Em 1842, Henrique Fox, então estabelecido na cidade, com loja de comércio de relógios, jóias e instrumentos de música na Rua da Imperatriz (atual Rua Quinze de Novembro), foi o responsável pela construção e instalação do relógio do torre da Catedral da Sé, cuidando de sua manutenção por quase meio século, até 1891, data de seu falecimento.
"Durante todos estes anos, segundo um cronista da vida paulistana, ereto, envergando suas conhecidas suíças, dobrava a esquina da praça da Sé, pelo lado da rua Capitão Salomão, e entrava na Catedral para inspecionar sua obra. Esta metódica jornada fez com que o relógio da Sé nunca atrasasse. "
[O RELÓGIO DA SÉ E O LEGISLATIVO PAULISTA. Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, 27 Fev. 2004. Disponível em: <https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=266280>. Acesso em: 19 Jul. 2020.]
Em 28 de setembro de 1854, Henrique Fox consta na lista de passageiros, descrito como "inglez", com entrada através do Porto de Santos - origem Rio de Janeiro, vapor Josephina [CORREIO PAULISTANO, n.81, 30 Set. 1854].
Os primeiros anúncios localizados no Correio Paulistano indicavam a comercialização de produtos agrícolas:
"ARADOS E DEBULHADORES DE MILHO
Na casa de Henrique Fox rua do Rozario n.3, vendem-se arados e debulhadores de milho"
"NA rua Rozário n.3 existe uma porção de champagne, de optima qualidade, que se venderá muito em conta"
[CORREIO PAULISTANO, n.182, 3 Fev. 1855.]
"SEMENTE DE
ORTALICERecentemente chegadas, e frescas. Acham-se á venda em casa de Henrique Fox, rua do Rozario n.3"
[CORREIO PAULISTANO, n.188, 10 Fev. 1855.]
Em maio de 1855, o endereço de Fox foi indicado para contato - intermediação - relacionado com a vende de propriedade no Braz:
"VENDE-SE a chacara no Braz que foi do finado Bispo; para tratar dirijam-se á casa de Henrique Fox, rua do Rozario n.3"
[CORREIO PAULISTANO, n.266, 28 Mai. 1855.]
As reuniões de associações religiosas eram eventos sociais importantes na São Paulo do século XIX, em agosto 1855, Fox, assim como diversos outros moradores constava na lista de devotos e membros da Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e São João Batiptista [CORREIO PAULISTANO, n.316, 31 Ago. 1855].
Em novembro de 1855, Fox, juntamente com outros comerciantes da capital, assinou a solicitação feita para o presidente da província, para que o cordão sanitário - estabelecido para impedir a epidemia - fosse cancelado para que as mercadorias no porto de Santos fossem enviadas para São Paulo [CORREIO PAULISTANO, n.339, 21 Nov. 1855].
Em março de 1856, os produtos descritos nos anúncios publicados ainda estavam relacionados com produtos agrícolas - porém, no mesmo ano foi possível localizar anúncios de remédios:
"SEMENTE DE ORTALIÇA E FLORES
Chegou ha pouco de Europa, um rico e variado sortimento de sementes de flores, na rua do Rozario n.3, casa de Henrique Fox"
[CORREIO PAULISTANO, n.3(?), 5 Mar. 1856.]
O anúncio abaixo foi publicado nos anos de 1855 e 1856:
"O SALVA VIDAS
OU
Gottas anti-cholericas
DE
MALTA
PARA TRATAMENTO DO CHORELA-MORBUS
Vende-se em S. Paulo, unicamente nas casas seguintes: rua Direita n. 22, em casa do senhor Antonio Bernardo Quartim, n. 44 em casa dos senhores Moreira etc. Santos: rua do Rozario, n. 3 em casa do senhor Henrique Fox, e em Santos rua Antonina n. 17, em casa do senhor João Manoel Alfaia Rodrigues."
[CORREIO PAULISTANO, n.352, 4 Jan. 1856.]
Calçados, sementes de hortaliças, remédios, itens de vestiário e local de "achados e perdidos", descreviam os serviços e produtos prestados por Fox:
Nos anúncios de abril de 1862, Fox comercializava calçados na casa número 2 da Rua do Rozario e sementes de hortalizaças na mesma rua, porém, na casa de número 3:
Provavelmente, seu estabelecimento era conhecido na cidade, pois, no anúncio de novembro de 1865, referente a um objeto perdido, foi mencionado como local de entrega a casa de Henrique Fox mas, sem informações de sua exata localização - rua e número:
Em fevereiro de 1863, além de calçados, Fox anunciava vários tipos de peças de vestuário:
Em março de 1863, a casa de Fox - sem mencionar o endereço correto - era indicada para entrega de um alfinete de brilhante perdido [CORREIO PAULISTANO, n.2054, 14 Mar. 1863]. Em maio do mesmo ano, sua casa também é indicada como local de entrega dos "achados e perdidos" da época, porém, nesse casa, seu endereço foi mencionado:
É interessante observar que o endereço de Fox - Rua do Rozário, número 3 - foi mencionado em anúncios desde 1855, a permanência no mesmo endereço por vários anos explicava a ausência das indicações de localizações em anúncios anteriores.
Fox deveria ter uma boa reputação e, provavelmente, era um comerciante de confiança, pois, os anúncios de "achados e perdidos com grtificação" continuavam mencionando a sua casa:
A abolição da escravatura seria promulgada mais de duas décadas depois, em 1863 anúncios sobre oferta e demanda de escravos eram presentes nos periódicos; a casa de Fox, além de endereço para entrega de objetos perdidos, também servia de contato para a aquisição de escravos [CORREIO PAULISTANO, n.2268, 4 Dez. 1863].
No início de 1864, Fox publicou anúncios em português e inglês - seria para atrair residentes estrangeiros para sua loja ou a utilização da língua inglesa poderia acrescentar percepção de valor e boa qualidade para suas mercadorias?
Além dos produtos novos comercilializados - calçados e vestuário - Fox aproveitava o espaço do anúncio comprado para informar ao público a disponibilidade de um "piano de mesa de segunda mão":
Em julho de 1864, os anúncios do estabelecimento de Fox, apresentaram novos produtos para venda: instrumentos musicais.
Em setembro de 1864, os anúncio de Fox apresentaram um novo produto à venda no estabelecimento:
Remédios foram adicionados aos produtos vendidos na loja de Fox, em novembro de 1864:
YAMAGAWA, Mônica. Henrique Fox - História do Comércio do Centro de São Paulo. Moyarte. Disponível em: <http://www.moyarte.com.br/centro-de-sao-paulo/historia-do-comercio /indice-historia-comercio.html>. Acesso em: 21 Out. 2021.
[Em "Acesso em", indicar a data de consulta, data de acesso ao site].
CORREIO PAULISTANO, n.81, 30 Set. 1854
CORREIO PAULISTANO, n.3(?), 5 Mar. 1856.
CORREIO PAULISTANO, n.182, 3 Fev. 1855.
CORREIO PAULISTANO, n.188, 10 Fev. 1855.
CORREIO PAULISTANO, n.266, 28 Mai. 1855.
CORREIO PAULISTANO, n.316, 31 Ago. 1855.
CORREIO PAULISTANO, n.339, 21 Nov. 1855.
CORREIO PAULISTANO, n.352, 4 Jan. 1856.
CORREIO PAULISTANO, n.376, 5 Mar. 1856.
CORREIO PAULISTANO, n.500, 24 Fev. 1857.
CORREIO PAULISTANO, n.562, 17 Jun. 1857.
CORREIO PAULISTANO, n.604, 12 Dez. 1857.
CORREIO PAULISTANO, n.709, 1 Jul. 1858.
CORREIO PAULISTANO, n.882, 3 Mar. 1859.
CORREIO PAULISTANO, n.910, 9 Abr. 1859.
CORREIO PAULISTANO, n.1031, 18 Set. 1859.
CORREIO PAULISTANO, n.1078, 16 Nov. 1859.
CORREIO PAULISTANO, n.1781, 12 Abr. 1862.
CORREIO PAULISTANO, n.1782, 13 Abr. 1862.
CORREIO PAULISTANO, n.1965, 23 Nov. 1862.
CORREIO PAULISTANO, n.1985, 18 Dez. 1862.
CORREIO PAULISTANO, n.2037, 21 Fev. 1863.
CORREIO PAULISTANO, n.2054, 14 Mar. 1863.
CORREIO PAULISTANO, n.2093, 5 Mai. 1863.
CORREIO PAULISTANO, n.2235, 27 Out. 1863.
CORREIO PAULISTANO, n.2262, 27 Nov. 1863.
CORREIO PAULISTANO, n.2267, 3 Dez. 1863.
CORREIO PAULISTANO, n.2268, 4 Dez. 1863.
CORREIO PAULISTANO, n.2293, 6 Jan. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2314, 2 Fev. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2383, 28 Abr. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2408, 29 Mai. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2434, 1 Jul. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2445, 14 Jul. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2484, 30 Ago. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2486, 1 Set. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2501, 20 Set. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2521, 15 Out. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2531, 27 Out. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2557, 30 Nov. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2566, 11 Dez. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2626, 23 Fev. 1865.
CORREIO PAULISTANO, n.2637, 8 Mar. 1865.
CORREIO PAULISTANO, n.3209, 6 Dez. 1867.
DIÁRIO DE S.PAULO, n.171, 3 Mar. 1866.
O RELÓGIO DA SÉ E O LEGISLATIVO PAULISTA. Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, 27 Fev. 2004. Disponível em: <https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=266280>. Acesso em: 19 Jul. 2020.
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