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Centro de São Paulo

André da Silva Gomes

dicionário online sobre o centro de são paulo

atualizado em: 19 julho 2020

 

home > dicionário > André da Silva Gomes - 1828

 

Em 1828, constava como morador do Pátio de São Gonçalo e descrito como "tenente". Na década de 1840, é mencionado como um dos responsáveis, em São Paulo, por ensinar música a "Maneco" - Manuela José Gomes, pai do compositor Carlos Gomes.

Nasceu em Lisboa, em dezembro de 1752, filho de Francisco da Silva Gomes e Inácia Rosa. Estudou em Portugal até 1774, quando veio para o Brasil na comitiva do bispo D. Manuel da Ressurreição. Consta que foi Mestre de Capela na Catedral de São Paulo entre 1774-1801.

"Silva Gomes trouxe consigo obras já prontas, tanto próprias quanto de compositores portugueses e italianos contemporâneos. Logo se envolveu nas atividades musicais da cidade, atuando não só na Sé, mas também em diversas irmandades locais, nas festas reais e na corporação do 1º Regimento de Infantaria de Milícias, no qual chegou a tenente-coronel.

A remuneração pelo ofício de mestre de capela na Sé era pequena, da ordem de 40.000 réis anuais; daí o compositor buscar outras fontes de renda. Pela atuação nas festas reais recebia 43.600 réis por ano. Em 1797 obteve o posto de Professor Régio de Gramática Latina. A discrepância de rendimentos se percebe quando o salário do novo ofício é mencionado: 400.000 réis por ano."

[MONTEIRO, Donald Bueno. Música Religiosa no Brasil colonial. FIDES REFORMATA XIV, Nº 1 (2009): 75-100. Disponível em: <https://cpaj.mackenzie.br/wp-content/uploads/2020/01/4-M%C3%BAsica-Religiosa-no-Brasil-Colonial-Donald-Bueno-Monteiro.pdf>. Acesso em: 19 Jul. 2020.

 

Nos estudos sobre a música católica em estilo antigo presente em manuscritos musicais preservados em acervos de dois estados brasileiros: São Paulo e Minas Gerais, Paulo Castagna localizou

"quinze obras em estilo antigo com autoria claramente indicada nos manuscritos, além de vinte obras com possível autoria".

[CASTAGNA, Paulo. O ‘estilo antigo’ no Brasil, nos séculos XVIII e XIX. I COLÓQUIO INTERNACIONAL A MÚSICA NO BRASIL COLONIAL, Lisboa, 9-11 out. 2000. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. p.171-215. UFPR - Universidade Federal do Paraná. Disponível em: <https://docs.ufpr.br/~budasz/CD06.pdf>. Acesso em: 19 Jul. 2020.]

 

Em 1822, após a proclamação da independência do Brasil, Dom Pedro I, com sua comitiva dirigiu-se à Sé onde foi apresentado "Te Deum" composto e regido por André da Silva Gomes.

Régis Duprat, musicólogo, localizou na década de 1960 obras de Silva Gomes que cobrem o período de 1774 a 1823, do ano em que o músico chegou a São Paulo até as últimas peças feitas para a Igreja de Cotia; não foram encontradas composições suas relativas ao período após 1823, talvez, pela idade avançada - 71 anos.

"O acervo de suas obras contém cerca de 130 peças religiosas. Duprat elenca, de maneira classificatória: 18 missas, 38 salmos, 14 ofertórios, 10 matinas, 8 motetos, 3 Te Deum, 10 hinos, 4 sequências e 22 obras para a Semana Santa. Estas composições continuaram a ser cantadas após sua morte; parece que até 1910, quando o velho templo da Sé foi destruído, elas eram executadas em São Paulo. No interior do estado foram encontradas cópias em diferentes lugares, por exemplo, em Porto Feliz. Manoel José Gomes, pai do compositor campineiro Carlos Gomes, copiou 22 obras de Silva Gomes; esses manuscritos se acham guardados no Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas (CCLA)."

[MONTEIRO, Donald Bueno. Música Religiosa no Brasil colonial. FIDES REFORMATA XIV, Nº 1 (2009): 75-100. Disponível em: <https://cpaj.mackenzie.br/wp-content/uploads/2020/01/4-M%C3%BAsica-Religiosa-no-Brasil-Colonial-Donald-Bueno-Monteiro.pdf>. Acesso em: 19 Jul. 2020.]

 

Segundo Castagna, Silva Gomes elaborou "Arte explicada de contraponto e seus Ofertórios", no início do século XIX, texto teórico sobre as técnicas específicas do estilo antigo.

"A prática musical católica brasileira, nos séculos XVIII e XIX, não foi um fenômeno autóctone e nem desenvolveu técnicas de composição inexistentes na Europa, como poderia ser cogitado, mas esteve condicionada aos padrões europeus, recebendo ou rejeitando repertórios e modificações estilísticas. O estilo antigo foi principalmente assimilado, em São Paulo e Minas Gerais, pela recepção de música européia (principalmente portuguesa) e, em alguns casos, pela atuação de músicos que viveram ou nasceram na Europa, como o português André da Silva Gomes (1752-1844).

Esta comunicação demonstra não ter existido uma unidade estilística na música religiosa praticada em São Paulo e Minas Gerais nos períodos históricos contidos nos séculos XVIII e XIX, ampliando os limites cronológicos das composições preservadas em acervos brasileiros. Paralelamente, conclui-se que é no repertório em estilo antigo - e não em estilo moderno - que podem ser encontradas, em tais regiões, composições anteriores à segunda metade do século XVIII, mas é alta a probabilidade de serem estas originárias da Europa, especialmente de Portugal."

[CASTAGNA, Paulo. O ‘estilo antigo’ no Brasil, nos séculos XVIII e XIX. I COLÓQUIO INTERNACIONAL A MÚSICA NO BRASIL COLONIAL, Lisboa, 9-11 out. 2000. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. p.171-215. UFPR - Universidade Federal do Paraná. Disponível em: <https://docs.ufpr.br/~budasz/CD06.pdf>. Acesso em: 19 Jul. 2020.]

 

Silva Gomes morreu em 17 de junho de 1844, com mais de 90 anos. A Missa Concertada para a Noite de Natal (1823) foi a sua última obra, escrita para a matriz da freguesia de Cotia.

 

 

referências bibliográficas

 

CASTAGNA, Paulo. O ‘estilo antigo’ no Brasil, nos séculos XVIII e XIX. I COLÓQUIO INTERNACIONAL A MÚSICA NO BRASIL COLONIAL, Lisboa, 9-11 out. 2000. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. p.171-215. UFPR - Universidade Federal do Paraná. Disponível em: <https://docs.ufpr.br/~budasz/CD06.pdf>. Acesso em: 19 Jul. 2020.

MONTEIRO, Donald Bueno. Música Religiosa no Brasil colonial. FIDES REFORMATA XIV, Nº 1 (2009): 75-100. Disponível em: <https://cpaj.mackenzie.br/wp-content/uploads/2020/01/4-M%C3%BAsica-Religiosa-no-Brasil-Colonial-Donald-Bueno-Monteiro.pdf>. Acesso em: 19 Jul. 2020.

NOGUEIRA, Lenita W. M. Museu Carlos Gomes: catálogo de manuscritos musicais. Arte & Ciência, 1997.

O FAROL PAULISTANO, número 129, de 12 de julho de 1828.

SOARES, Eliel Almeida. O estudo dos elementos retóricos em André da Silva Gomes. Researchgate, S.D. Disponível em: <https://www.researchgate.net/profile/Eliel_Almeida_Soares/publication/
266617078_O_ESTUDO_DOS_ELEMENTOS_RETORICOS_EM_ANDRE_DA_SILVA_GOMES/links/
54359a120cf2bf1f1f2b34bd/O-ESTUDO-DOS-ELEMENTOS-RETORICOS-EM-ANDRE-DA-SILVA-GOMES.pdf
>. Acesso em: 19 Jul. 2020.

 

 

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