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Centro de São Paulo

Casa de Jules Martin

Victor Jules André Martin

Imperial Lithographia de Jules Martin

largo do rosário
rua da constituição (1877)
rua de são bento, 37 (1877 - 1878)

história do comércio do centro de são paulo

atualizado em: 22 de abril de 2021

 

home > história do comércio > Casa de Jules Martin - Imperial Litografia

 

"Cri-Cri

POLKA PARA PIANO

Vende-se em casa de Jules Martin á rua de S.Bento n.37 a (?)$000 rs. o exemplar"

[CORREIO PAULISTANO, n. 6055, 31 Dez. 1876.]

 

[CORREIO PAULISTANO, n.6055, 31 Dez. 1876.]

 

 

Jules Martin

Os escritos selecionados para este livro apresentam a cidade de São Paulo no momento de transição entre a pequena vila dedicada à subsistência e a prosperidade decorrente do cultivo do café. São escritos diversos, como memórias, depoimentos, evocações, peças de teatro, que procuram reconstituir os contornos da cidade e de sua província. Os variados depoimentos oferecem um quadro da vida paulista, observada a partir de diversos ângulos e interesses, e deles emerge uma visão abrangente do cotidiano na cidade e no campo, observado por contemporâneos que o vivenciaram. A coletânea conta com textos de Aluísio de Almeida, D. Maria Paes de Barros, o Diário da Princesa Isabel, duas peças de teatro de autores paulistas, acompanhados de comentários d e especialistas, e de um levantamento iconográfico de autoria do organizador, composto de desenhos e aquarelas de viajantes que aqui estiveram na primeira metade do século XIX.Segundo Antônio Barreto do Amaral (2006), Jules Victor André Martin, foi cartógrafo, desenhista, litógrafo e construtor. Nasceu na França, em Montiers, em 26 de fevereiro de 1832.

Estudou Belas Artes em Marselha e trabalhou em Paris, no Ateliê de George Schlater (1852). Veio para o Brasil em 1868, trabalhou com o irmão Pierre e Fracisco de Paula Xavier de Toledo no interior de São Paulo, onde montaram uma máquina para beneficiar algodão. Ainda nesse setor, tentou obter a patente da criação de um equipamento que aproveitava as sementes desperdiçadas no beneficiamento do algodão (uma prensa para extração de óleo das sementes).

Após um acidente com seu filho (ele perdeu seu braço esquerdo), resolveu mudar de profissão e mudou-se para São Paulo (1869), onde abriu um curso de desenho e pintura e lecionou em vários colégios da capital.

Por ocasião dos 450 anos de São Paulo, em janeiro de 2004, pareceu oportuno à Capivara Editora reeditar este livro, publicado originalmente em 1998 e cujas sucessivas tiragens se esgotaram em pouco tempo. Excetuando-se a atualização de alguns dados, o autor não modificou seu texto, a não ser no capítulo específico de Pallière, para a inclusão de um óleo sobre tela pintado em 1821, descoberto por Pedro Corrêa do Lago, e que hoje é considerada a mais importante imagem da iconografia paulistana do século XIX.Montou a primeira oficina litográfica da Província de São Paulo em 1870/1871, a "Lithographia Franceza", posteriormente batizada de "Imperial Lithographia de Jules Martin", em homenagem ao imperador Dom Pedro II que visitara o estabelecimento. Aliás, o uso do título "Imperial", foi concedido em uma carta imperial datada de 30 de outubro de 1875. No estabelecimento era impresso o períódico satírico e ilustrado "O Photographo" - lançado em 6 de fevereiro de 1875 - editado por Jules Martin.

"Manteve, desde o início da década de 1870, uma intensa produção de imagens sobre a cidade e muito mais. Suas estampas registraram surpreendentemente eventos no interior do Estado, como o início dos trabalhos da linha férrea ituana em Salto, em 1871; aa inauguração da linha férrea para Sorocaba e da estação da linha Paulista, em 1872, entre tantas e tantas outras. Em algumas delas, a imprensa registrou sua presença para tomar anotações das cenas como base para as imagens."

[MENDES, Ricardo. São Paulo e suas imagens. IN: CADERNOS DE FOTOGRAFIA BRASILEIRA: SÃO PAULO 450 ANOS. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2006, p. 403.]

 

Dois anos depois, em 1872, no antigo Largo do Rosário, abriu um escritório, onde os clientes faziam encomendas de impressos litográficos. Martin também mantinha nesse endereço um depósito dos produtos da olaria Bom Retiro. Posteriormente, esse escritório passou a funcionar na Rua São Bento n. 37 (em dezembro de 1876, um anúncio no Correio Paulistano já registrava esse novo endereço).

[CORREIO PAULISTANO, n.5761, 21 Dez. 1875.]

 

Segundo Corrêa do Lago (2003), Martin era depositório das imagens produzidas por Marc Ferrez, utilizando os registros do fotógrafo para exposições em 1880 e litografias publicadas no periódico "Ilustração Paulista". Entre 1863 e 1887, seu estabelecimento produziu diversos registros importantes para a história iconográfica de São Paulo, entre elas, uma das mais conhecidas é a "Vista Geral da Imperial Cidade de S. Paulo, c. 1875":


Vista Geral da Imperial Cidade de S. Paulo, c. 1875, litogravura de Jules Martin.
FONTE: Brasiliana Iconográfica / LAGO, 2003.

 

Ainda de acordo com Corrêa do Lago (2003), a litogravura de Jules retrata

"os melhoramentos trazidos à cidade pela administração reformadora de João Teodoro, entre os quais a Ilhas dos Amores, à direita da Ponte do Carmo, uma pequena ilha fluvial no Tamanduateí, ajardinada pela administração provincial, que abrigava o quiosque visível um pouco à direita. A família que observa a cena escolheu o ponto de vista clássico do século XIX, sobre a Várzea do Tamanduatéi, cortada desde 1867 pela estrada de ferro, da qual se vê claramente na composição do primeiro plano."

[LAGO, Pedro Corrêa do. Iconografia paulistana do século XIX. São Paulo: Capivara, 2003, p.170.]

 

"O panorama da capital paulista, em formato oval, encimado pelas armas do império, traz uma vista da cidade do ponto de observação mais tradicional da época: a várzea do Carmo. Em primeiro plano, um casal - o homem portando uma luneta - e duas crianças. Muito descritiva, a imagem mostra aaas igrejas na colina central. No aterrado, fileiras de árvores já marcam os caminhos correspondentes às ligações com as ruas do Gasômetro e a avenida Rangel Pesqtana. Em plano intermediário, entre o casal e a paisagem de fundo, trilhos da ferrovia indicariam a posição provável dos observadores, com a devida licença poética adotada para a representação espacial. A mesma licença é empregada na disposição das ruas que acessam a colina e nos desenhos detalhados de alguns edifícios."

[MENDES, Ricardo. São Paulo e suas imagens. IN: CADERNOS DE FOTOGRAFIA BRASILEIRA: SÃO PAULO 450 ANOS. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2006, p. 403.]

 

[DIÁRIO DE S.PAULO, n.3619, 12 Jan. 1877.]

 

MAPPA DA CAPITAL DA P.cia DE S. PAULO seos Edifícios publicos, Hoteis, Linhas ferreas, Igrejas Bonds Passeios, etc. publicado por Fr.do de ALBUQUERQUE e JULES MARTIN em 1877
FONTE: Arquivo HIstórico Municipal Washington Luís

 


[LISBOA, José M. Almanach Litterario Paulista para 1877. São Paulo: Typographia da Província, 1876. ]

 

Jules Martin foi responsável pelo desenho e litografia do mapa de São Paulo de 1877, elaborado Fernando de Albuquerque - de acordo com os pesquisadores do Arquivos Histórico Municipal, esse é o nome correto do engenheiro e não Frederico ou Francisco como aparecem nas publicações do IV Centenário -. Além deste, Jules Martin também publicou

"vários outros mapas importantes na época, tais como a carta ilustrada da Província de São Paulo, de 1875, com vistas das estações das estradas de ferro paulistas mais importantes; a planta da cidade de Santos, de 1878, feita nos moldes da planta paulistana ilustrada do ano anterior, e a planta da Capital paulista, de 1890 (...). Mapas litografados tanto em formato de bolso, em encadernação portátil, para fins turísticos, como para serem pendurados em paredes."

[CAMPOS, Eudes. 1877 - Planta n.8 - Mappa da Capital da P.Cia. de S. Paulo. Informativo Arquivo Histórico Municipal. Ano 4, n.20, Set. / Out. 2008. Disponível em: <http://www.arquiamigos.org.br/info/info20/i-1877.htm>. Acesso em: 21 Abr. 2021.]

 

Em suas pesquisas, Simões (2004), menciona que Jules Martin, em 1877, possuía uma loja, um ateliê na Rua da Constituição - o endereço mencionado foi impresso na Revista Industrial de 1900.

[JORNAL DA TARDE, n.5, 10 Nov. 1878.]

 

Em 1878, em nota publicada no Jornal da Tarde,

"O sr. Jules Martin nos communicou hoje que acaba de contratar um habil abridor-desenhista de Paris , no intuito de poder executar tudo quanto pode ser reproduzido em lithographia."

[JORNAL DA TARDE, n.9, 14 Nov. 1878.]

 

Era possível encontrar produtos variados no estabelecimento de Martin:

[JORNAL DA TARDE, n.35, 10 Dez. 1878.]

 

"Bisnagas - Chegou grande sortimento, por preços baratissimos, em casa de Jules Martin, rua de São Bento, n. 37"

[JORNAL DA TARDE, n.86, 30 Jan. 1879.]

 

[JORNAL DA TARDE, n.90, 3 Fev. 1879.]

 

[JORNAL DA TARDE, n.220, 14 Jun. 1879.]

 

Em 1880, organizou na cidade uma exposição com as imagens de Marc Ferrez e tornou-se seu representante, distribuindo sua produção de imagens sobre o país.





Revista Industrial, criada por Jules Martin, 1900.
FONTE: Mercado Livre / Lenach - Arte, Antiguidades & Décor.

 

Datado de 1900, a "Revista Industrial" foi organizada por Martin para a Exposição Universal (Paris):

"obra de grande dimensões, além de constituir uma das primeiras iniciativas editoriais procurando traçar um perfil do comércio e indústria da cidade, é um surpreendente recorte da cultura material do período. Seja no tocante aos temas - comércio e indústria - em toda a sua diversidade, seja pela presença de fotografias em grandes formatos, postais e outros impressos incorporados ao próprio álbum."

[MENDES, Ricardo. São Paulo e suas imagens. IN: CADERNOS DE FOTOGRAFIA BRASILEIRA: SÃO PAULO 450 ANOS. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2006, p. 405.]

 

Jules Martin faleceu em São Paulo, em 18 de setembro de 1906.

 

 

Viaduto do Chá


2º Projecto do Aterro da Rua Direita ao Morro do Chá, Apresentado por Jules Martin em Abril de 1879.
FONTE: Brasiliana Iconográfica / LAGO, 2003.

 

A litografia acima apresenta o projeto inicial - rejeitado pelo Poder Público - para a travessia do Vale do Anhangabaú: a construção de um aterro, ligando a Rua de Nova de São José - atual Líbero Badaró -, "com lojas de ambos os lados" (PORTO, 1992, p.73), com o riacho do Anhangabaú correndo através da canalização apresentada no centro da imagem. Jules Martin apresentou o projeto

"em abril de 1879, apresentou um novo projeto, em substituição do viaduto por um boulevard e obteve privilégio para esse projeto em 11 de maio de 1882. Em maio de 1885, firmou contrato com o governo provincial para o viaduto. Em 30 de abril de 1888, deu-se o começo às obras sobre a Rua Formosa e, por questão de desapropriação, só em 6 de maio de 1889 é que prosseguiram as mesmas obras."

[MARTINS, Antonio Egydio. São Paulo Antigo – 1554 a 1910. São Paulo: Paz e Terra, 2003, p.166.]

 

De acordo com Porto (1992), o projeto sofreu atrasos devido à resistência do Barão de Tatuí que discordava da demolição de parte de sua casa para a instalação do Viaduto do Chá.

A primeira versão do viaduto tinha 14 metros de largura e 240 metros de comprimento, desses 180 metros eram de ferro e os outros 60 metros eram o aterro sobre a Rua Barão de Itapetininga. A parte metálica chegou em 1890, fora importada de Duisburg (Alemanha), produzida na fábrica Harkot.

Além do Viaduto do Chá, seu nome está presente em vários projetos: mapas da capital paulista, projeto da Avenia Paulista, projeto da estátua de José Bonifácio (O Moço), projeto a estrada de ferro para São Sebastião.

[+] Formigas Vestidas de Jules Martin - Tanajuras

 

 

Alguns dos registros de Jules Martin

As fotos deste livro foram encontrados em meados de 2000, durante uma reforma no Centro de Documentação e Informação do jornal O Estado de S. Paulo, quando um grande volume empacotado com papelão grosso e certamente fechados à décadas foi aberto, revelando seis álbuns encardenados com mais de setessentas fotos de São Paulo entre os anos de 1860 e 1930. justamente a fase de transição de uma acanhada cidade para a metrópole que hoje conhecemos.

 

referência bibliográficas

AMARAL, Antonio Barreto do. Dicionário de história de São Paulo. Coleção Paulística. Volume XIX. São Paulo: Imesp, 2006.

CAMPOS, Eudes. 1877 - Planta n.8 - Mappa da Capital da P.Cia. de S. Paulo. Informativo Arquivo Histórico Municipal. Ano 4, n.20, Set. / Out. 2008. Disponível em: <http://www.arquiamigos.org.br/info/info20/i-1877.htm>. Acesso em: 21 Abr. 2021.

CORREIO PAULISTANO, n.5761, 21 Dez. 1875.
CORREIO PAULISTANO, n. 6055, 31 Dez. 1876.

DIÁRIO DE S.PAULO, n.3619, 12 Jan. 1877.

FREITAS, Affonso Antonio. A imprensa periodica de São Paulo desde os seus primordios em 1823 até 1914. São Paulo: Typ. do "Diario Official", 1915.

JORNAL DA TARDE, n.5, 10 Nov. 1878.
JORNAL DA TARDE, n.9, 14 Nov. 1878.
JORNAL DA TARDE, n.35, 10 Dez. 1878.
JORNAL DA TARDE, n.86, 30 Jan. 1879.
JORNAL DA TARDE, n.90, 3 Fev. 1879.
JORNAL DA TARDE, n.220, 14 Jun. 1879.

LAGO, Pedro Corrêa do. Iconografia paulistana do século XIX. São Paulo: Capivara, 2003.

LISBOA, José M. Almanach Litterario Paulista para 1877. São Paulo: Typographia da Província, 1876.

MARTINS, Antonio Egydio. São Paulo Antigo - 1554-1910. Coleção São Paulo: volume 4. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

MENDES, Ricardo. São Paulo e suas imagens. IN: CADERNOS DE FOTOGRAFIA BRASILEIRA: SÃO PAULO 450 ANOS. São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2006.

PORTO, Antônio Rodrigues. História Urbanística da cidade de São Paulo (1554 a 1988). São Paulo: Carthago, 1992.

SIMÕES JÚNIOR, José Geraldo. Anhangabaú: história e urbanismo. São Paulo: Editora Senac São Paulo / Imesp, 2004.

 

 

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