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Centro de São Paulo

Idílio ou o Beijo Eterno

Escultura de William Zadig

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atualizado em: 14 de junho de 2022
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Idílio ou Beijo Eterno, escultura de William Zadig
FOTOGRAFIA: Mônica Yamagawa

 

"Idílio ou Beijo Eterno" é uma escultura de William Zadig, criada em 1920 e implantada na cidade em 1966. Encontra-se atualmente no Largo de São Francisco, em frente a Faculdade de Direito da USP. A escultura foi encomendada pelo Centro Acadêmico Onze de Agosto.

Suas localizações anteriores:

A peça em bronze, tem as seguintes dimensões: 210 cm X 115 cm X 100 cm. Na face lateral inferior da peça, há a assinatura do artista "W. ZADIG" e na placa "Idílio - complemento do monumento Olavo Biac - William Zadig" - a peça é um fragmento do Monumento a Olavo Bilac localizado na antiga Praça Olavo Bilac atual Praça Marechal Cordeiro de Farias.

Outra obra de Zadig no Centro de São Paulo é o busto de João Mendes, localizado na praça de mesmo nome.

William Zadig nasceu em 1884, em Malmo (Suécia) e iniciou sua carreira artística em Paris, participando de vários Salões Oficiais - exposições de arte. Fixou residência em São Paulo em 1912, tornando-se um dos professores do Liceu de Artes e Ofícios. Além da homenagem a João Mendes, criou os seguintes bustos:

O Monumento a Olavo Bilac foi criado em 1922, período em que muitas obras foram encomendadas em comemoração ao Centenário da Independência do Brasil.

"Antes de morrer, o escritor havia se tornado um ídolo dos estudantes do Largo São Francisco. Embora nunca tenha se matriculado no curso de Direito, chegou a frequentar algumas aulas na faculdade por dois ou três anos.

(...)

Quando Bilac morreu, em 1918, um grupo de estudantes quis homenagear o poeta com um monumento público. Para isso, fizeram um financiamento coletivo para bancar o projeto, um conjunto de oito figuras: entre elas, Pátria e Família e O Caçador de Esmeraldas. Já O Beijo Eterno é uma representação de um poema homônimo de Bilac.

O trabalho foi dado ao escultor sueco William Zadig. Na última hora, entretanto, faltou dinheiro para completar as estátuas, mas os alunos da Faculdade de Direito foram socorridos pelo então presidente da Liga Nacionalista, Frederico Vergueiro Steidel. A entidade 'passou o chapéu' no comércio paulistano e em redações de jornais para arrecadar o valor que faltava.''

[MACHADO, Leandro. A história da estátua censurada em São Paulo por mostrar um beijo inter-racial. BBC News | Brasil, 16 Set. 2019. Dispponível em: . Acesso em: 14 jun. 2022.]

 

Como mencionado acima, foi instalado na antiga Praça Olavo BIlac, porém, o monumento foi desmontado e retirado do local em 1936. Somente em 1988 as peças foram retiradas do depósito da prefeitura municipal, porém, desmembradas e instaladas em diferentes logradouros:

 


Idílio ou Beijo Eterno, escultura de William Zadig
FOTOGRAFIA: Mônica Yamagawa

 

Na década de 1960, a escultura chegou a ser retirada em alguns momento do espaço público, considerada por grupos conservadores como "imoral", representando um "acinte ao decoro e aos bons costumes do paulistano" (Machado, 2019).

"Provavelmente, quando assumiu o cargo de prefeito de São Paulo em 1953, Jânio Quadros conhecia a história de O Beijo Eterno, pois ele também havia se formado em Direito no Largo São Francisco, onde a estátua era célebre.

'Em 1956, ao ver a obra parada em um depósito, Jânio decidiu levá-la para o Cambuci, bairro onde ele morava', conta Giselle Beiguelman, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e autora do livro Memória da amnésia: Políticas de esquecimento (Edições Sesc), lançado na semana passada.

Segundo uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo na época, a prefeitura tinha instalado, anos antes, a imagem na entrada do colégio estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros. Mas ela ficou na escola por um brevíssimo período, porque os pais dos estudantes se mobilizaram para retirá-la. Eles diziam que a figura era 'imoral'.

Já no Cambuci, boa parte dos moradores também não ficou nada contente com a presença da escultura. Foi organizado um longo abaixo-assinado para que a obra fosse removida imediatamente do bairro, alegando que ela atentava contra os bons costumes.

O então prefeito, que depois viraria presidente da República, não resistiu à pressão e retirou o monumento das ruas do Cambuci. Censurado, O Beijo Eterno voltou ao depósito da prefeitura, onde não podia ser visto pelo grande público."

[MACHADO, Leandro. A história da estátua censurada em São Paulo por mostrar um beijo inter-racial. BBC News | Brasil, 16 Set. 2019. Dispponível em: . Acesso em: 14 jun. 2022.]

 


Monumento a Olavo Bilac, 1922.
FONTE DA IMAGEM: Oriá, 2021.

 

Não era a primeira vez que o monumento era criticado; de acordo com a pesquisadora Heloísa Barbuy (Machado, 2019), apesar dos elogios em sua inauguração, um periódicos do período - A Gazeta - inciou uma campanha para sua demolição:

"Havia também reclamações pelo fato de o escultor ser estrangeiro, embora Zadig já morasse no Brasil havia anos e fosse casado com uma brasileira. 'Era um momento em que o nacionalismo estava em todas as discussões, inclusive na arte. Havia um sentimento de valorização de aspectos nacionais. A Semana de Arte Moderna de 1922 tinha acontecido havia poucos meses, reafirmando essa característica, mesmo que na época ela não tenha tido a importância que se dá hoje', diz Barbuy.

Por outro lado, o jornal A Gazeta afirmou que O Beijo Eterno não tinha qualquer relação com o famoso poema de Bilac, porque a estátua representava um encontro amoroso entre uma índia e um português, cena que não é citada em nenhum dos 59 versos da poesia.

Essa foi a primeira vez que alguém interpretou a personagem feminina do monumento como uma índia — talvez pelo formato de seu cabelo e por uma faixa ao redor da cabeça. O homem tinha característica caucasiana e, por isso, talvez tenha ganhado a alcunha de europeu.

'Não se tem informação de que o artista queria retratar um beijo inter-racial entre uma índia e um branco, mas foi assim que a obra ficou conhecida. E isso foi tratado de maneira preconceituosa na imprensa. A Gazeta chamou a personagem de 'bugre', uma palavra pejorativa para se referir aos indígenas', diz Barbuy.

(...)

Para Beiguelman, não apenas a cena sexual causou rebuliço, mas o contexto dos personagens. 'Na minha concepção, além dos corpos nus, tinha essa situação de ser um homem branco com uma indígena. Isso era um problema para os padrões morais da época, as pessoas consideravam um relacionamento como esse ofensivo e censurável. A cidade era mais preconceituosa, e as questões de gênero e raça eram mais veladas', diz."

[MACHADO, Leandro. A história da estátua censurada em São Paulo por mostrar um beijo inter-racial. BBC News | Brasil, 16 Set. 2019. Dispponível em: . Acesso em: 14 jun. 2022.]

 


Idílio ou Beijo Eterno, escultura de William Zadig
FOTOGRAFIA: Mônica Yamagawa

 

"Passaram-se dez anos e na gestão do prefeito Faria Lima a estátua Beijo Eterno foi novamente colocada no espaço público, desta vez na entrada do túnel da Avenida 9 de julho. Não tardaria para que os moradores das proximidades do local e, desta vez com o apoio de vereadores, solicitassem a imediata remoção da “estátua indecorosa”. Assim, a polêmica peça escultórica, representada por um casal desnudo, em que uma suposta índia se encontra com seios e nádegas expostos e o europeu com o pênis à mostra, foi novamente parar no depósito municipal.

No entanto, desta feita, a reação veio da parte dos estudantes do Centro Acadêmico XI de Agosto que fretaram um caminhão, invadiram o depósito da Prefeitura e furtaram a estátua de bronze de 400 quilos. A peça Beijo Eterno foi colocada defronte ao prédio principal da Faculdade de Direito, onde até hoje se encontra. O que poderia ser considerado um ato de vandalismo, na verdade, foi uma tentativa dos estudantes de se apropriar de um objeto que fazia parte de um monumento histórico e que contou com uma campanha de financiamento por eles realizada. Os alunos ainda fizeram uma ameaça: se a estátua fosse retirada do Largo São Francisco, iriam cobrir com tecidos outras esculturas de pessoas nuas que se encontravam em espaços públicos da cidade."

[ORIÁ, Ricardo. O beijo censurado. iBDCult, 5 Mai. 2021. Disponível em:<https://www.ibdcult.org/post/o-beijo-censurado> . Acesso em: 14 Jun. 2022.]

 

 

FOTOGRAFIAS: 1966/Acervo UH/Folha Imagem, 1966/Acervo UH/Folha Imagem e Evanir R. Silveira - jul.84/Folha Imagem
FONTE DA IMAGEM: Almanaque da Folha
 

Idílio ou o Beijo Eterno, escultura de William Zadig
FOTOGRAFIAS: Mônica Yamagawa

 

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YAMAGAWA, Mônica. Idílio ou o Beijo Eterno, escultura de William Zadig - Dicionário do Centro de São Paulo. Moyarte. Disponível em: <http://www.moyarte.com.br/centro-de-sao- paulo/dicionario-do-centro-de-sao-paulo/ indice-dicionario.html>. Acesso em: 25 Jan. 2022. [Em "Acesso em", indicar a data de consulta, data de acesso ao site].

 

 

referência bibliográficas

ALMANAQUE DA FOLHA. Disponível em: <http://almanaque.folha.uol.com.br/monumento_beijo.htm>. Acesso em: 14 Jun. 2022.

ESCOBAR, Miriam. Esculturas no Espaço Público em São Paulo. São Paulo: CPA – Consultoria de Projetos e Artes, 1998.

MACHADO, Leandro. A história da estátua censurada em São Paulo por mostrar um beijo inter-racial. BBC News | Brasil, 16 Set. 2019. Dispponível em: . Acesso em: 14 jun. 2022.

OBRAS DE ARTE EM LOGRADOUROS PÚBLICOS DE SÃO PAULO REGIONAL SÉ. São Paulo: Prefeitura Municipal de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, Departamento do Patrimônio Histórico - Divisão de Preservação, 1987.

ORIÁ, Ricardo. O beijo censurado. iBDCult, 5 Mai. 2021. Disponível em:<https://www.ibdcult.org/post/o-beijo-censurado> . Acesso em: 14 Jun. 2022.

 

 

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