Os primeiros registros sobre as solicitações dos moradores, em favor da construção de uma igreja matriz em São Paulo, foram inscritas na ata da câmara, em 7 de fevereiro de 1588. Os vereadores decidiram atender o pedido da população e Luis Alvares e Domingos Luís - provavelmente, o mesmo responsável pela Igreja de Nossa Senhora da Luz -, foram designados para erigir o templo.
A primeira Igreja Matriz da Sé começou a ser construída no final do século XVI, mas,
"em 1600 a matriz não estava pronta e foi na sessão de 25 de abril desse ano que a Câmara apelou para o povo: que começasse, com seus escravos, 'as taipas da igreja', uma vez que não se encontravam 'índios para esse serviço' ".
[ARROYO, Leonardo, DANON, Diana Dorothèa. Memórias e Tempo das Igrejas de São Paulo. São Paulo: Editora Nacional / EDUSP, 1971, p. 5].
As dificuldades pela falta de mão de obra continuaram e somente em 1602, as bases da matriz ficaram prontas; nesse mesmo ano, em 29 de julho, a câmara municipal constituiu uma comissão formada por Bras Estêves, Bartolomeu Bueno e Domingos Afonso com o objetivo de verificar se as paredes erigidas suportariam o madeiramento da cobertura. Em 1609, na sessão de 1 de novembro o procurador da câmara informava que " 'a igreja matriz estava levantada e que lhe não faltava mais que janelas e portas' " [ARROYO; DANON; 1971, p. 5]. A sua conclusão ocorreu por volta do século XVII, segundo Arroyo e Danon (1971), a partir de 1612 não há referências nas atas da câmara, provavelmente, concluída e sendo utilizada pela população.
Porém, por volta de 1745, data em que foi criado o bispado de São Paulo, a edificação, pela falta de manutenção já se encontrava arruinada, tanto que em 8 de dezembro de 1746, o primeiro bispo de São Paulo, Dom Bernardo Rodrigues fez sua entrada solene, na Igreja de São Pedro. Assim sendo, um novo templo foi construído no mesmo local e é mencionada por Alfredo Moreira Pinto, em sua obra "A cidade de São Paulo em 1900":
"É a segunda igreja que foi edificada no mesmo local da primeira matriz. Foi começada a cosntrução a custa de esmolas dos fiéis, a 5 de abril de 1745, sobre a direção do último vigário colado da paróquia, Matheus Lourenço de Carvalho, em cuja administração, já como arcediago da diocese, no ano de 1754, foi construído o frontespício. (...) por alvará de 20 de fevereiro de 1756 foi concedida a quantia de trinta mil cruzados dos cofres reais para a re-edificação com as atuais proproções.
(...)
Fica no largo da Sé ao lado da igreja de S. Pedro.
A frente apresenta um aspecto sombrio e triste; é baixa e sem arquitetura.
Tem quatro janelas, uam torre do lado direito e abaixo desta um relogio.
Seu interior é modesto.
Na capela-mor tem seis tribunas, dois camarins e um altar com um quadro representando N.S. da Conceição e aos lados S.Pedro e S.Paulo. Aí ficam 18 cadeiras para os cônegos do cabido e 14 para os capelães.
No corpo da igrea, cujo teoto é ricamente pintados por Alemida Junior, existem cinco tribunas, dois pulpitos e cinco altares de N. S. das Dores, S. João Nepomuceno, S.Miguel, Coração de Jesus e da Sagrada Família.
Adeante deste ultimo altar fica a rica capela do Santíssimo Sacramento com um altar e sobre este um painel representado a Augusta Trindade Divina e seis tribunas.
A um dos lados da igreja fica a sacristia com um altar e nele a imagem de Sant'Anna."
[PINTO, Alfredo Moreira. A cidade de São Paulo em 1900. Coleção Paulística. Volume XIV. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1979, p. 31-32.]
Essa segunda edificação foi demolidade em 1913.
Com o crescimento populacional e o desenvolvimento econômico de São Paulo, começaram as discussões, a partir do final do século XIX, sobre a construção de uma nova catedral que "expressasse a importãncia da cidade" [SAIA; PIRES: 1997, p.116].
Em 1912, após reunião com os moradores locais, o arcebispo D. Duarte Leopoldo e Silva constituiu uma comissão para arrecadar fundos para a construção de um novo templo para a cidade.
Após negociações entre a Mitra e a Câmara Municipal, em abril de 1913, foi registrada em escritura pública o endereço da nova catedral paulistana: a área entre as ruas Marechal Deodoro e Capitão Salomão (os dois logradouros não existem mais, foram incorporados a atual Praça da Sé).
O projeto para o novo templo ficou a cargo de Maximiliano Hehl e as construções levaram mais de 40 anos,
"principalmente pelas dificuldades criadas por suas enormes dimensões: uma nave central de mais de 1.600 metros quadrados, duas torres forntais com 97 metros de altura e uma grande cúpula reforçada por contrafortes aparentes com elementos decorativos. A magnitude da Sé é de tal monta que sua nave central, acrescida das laterais, pode abrigar cerca de oito mil pessoas."
[SAIA, Helena, PIRES, Walter. Da capela à metrópole. São Paulo: São Paulo Imagem Data, 1997, p. 116.]
Segundo Arroyo e Danon (1971), a catedral mede 11 metros de comprimento por 46 metros de largura. Na cripta estão as câmaras mortuárias dos bispos de São Paulo; dois conjuntos de esculturas de Francisco Leopoldo - Jó e São Jerônimo -; o mausoléu de Tibiriçá (chefe dos guaianases) e de Feijó (ministro da justiça e regente do Império) - conjunto de bronze de Cucê.
Em 1954, a catedral foi inagurada, incompleta, para as comemorações do IV Centenário da Fundação da Cidade de São Paulo.
Segundo Leonardo Arroyo, em sua obra "Igrejas de São Paulo", as quatro esculturas do lado direito da porta de entrada da Catedral da Sé, são imagens dos evangelistas: São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João. Os escritos de São Mateus, São Marcos e São Lucas, apresentam Jesus como uma personagem humana que se destaca pelas ações milagrosas, já o Evangelho de João descreve um Jesus como um Messias com um carácter divino, que traz a redenção absoluta ao mundo. As do lado esquerdo estão os profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel "recordando o judaísmo nas figuras históricas que predisseram a vinda do Messias" [AMARAL: 2006, p. 168-169] . As oito esculturas foram modeladas por F. Frick.
A primeira "Praça da Sé" não passava de um largo em frente à Antiga Igreja Matriz de onde partiam as Ruas Direita e do Rosário (atual Rua 15 de Novembro).
Em 1911, foram demolidas a Igreja de São Pedro (no local, atualmente, encontra-se o Edifício da Caixa Econômica Federal), a Antiga Igreja da Sé e eliminados dois quarteirões para a criação da segunda praça e a construção de uma nova catedral para a “capital do café”, construção essa que se estendeu por vários anos, até a década de 1950, quando novos projetos de reurbanização do espaço foram elaborados visando às comemorações do IV Centenário de São Paulo (1954).
Na década de 1970, com a construção do metrô, o Palacete Santa Helena e o quarteirão que separava as Praças da Sé e Clóvis Bevilácqua foram eliminados e a união da área gerou a atual Praça da Sé, com suas esculturas e seus espelhos d’água.
AMARAL, Antonio Barreto do. Dicionário de história de São Paulo. São Paulo: IMESP, 2006.
ARROYO, Leonardo, DANON, Diana Dorothèa. Memórias e Tempo das Igrejas de São Paulo.São Paulo: Editora Nacional / EDUSP, 1971.
LAGO, Pedro Corrêa do. Militão Augusto de Azevedo: São Paulo nos anos 1860. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria / Editora Capivara, 2001.
PINTO, Alfredo Moreira. A cidade de São Paulo em 1900. Coleção Paulística. Volume XIV. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1979.
PONTES, José Alfredo Vidigal. São Paulo de Piratininga: de pouso de tropas a metrópole. São Paulo: O Estado de S. Paulo / Terceiro Nome, 2003.
SAIA, Helena, PIRES, Walter. Da capela à metrópole. São Paulo: São Paulo Imagem Data, 1997.
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