Segundo Antônio Egydio Martins, "Califórnia" era o nome do estabelecimento comercial, da cocheira, localizada entre a Rua e a Ladeira do Carmo, que pertencia a Joaquim Marcelino da Silva - o endereço da Ladeira do Carmo foi mencionado em um anúncio sobre a entrega de um escravo que fugiu em 1871 [DIARIO DE S.PAULO, n.1755, 15 Ago. 1871]. Esse endereço também foi indicado no anúncio de 1858:
O nome "Califórnia" também apareceu como o de uma chácara que pertenceu à Joaquim Marcelino e foi vendida para Angelo Fenilli. A propriedade, de 3335 metros, era conhecida como Sítio Aricanduva ou Chácara Califórnia, com a seguinte descrição:
"(...)terreno denominado 'Califórnia' que divide pelo lado esquerdo com terrenos pertencentes ao Conselheiro Carrão, pelo lado direito com terrenos da Companhia Estrada de Ferro do Norte, e pelos fundos com um ribeirão sem nome."
[CORREIO PAULISTANO, n.30397, 13 Mai. 1955.]
De acordo com Egydio Martins, Marcelino da Silva possuía um sítio na Freguesia da Penha, onde chegou a cultivar uva - a descrição da "Chácara Califórnia" que pertenceu à Joaquim Marcelino, incluía "plantações, parreiras", porém, a localização mencionada para essa chácara era o "Braz" e não a Penha. [CORREIO PAULISTANO, n.30397, 13 Mai. 1955.].
O nome da chácara, "Califórnia", a produção de vinhos e o endereço na Rua do Carmo foram mencionados no anúncio de 1875:
Segundo dados das crônicas de Antônio Egydio Martins, "São Paulo Antigo 1554 a 1910", Joaquim Marcelino da Silva era um dos sócios fundadores da Sociedade Portuguesa de Beneficência, seu nome constava no exemplar dos primeiros estatutos, datados de 20 de novembro de 1859 e impressos no ano seguinte (1860). Segundo dados publicados no Correio Paulistano de 1855, ele foi um dos acionistas do banco hypothecario de S.Paulo, possuindo na época 20 ações da instituição - [CORREIO PAULISTANO, n.165, 13 Jan. 1855].
Sobre as cocheiras, mencionadas no primeiro parágrafo, segundo dados publicados no artigo de Eudes Campos, o conhecido como Barracão do Carmo, "era uma edificação de caráter utilitário, erguida entre 1836 e 1838 na esquina da rua do Carmo com a ladeira do mesmo nome, para servir de mercado municipal" e foi arrendada em 1857, por 15 anos por Joaquim Marcelino da Silva, para manter suas cocheiras e cavalariças - e esse contrato foi prorrogado por mais 10 anos:
Na década de 1850, Joaquim Marcelino, também, comercializava materiais têxteis:
Outro empreendimento de Joaquim Marcelino da Silva era o de providenciar alimentação para os presos:
Com a cocheira localizada no Barracão do Carmo, Joaquim Marcelino prestava serviços de transporte, como:
Além de soldados, Joaquim Marcelino também era responsável pelo transporte dos mortos para o Cemitério da Consolação:
Após anos trabalhando para o transporte de corpos para o Cemitério da Consolação, em 1903 foi publicado no Correio Paulistano, uma ordem da prefeitura, dando o prazo de 30 dias para que fossem limpos e concertados os túmulos existentes no Cemitério da Consolação, erguidos sobre os terrenos perpétuos de vários moradores, entre eles, na lista, constava o nome de Joaquim Marcelino da Silva - [CORREIO PAULISTANO, n.14330, 10 Jul. 1903].
Como outros negociantes, Joaquim Marcelino da Silva também posuía escravos: segundo nota de 1871, entre os dias 17 e 18 de julho, seu escravo Henrique foi preso em São Paulo - a nota não informa detalhes dos motivos. [DIÁRIO DE S.PAULO, n.1734, 21 Jul. 1871]. Seu nome também foi mencionado na lista dos que deixaram de pagar o imposto predial entre 1877 e 1878: devendo um valor de 69$600 - [JORNAL A TARDE, n.38, 14 Dez. 1879].
Nota sobre uma disputa de propriedade (publicadas em 1955) informava que Joaquim Marcelino da Silva, em maio de 1882 era casado com D. Sofia Rufina de Oliveira e seus herdeiros eram: Carlos, Luiz, Anselmo, Fortunata, Francisco, Angelina e Natalina - [CORREIO PAULISTANO, n.30397, 13 Mai. 1955]. Outros dados sobre as atividades "sociais" de Joaquim Marcelino:
YAMAGAWA, Mônica. Joaquim Marcelino da Silva - História do Comércio do Centro de São Paulo. Moyarte. Disponível em: <http://www.moyarte.com.br/centro-de-sao-paulo/historia-do-comercio /indice-historia-comercio.html>. Acesso em: 28 Nov. 2021.
[Em "Acesso em", indicar a data de consulta, data de acesso ao site].
CAMPOS, Eudes. A cidade de São Paulo e a era dos melhoramentos materiaes: Obras públicas e arquitetura vistas por meio de fotografias de autoria de Militão Augusto de Azevedo, datadas do período 1862-1863. Anais do Museu Paulista, n.15, Jun. 2007. Scielo. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/anaismp/a/KrDTV6HCBwksmNbSZPvgZqp/?lang=pt>. Acesso em: 28 Nov. 2021.
CORREIO PAULISTANO, n.165, 13 Jan. 1855.
CORREIO PAULISTANO, n.411, 24 Abr. 1856.
CORREIO PAULISTANO, n.492, 13 Fev. 1857.
CORREIO PAULISTANO, n.644, 18 Mar. 1858.
CORREIO PAULISTANO, n.1881, 14 Ago. 1862.
CORREIO PAULISTANO, n.2573, 20 Dez. 1864.
CORREIO PAULISTANO, n.2786, 10 Set. 1865.
CORREIO PAULISTANO, n.3099, 22 Set. 1866.
CORREIO PAULISTANO, n.3321, 26 Jun. 1867.
CORREIO PAULISTANO, n.5597, 26 Mai. 1875.
CORREIO PAULISTANO, n.14330, 10 Jul. 1903
CORREIO PAULISTANO, n.30397, 13 Mai. 1955.
CORREIO PAULISTANO, n.30919, 17 Jan. 1957.
CORREIO PAULISTANO, n.32683, 21 Out. 1962.
DIÁRIO DE S.PAULO, n.95, 24 Nov. 1865.
DIÁRIO DE S.PAULO, n.1734, 21 Jul. 1871
DIARIO DE S.PAULO, n.1755, 15 Ago. 1871.
DIÁRIO DE S.PAULO, n.2362, 6 Set. 1873.
JORNAL A TARDE, n.38, 14 Dez. 1879.
MARTINS, Antonio Egydio. São Paulo Antigo – 1554 a 1910. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
O PIRATININGA, n.36, 20 Nov. 1849.
O YPIRANGA, n.14, 17 Ago. 1867.
REGISTRO GERAL DA CÂMARA DA CIDADE DE SÃO PAULO (SP) - 1854-1855-1856.
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