Em 1893 a administração do jardim foi transferida do estado para o município. O prefeito Antonio da Silva Prado nomeou Antonio Etzel como administrador do Jardim, cargo que ocupou até sua morte em 1930.
Etzel desenhou um novo traçado ao Jardim, com uma rua circular contendo grandes gramados e adornado com jaqueiras; árvores antigas foram reaproveitadas, criando alguns bosques e também foi implantado no local um mini zoológico.
O espaço do jardim foi reduzido em 1895, com a doação de parte do terreno para a construção da Escola Modelo Prudente de Moraes.
Posteriormente, no começo do século XX:
"o Jardim da Luz sofreu uma grande transformação. O prefeito Antônio Prado achou-o muito provinciano, e então o Jardim passou a ter canteiros artísticos, à moda inglesa, ostentando flores mais aristocráticas, aves, etc. O seu coreto data de 1902, com projeto do engenheiro Maximiliano Hehl. Num recanto do Jardim viam-se dois cedros, procedentes da floresta de Bussaco, nos arredores de Coimbra, e ali plantandos em 1910; também nesse ano foi inaugurado o busto de Giuseppe Garibaldi, em um dos lados da avenida principal do Jardim."
[PORTO, Antônio Rodrigues. História da cidade de São Paulo através de suas ruas. 2ª. Edição. São Paulo: Carthago, 1996, p.115-116.]
Sobre os animais, Eduardo Etzel, filho de Antonio e irmão de Arthur (este, com a morte do pai, assumiu o cargo e passou a morar na Casa do Administrador), em seu livro “Um Médico do Séc. XX Vivendo Tranformações” descreveu:
“Construíram-se dois grandes cercados para veados de duas raças distintas, (...) o viveiro dos macacos, com um famoso e terrível macaquinho albino, Martinho, e o cercado dos patos e aves exóticas, com capivaras, pacas e cutias, e algumas jaulas com o lobo brasileiro (guará), o urubu-rei e a águia, além de um viveiro de passarinhos.”
[Trecho do livro “Um Médico do Séc. XX Vivendo Transformações”, de Eduardo Etzel. IN: A CASA DO ADMINISTRADOR: PARQUE JARDIM DA LUZ. Prefeitura Municipal de São Paulo, Mar. 2008. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/livro_casa_luz_ 1253304415.pdf>. Acesso em: 27 Set. 2017.]
Por volta de 1900, Jorge Americano registrou em suas memórias dos concertos no jardim do Palácio do Governo, segundo o mesmo, a Banda da Força Pública dava dois concertos por semana na cidade: às quintas-feiras, no Jardim do Palácio e aos domingos, no Jardim da Luz.
Em 1901, foram constrúidos a Casa do Administrador e a Casa de Chá (ou Ponto Chic), que tornou-se o ponto de encontro da elite paulista.
Eduardo Etze também contou um pouco como essa a residência, nesse caso, as dependências externas:
“No quintal de nossa casa havia um barracão com uma parte para depósito de madeira e outra para a carpintaria, onde o carpinteiro, Celso Somadoci, fazia as escadas de pinho de riga para os podadores, amolava machados na pedra de amolar movida por ele mesmo à mão e afiava serrotes para a poda das árvores. Fazia ainda as carrocinhas e os carrinhos usados pelos operários.
O portão alto de nossa casa, que dava para a rua Ribeiro de Lima, estava dividido em duas partes. Numa ficava o almoxarifado, onde se guardavam as ferramentas novas e apetrechos da repartição. No outro lado era o escritório, onde meu irmão Arthur fazia as folhas de pagamento, as plantas dos jardins e praças, os ofícios para o Prefeito e onde, por ocasião dos pagamentos, distribuía os envelopes com o salário de cada operário. Assim era constituída nas primeiras décadas deste século [XX] a administração dos jardins: o Administrador, o ajudante, alguns feitores e a turma de operários, quase todos imigrantes italianos e portugueses”
[Trecho do livro “Um Médico do Séc. XX Vivendo Transformações”, de Eduardo Etzel. IN: A CASA DO ADMINISTRADOR: PARQUE JARDIM DA LUZ. Prefeitura Municipal de São Paulo, Mar. 2008. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/livro_casa_luz_ 1253304415.pdf>. Acesso em: 27 Set. 2017.]
Na década de 1930, com a morte de Antonio Etzel, seu filho Arthur Etzel foi convidado para ser o novo encarregado e mudou-se com a família para a Casa do Adminitrador dentro do jardim. Uma de suas netas, que morou no local, descreveu alguns detalhes da residência:
"Éramos sete netos e aproveitamos muito a casa, o cercadinho na frente, onde vovô colocou uma casa de boneca, escorregador e gangorras. O porão era o escritório do vovô, um paraíso para os netos porque tinha tudo o que crianças gostam (livros de flores, plantas exóticas, máquinas, relógios e tranqueiras). Brincávamos de esconde-esconde nas camélias, pegador, fazíamos passeios até o coreto, aos lagos, ao aquário, ao roseiral, andávamos de bicicleta vendo os fotógrafos lambe-lambe tirando fotos das pessoas."
[Trecho do livro “Um Médico do Séc. XX Vivendo Transformações”, de Eduardo Etzel. IN: A CASA DO ADMINISTRADOR: PARQUE JARDIM DA LUZ. Prefeitura Municipal de São Paulo, Mar. 2008. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/livro_casa_luz_ 1253304415.pdf>. Acesso em: 27 Set. 2017.]
A restauração da edificação foi realizada entre dezembro de 2006 e julho de 2007:
"Este Projeto preconizou também a manutenção dos acréscimos coerentes com o conjunto da construção original, ocupada por duas gerações da família Etzel (cômodo utilizado como o terceiro dormitório e o conjunto de cômodos com usos definidos de cozinha, banheiro e despensa).
Ao mesmo tempo, optou-se por demolir alterações volumétricas mais contemporâneas, que descaracterizavam a harmonia plástica desta edificação (a saber, a ampliação do cômodo, utilizado como sala de refeições das crianças e do conjunto de cômodos na fachada dos fundos, representados por uma lavanderia, ampliação da cozinha e do sanitário da casa).
(...)
A pintura nas esquadrias e as pinturas murais existentes em cômodos do térreo e do porão encontravam-se encobertas por diversas camadas de tintas. Inclusive três padronagens decorativas, existentes tanto no térreo como no porão, foram prospectadas e estudadas de forma conclusiva, passando então por processo de restauro e reintegração que devolveu a alguns ambientes internos padrões pictóricos representativos do início do século XX. Os estudos cromáticos das pinturas dos elementos de madeira e das fachadas externas subsidiaram as definições das cores que foram adotadas, similares às originais."
[A CASA DO ADMINISTRADOR: PARQUE JARDIM DA LUZ. Prefeitura Municipal de São Paulo, Mar. 2008. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/livro_casa_luz_ 1253304415.pdf>. Acesso em: 27 Set. 2017.]
YAMAGAWA, Mônica. Casa do Administrador, Jardim da Luz - Dicionário do Centro de São Paulo. Moyarte. Disponível em: <http://www.moyarte.com.br/centro-de-sao- paulo/dicionario-do-centro-de-sao-paulo/ indice-dicionario.html>. Acesso em: 25 Jan. 2022. [Em "Acesso em", indicar a data de consulta, data de acesso ao site].
A CASA DO ADMINISTRADOR: PARQUE JARDIM DA LUZ. Prefeitura Municipal de São Paulo, Mar. 2008. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/livro_casa_luz_ 1253304415.pdf>. Acesso em: 27 Set. 2017.
PORTO, Antônio Rodrigues. História da cidade de São Paulo através de suas ruas. 2ª. Edição. São Paulo: Carthago, 1996.
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