo as leis locais, não providenciou um inventário, sendo, posteriormente, intimado a fazê-lo pelas autoridades do distrito em que vivia. Os detalhes de seus bens estão descritos na publicação "Uma São Paulo Alemã: vida cotidiana dos imigrantes germânicos na Região da capital (1827-1889)", de Silvia Cristina Lambert Siriani (2003). Após a conclusão do inventário, descontados as dívidas, o montante foi dividido entre Christ e a jovem Catharina, cabendo a esta, a casa mencionada da Rua Direita (Vila de Santo Amaro).
Segundo Siriani (2003), não há informações sobre o que ocorreu com a órfã, quando este decidiu abandonar o núcleo de imigrantes da região de Santo Amaro, para estabelecer uma armazém de secos e molhados na freguesia de Santa Ifigênia, tornando-se um comerciante conhecido na região.
Em 20 de setembro de 1855, segundo Nuto Sant'anna (1950), André Christ, juntamente com Francisco Ameling, solicitaram à Cãmara Municipal, licença para a criação e bate de porcos, no Beco dos Sapos, ao lado da ponte do Acu, na propriedade que pertencia a um deles, porém, tal pedido foi negado.
Em 10 de novembro de 1855, André Christ e João Greiner brincavam atirado batatas um ao outro, em frente ao estabelecimento do primeiro, quando atingiram escravo João (pertencente ao Dr. Joaquim Justo da Silva) que naquele momento, prestava serviços para Jorge Greiner, estabelecimento vizinho de Christ. João usava óculos e uma das batatas atingiu seu olho esquerdo. O acidente foi reportado ao delegado que ordenou o recolhimento de Christ à prisão, para averiguação e julgamento.
Há uma descrição no texto de Alzira Lobo de Arruda Campos, que data, também de 1855, porém sem detalhes se tal reação violenta de Christ ocorreu no ato do cumprimento de seu mandato de prisão, relacionado ao incidente acima mencionado ou se está associado a outro evento:
"Achava-se na porta de sua casa André Christ gracejando com o mesmo asperamente. (...) aconteceu que o mesmo André, contra o costume, indgnou-se com o interrogado e descarregou uma bofetada sobre a cabeça que o deitou por terra, pisando então sobre a face deste, enquando o sobrinho puxava-lhe as pernas"
[CAMPOS, Alzira Lobo de Arruda. Capítulo 6 - O reverso do lazer: as "inquietações públicas" e o cotidiano na prisão. IN: PORTA, Paula (org.). História da Cidade de São Paulo: a cidade na primeira metade do século XX 1890-1954. Volume 2. São Paulo: Paz e Terra, 2004, p. 298.]
Na delegacia, André Christ informou que pagara ao Dr. Joaquim Justo da Silva, como "indenização", cerca de 20$000 tanto para os custos relacionados aos curativos ncessários, como pela compensação da "jornada de trabalho" que João não poderia exercer até seu reestabelecimento - nesse período era comum, nas áreas urbanas, encontrar "escravos de ganho", esses prestavam serviços para terceiros, repassando seus pagamentos, ou parte deles, para o seu "proprietário". Com base nessa informação, e a testemunha da própia vítima, o júri absolveu Christ, considerando que ele não agira de má fé ao atingir o olho de João.
No Indicador de São Paulo, administrativo, judicial, industrial, profissional e comercial para o ano de 1878, consta o nome de Andre Christi, como "loja de molhados e generos do paiz", assim como também em "açougues", localizado no Largo do Rosário.
CAMPOS, Alzira Lobo de Arruda. Capítulo 6 - O reverso do lazer: as "inquietações públicas" e o cotidiano na prisão. IN: PORTA, Paula (org.). História da Cidade de São Paulo: a cidade na primeira metade do século XX 1890-1954. Volume 2. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
MARQUES, Abílio A. S. Indicador de São Paulo, administrativo, judicial, industrial, profissional e comercial para o ano de 1878. Edição fac-similar. São Paulo: IMESP / DAESP, 1983.
SANT´ANNA, Nuto. Metrópole: histórias da cidade de São Paulo, também chamada São Paulo de Piratininga e São Paulo do Campo em tempos de El-Rei, o Cardeal Dom Henrique, da Dinanstia de Avis - volume 1. São Paulo: 1950.
SIRIANI, Silvia Cristina Lambert. Uma São Paulo Alemã: vida cotidiana dos imigrantes germânicos na Região da capital (1827-1889). São Paulo: Imesp, 2003.
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